Diante
de maior safra agrícola de 110 milhões de toneladas
e com perspectivas de crescimentos sucessivos a uma razão
de 10 milhões de toneladas adicionais a cada ano, o
Brasil enfrenta, agora, o desafio de uma adequada armazenagem
e distribuição dos grãos produzidos para
evitar perdas e garantir qualidade ao produto final, inclusive
com criação de certificações de
organismos mundiais visando a segurança alimentar.
A conclusão é do Seminário de conservação
de Grãos que a Kepler Weber, líder na fabricação
de sistemas de armazenagem na América Latina, promove
em Ponta Grossa (PR), nesta segunda-feira (18) e que continua
nesta terça-feira (10), no Hotel Ponta Grossa, para
uma platéia de 200 produtores rurais de região
e que conta com a presença do diretor-comercial, Duílio
de La Corte. Pregamos a crescente conscientização
da necessidade de buscar qualidade e produtividade em toda
a cadeia agroindustrial, afirmou ele.
Para
o consultor da Kepler Weber, Rubem Groff, a complexidade da
agricultura moderna com até três safras anuais
- exige uma adequada estratégia de produção,
transporte, armazenagem e logística para evitar perdas.
Numa defesa apaixonada da secagem de grãos como diferencial
competitivo, Rubem Groff lembrou que o grão é
um ser vivo que merece respeito pela sua nobre missão
alimentar. Argumentou que o órgão precisa ser
colhido no chamou de maturidade fisiológica, ou seja,
maduro, saudável, não contaminado, em maior
quantidade e no seu maior peso para garantir retorno ao produtor.
Lembrou que os grãos percorrem caminhos tortuosos seja
por danos mecânicos na colheita, seja por aquecimento
no caminhão e nas moegas, seja na postergação
da secagem e no manuseio inadequado, fatores determinantes
da qualidade final e das perdas: 8 a 10% do milho produzido
fica na lavoura, enquanto mais de 5% da soja é perdida
na colheita por problemas de umidade. A prática aconselhável
é colher e secar rapidamente o grão antes de
armazenar e vender, diz Groff.
Logística
Tanto
quanto produzir com qualidade crescente, o agronegócio
nacional enfrenta o desafio da distribuição
da supersafra num País das dimensões brasileiras,
especialmente quando se sabe que, historicamente, o modal
dominante é o rodoviário que conta com uma frota
de 1,7 milhão de caminhões, dos quais 1,3 milhão
com mais de 11 anos. Enquanto nos Estados Unidos 28% da produção
de grãos é escoada pelas estradas, 49% pelas
ferrovias e 23% pelas hidrovias, no Brasil a relação
é de 82% por vias rodoviárias, 16% ferroviária
e apenas 2% pelas hidrovias. Os dados foram apresentados pelo
analista de Mercado Agrícola da Vale do Rio Doce, Eduardo
Calleia Junger, para quem a logística, mais uma vez,
será o vilão da história, referindo-se
á consequência previsível da falta de
infra-estrutura básica para o escoamento adequado da
supersafra brasileira, o paradão, numa alusão
ao apagão. A seu ver, o Brasil precisa se preparar
para atender parte importante da demanda mundial de alimentos
estimada em 10 bilhões de toneladas nos próximos
20 anos para uma população que aumentará
em mais 3 bilhões de pessoas.
Para isso, a cadeia do agronegócio terá que
encarar de frente a mais nova exigência do consumidor
mundial que é a dos alimentos certificados. Conforme
Gustavo Faria, gerente técnico da Food Design, consultoria
paulista especializada em sistemas de gestão qualidade
na indústria alimentícia, está em elaboração
e deverá ser anunciada oficialmente no final de 2004
a ISSO 22000 Food Safety, a norma internacional de segurança
dos alimentos a ser exigida nos negócios futuros dos
alimentos a ser exigida nos negócios futuros. O fato,
adianta ele, abrangerá todos os integrantes do agribusiness,
do produtor rural com boas práticas agrícolas
á indústria e o varejista porque envolve higiene,
manipulação, secagem, armazenamento e embalagem.
O processo tende a acelerar em função de exigências.
|