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CRIAÇÃO - ONDE O GADO É UM SOBREVIVENTE
rev 64 - abril 2003

Com 123ha, a Jacobina está a 20km de Natal, no nível do mar, com índice pluviométrico girando em torno de 1.200mm e temperatura média anual de 25°C, com bastante luminosidade. O solo é arenoso e há boa disponibilidade de água, embora não permita'a irrigação das pastagens.

Descrito assim, o ambiente até parece muito propício. Ocorre que às 12 horas, horário de nossa visita à Jacobina, o sol está a pino (proximidade ao Equador) e a temperatura supera em muito os 30°C. Observando os animais, não encontrei nenhum na sombra, todos pastavam ou ruminavam, ignorando o calor e a umidade extrema.

Rodrigo acredita que uma pecuária de sucesso soma eficiência em quatro fatores: sintonia entre a raça explorada, adaptação ao meio ambiente e a necessidade do mercado; bom manejo e sanidade; instalações bem projetadas e alimentação de acordo com o potencial genético do rebanho. "A pecuária moderna requer um bom uso de insumo e tecnologia. Ao meu modo de ver, a genética é a base para estes itens, garantindo resposta ao manejo, à alimentação e aos investimentos como um todo, na própria genética às instalações. Sem genética, a observância de todos os outros detalhes não surtem efeito", explica Rodrigo.

Na região do seu criatório não há selecionadores de bovinos de corte europeus, pois nunca se deram bem. Há apenas de zebuínos, especialmente de Nelore e Guzerá, com grande qualidade, reconhecida até no plano nacional. Várias foram as tentativas de introdução de raças taurinas, mas a única com boa adaptação e performance produtiva é o Pardo-Suíço. Para Rodrigo, o rápido crescimento do núcleo de criadores da raça do Rio Grande do Norte é um reflexo deste contexto. Vale destacar que todo o otimismo do criador está baseado nos bons negócios que tem feito com reprodutores nos leilões e exposições que participa no Nordeste.

Outro ponto importante que Rodrigo destaca na raça é o apoio recebido das entidades nacionais, ABCGPS e Núcleo Brasileiro de Criadores de Pardo-Suíço Corte, do qual é delegado para seu Estado. Ele destaca o prestígio que os criadores do restante do País têm levado aos eventos promovidos no Rio Grande do Norte, proporcionando um intercâmbio indispensável de experiências e informações. Rodrigo ainda reforça sua satisfação quando questionado sobre os serviços cartoriais e a condução dos trabalhos de marketing da raça. Na Jacobina, os animais estão divididos, porém sem categorias muito definidas. Jovens e adultos, inclusive matrizes, alimentam-se de pasto, mas com suplementação. Aqueles que se destinam a exposições ainda contam com um volumoso (in natura) picado e concentrado em quantidades compatíveis com o peso. O concentrado fornecido é comercial e acata formulação do fabricante.

Os acasalamentos são feitos com a intenção de maximizar as virtudes de cada animal, corrigindo se possível seus defeitos. Rodrigo utiliza linhagens canadenses, mexicanas, norte-americanas e suíças. Estes acasalamentos visam ainda garantir bom desenvolvimento ponderai, que é o principal motivo da utilização da raça. Observa-se ainda a manutenção do bom tipo e da aptidão leiteira, que é mais um ponto forte do Pardo-Suíço Corte, quando comparada a outras raças européias. Nos últimos meses, a Jacobina passou a investir na multiplicação de qualidade, valendo-se da transferência de embriões. Rodrigo destinou cinco boas matrizes para responder pelo trabalho. Depois de correr os principais criatórios da linhagem de corte e sacar os melhores animais à venda, o selecionador quer valorizar a prata da casa e por à prova a condução do seu projeto.

Outros índices zootécnicos, tais como ganho de peso diário médio, intervalo entre partos, idade de monta ou primeira inseminação, o pecuarista prefere omitir, por enquanto. "Estamos apenas com um ano e meio de trabalho. Logo, os números, embora surpreendentes e bastante estimulantes, não têm a consistência e a credibilidade necessárias, frente a trabalhos mais antigos. Prefiro, então, aguardar mais algum tempo", justifica. Vale destacar que todo o rebanho é acompanhado por veterinário, que determina todo o manejo sanitário, assim como os calendários de vacinação e vermifugação.


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