"Estamos
procurando amenizar os impactos causados pêlos altos
custos no processo de produção de carne no Brasil
e para isso a ABCCAN vai atuar com duas diretrizes muito importantes
para conformação de uma raça adaptada
as condições brasileiras. A primeira é
estimular a consciência dos criadores de Canchim para
a importância da produtividade. Buscando cada vez mais
animais precoces, que atinjam as condições ideais
em menos tempo, e rústicos para maior adaptabilidade
às diversas condições do país".
O
segundo ponto é melhorar cada vez mais a qualidade
do que é produzido em termos de genética Canchim.
Isso passa por um maior controle sobre as matrizes F1, advindas
do cruzamento industrial, ou aneloradas. Ribeiro conta que
a raça Canchim nasceu da deliberação
de um grupo de criadores bem segmentados e que tinham como
objetivo criar um gado que se adapta as diversas condições
de clima e pastagens para sua utilização nas
diversas regiões do país. "O papel do Canchim
na pecuária brasileira é o de oferecer ao mercado
animais de qualidade e em quantidade que atenda as demandas
de mercado, portanto, o que o Canchim precisa é ser
mais conhecido entre os criadores pelo Brasil para uma maior
disseminação de sua genética pêlos
quatro cantos desse país", disse.
Hoje,
a ABCCAN conta com uma carteira de associados de cerca de
210 criatórios, espalhados de Norte a Sul do país.
Os números mostram um crescimento anual, a partir de
2001, de cerca de 70%, em média. Segundo Cristiano
Campbell, superintendente técnico da ABCCAN, "esse
aumento reflete diretamente no rebanho da raça, que
hoje ultrapassa 100 mil animais registrados, entre puros,
mestiços e demais categorias. As matrizes representam
70% dessa população e proporcionam uma taxa
de natalidade de 15 mil animais/ano. De acordo com Campbell,
" o crescimento anual da raça é de 15%,
em média, o que mostra que a raça deixa a progressão
aritmética em que vinha crescendo para atingir uma
densidade geométrica no aumento do rebanho".
Atualmente,
a associação conta com uma equipe técnica
composta por seis técnicos, entre veterinários
e zootecnistas. Os profissionais da associação
oferecem assistência técnica completa aos canchinzeiros
filiados a associação, em qualquer região
do país. Devido o crescimento no número de associados
seguir uma linha ascendente, este ano serão contratados
mais dois técnicos para compor a equipe da ABCCAN:
um veterinário e um zootecnista. Os dois técnicos
estão passando por uma fase de treinamento, mais devem
ainda nesse ano de 2003 integrar o time da associação
e ajudar a suprir a demanda de serviço que não
para de crescer, explica.
A
raça Canchim vem conquistando espaço entre os
criadores de outras raças, em especial os zebuínos,
por apresentar resultados satisfatórios logo nas primeiras
experiências com vacada azebuada ou anelorada. Segundo
o zootecnista responsável pelos trabalhos técnicos
na ABCCAN, "muitos criadores compram touro Canchim para
aplicar na vacada Nelore e passam, a partir dos resultados
apresentados, usar o Canchim com maior freqüência.
A profissionalização desses criadores faz com
que eles procurem a ABCCAN, para assim receberem um acompanhamento
dos técnicos da associação.
As
perspectivas da associação para 2003, no que
se refere a comercialização de animais, é
que o número de leilões aumente e puxe consigo
as médias gerais. Segundo Mauro de Carvalho Filho gerente
de eventos da ABCCAN, em 2002 a associação realizou
16 leilões, onde foram arrematados 1.007 animais e
18 embriões. O total de arrecadação atingiu
R$ 2.991.184. Segundo o presidente da entidade, o mercado
de touros comerciais da raça Canchim começou
o ano seguindo o ritmo de cautela imposto pelo mercado. Porém,
o que se observa, é uma manutenção dos
preços pagos pêlos animais, tanto machos como
fêmeas o que é muito bom para a continuidade
dos trabalhos ao longo do ano. "A responsabilidade do
Canchim hoje é conseguir suprir as eventuais necessidades
de carne que o Nelore não consiga atender. Se nos próximos
10 anos a raça Nelore continuar como a de maior expressão
no Brasil, o Canchim certamente vai se configurar como seu
melhor parceiro. O que se precisa é trabalhar individual
e coletivamente para fazer isso acontecer", concluí.
A
região Centro Oeste tem hoje um núcleo de criadores
de mais de 30 criadores, sendo todos selecionadores de Canchim,
além de milhares de outros pecuaristas que utilizam
touros Canchim para cruzamento Industrial. Isso numericamente
faz da região uma das mais promissoras do país.
O projeto de melhoramento Genético (Geneplus), desenvolvido
pela Embrapa de Campo Grande (MS), em parceria com a Esalq
de Piracicaba (SP) e com o aval da ABCCAN, tem como objetivo
fazer avaliação de touros jovens Canchim. O
sistema consiste em selecionar animais nas pistas de exposição,
nas provas de ganho de peso realizadas na ESALQ e através
de animais com DEPs excepcionais, selecionados dentro das
fazendas, explica o técnico responsável pêlos
trabalhos técnicos da associação. "O
programa visa equacionar os trabalhos às condições
do criador. Todos os criadores que são associados da
ABCCAN, fazem parte do programa", conclui.
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