Apesar
de transpostos ano a ano, esses obstáculos fazem parte
de um elenco que aumenta a imprevisibilidade do setor que
poderia ter melhor desempenho, caso tivesse uma política
de longo prazo. Essa ausência é lamentada pelo
presidente da Faesp, Fábio de Salles Meirelles, ao
assinalar que os produtores precisam de uma diretriz permanente
que ofereça segurança e, principalemnte, condições
de planejamento e investimentos. Dentro dessa ótica,
uma atenção especial deve ser dada ao crédito
rural, á assistência técnica e ao seguro,
reivindica. Com relação ao sistema de financiamento,
Meirelles diz que os entraves burocráticos e as exigências,
muitas vezes absurdas, impostas aos produtores na tomada de
recursos, especialmente no tocante ás garantias, têm
diminuído e dificultado, consideravelmente diz que
os entraves burocráticos e as exigências, muitas
vezes absurdas, impostas aos produtores na tomada de recursos,
especialmente no tocante ás garantias, têm diminuído
e dificultado, consideravelmente, a eficácia do principal
instrumento de política agrícola.
De fato, um documento eaborado pela CNA - Confideração
Nacioal de Agricultura e Pecuária, que será
entregue ao governo para servir de subsídio á
montagem do plano de safra desta temporada, corrobora a aformação
e dá um enfoque especial nos transtornos que ocorrem
para ter acesso ao crédito, sobretudo pequenos produtos
produtores.
Dinheiro
não atravessa a porteira
Entre
os vários pontos de estrangulamento são citados
a falta de recursos para custeio e investimento; abusos na
avaliação dos cadastros, pelos bancos; desalinhamento
dos preços mínimos com custos efetivos de produção;
além de problemas nos programas específicos
como Moderfrota, Propasto e afins.
Uma pesquisa feita pela CNA junto aos agricultores aponta
que as dificuldades para o atendimento das propostas diminuíram
para 7% dos entrevistados; para outros 60%, os obstáculos
se mantêm; para os 33% restantes, aumentaram. Além
disso, em algumas linhas de crédito houve até
mais de 60% de reprovação dos pedidos, demonstrado
que somente disponibilizar recursos não resolve o problema.
É preciso, imprescindível, que esse dinheiro
seja canalizado para dentro das porteiras, adverte.
A restrição ao crédito, seja para custeio,
investimento ou comercialização, "força
o produtor a buscar alternativas mais caras de financiamento,
como os contratos de venda antecipada da produção."
O empréstimo junto à agroindústria "embute
a obrigação de aquisição de pacotes
tecnológicos fechados, sobre os quais o agricultor
não possui qualquer liberdade de escolha dos insumos
e, principalmente, sobre os preços, diz o presidente
da Faesp, em boletim publicado pela entidade.
Na mesma linha de raciocínio, defende a realização
de "esforços contínuos" para facilitar
a operacionalização do processo de cessão
de garantias dadas pelos agricultores aos bancos. Além
dos empréstimos, acrescenta, é necessário
que a assistência técnica, "um instrumento
vital", sirva não só ao fomento da produção
e à comercialização mas, também,
"à introdução de progressos e inovações
tecnológicos e gerenciais. Pesquisa e extensão
devem caminhar lado a lado, sempre em contato com o setor
produtivo", observa.
Penhora
da safra para garantia do empréstimo
Neste
sentido, "é imprescindível a revitalização
dos institutos, prejudicados pela falta de apoio das políticas
nacionais e estaduais, principalmente nas duas últimas
décadas", pondera. Nessa rearticulação,
as parcerias com o setor privado "podem ser um passo
importante", sugere.
Também no aspecto político administrativo, a
Faesp se mostra apreensiva, pois "A estabilidade financeira
ainda não está consolidada, a mudança
de governo e o atual panorama mundial trazem muitas incertezas.
Isso porque é imprevisível o comportamento do
mercado, em 2003, o fato que é agravado com a grande
carga de subsídios que outros países destinam
à produção rural."
Para a Faesp, o expressivo aumento da produção,
cerca de112 milhões de toneladas de grãos, não
foi decorrência apenas do aumento da área mas,
também, da ampliação da produtividade,
resultado de investimentos em tecnologia e uso mais eficiente
e intensivo de insumos, pois os produtores se aproveitam desse
"momento virtuoso" para buscar modernizar as estruturas
visando o crescimento inclusive da competitividade.
Levando isso em conta, fecha com a CNA nas reivindicações
para o plano da próxima safra (2003/2004) e pleiteia
do governo uma série de providências como fixar
o penhor da safra como garantia suficiente para obtenção
de crédito para custeio e comercialização.
Na questão dos recursos, solicita uma alocação
mínima de R$ 44 bilhões, contra os R$ 21 bilhões
da temporada anterior.
A CNA sugere a ampliação dos recursos para brancos
cooperativos operarem com crédito rural, manutenção
da atual taxa de juros de 8,75% ao ano, a criação
de um mecanismo ou linha de crédito rotativo que possibilite
a renovação automática do empréstimo
tomado por produtores que estejam com seus compromissos em
dia, fortalecimento dos instrumentos de comercialização,
como o PEP, contratos de opção de mercado futuros,
além de criação da criação
de um programa para adequação produtiva às
normas ambientais, entre outros.
Meirelles ressalta que o setor continua descoberto na área
de seguro "muito importante, essencial para garantir
não só a atividade mas, também, dar tranquilidade
ao produtor no planejamento de seus investimentos." É
necessário, acrescenta, "um sistema efetivo de
seguro rural, que seja implantado de forma rápida,
enfatizando a defesa do agricultor no caso de frustração
de safra e não apenas garantias ao setor financeiro,
como temos observado", conclui.
Paralelamente, em pesquisa conjunta com o centro de Estudos
Avançados em Economia (Cepea-USP), a CNA estima que
o agronegócio deve encerrar 2003 com um produto interno
bruto (PIB) de R$ 428,08 bilhões, contra os R$ 424,3
bilhões do ano passado, ou seja, quase 10% de crescimento.
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