A
apresentação oficial do projeto foi realizada
dia 23 de janeiro, na sede do condomínio Santa Clara,
no município de Bossoroca, RS, a 500 quilômetros
de Porto Alegre. Participaram do dia de campo um grande contingente
de produtores e pessoas ligadas a produção leiteira
na região. Segundo os organizadores, compareceram ao
evento cerca de 200 pessoas.
O
sistema, que é análogo ao que é desenvolvido
atualmente pela Nova Zelândia, esta em fase de teste
desde agosto de 2002. O condomínio Santa Clara é
o primeiro a utilizar esse método no sul do país.
Segundo Luiz Fernando Keller administrador e um dos proprietários
do condomínio Santa Clara. A área disponibilizada
na propriedade para aplicação do projeto é
de 18/hectares. Destes 5 hectares estão. plantados
com alfafa e servem como reserva estratégica para alimentar
o rebanho em caso de adversidades climáticas durante
o processo. Porém os planos são de utilizar
este volumoso apenas no primeiro ano para garantir a viabilidade
do projeto.
O
restantes da área esta dividida em 30 piquetes de 5
mil/m² cada., separados por cercas elétricas e
irrigação por sistema de pivô central
colocado na propriedade. De acordo com o responsável
da Fockink pelo projeto," essa distribuição
de água é feita através de sprays de
alta e baixa pressão, colocados ao longo da tubulação
e movimentada por motores elétricos", explica.
Esse processo constitui o sistema de pastejo rotacionado,
ou seja os animais cumprem um ciclo dentro da propriedade
alimentando-se cada dia em um desses piquetes. Segundo Keller
" A irrigação é uma forma de assegurar
a produção ao longo do período".
O rebanho utilizado no projeto é de 100 animais da
raça holandesa. Sendo 70 vacas adultas, 55 em período
de lactação e 30 novilhas.
Na fase inicial do projeto, o rebanho passava um dia em cada
piquete e demorava os 30 dias para completar o ciclo. No primeiro
dia os animais adultos ocupavam o piquete número um,
no dia seguinte os animais adultos eram transferidos para
o piquete de número dois e as novilhas faziam a roçada
do piquete um e assim simultaneamente. Hoje após três
meses da implantação do projeto, os animais
deixaram de receber suplementação nutricional
e houve um ganho de 10 dias no ciclo de pastagem. Isso devido
o alto rendimento dos piquetes quanto ao volume de massa seca
produzida, o que ocasionou redução também
no volume de área utilizada que esta em 12/hec. Isso
sem perdas com rentabilidade.
Com relação a utilização de pastagens
os critérios de escolhas são definidos de acordo
com as variações de clima. Durante o período
de entressafra que se estende até meados de abril,
a escassez de chuva e o clima seco provocam um déficit
hídrico acentuado na região sul do país.
Daí a necessidade dos produtores locais de um sistema
de irrigação eficiente que venha suprir a falta
de água na plantação. O tipo de pastagem
utilizada nesta fase é o tifiton-85 e flora kirk, pastagens
perenes de verão.
Já durante o período de safra que ocupa o fim
do primeiro semestre e boa parte do segundo, o cenário
se inverte. As baixas temperaturas e o clima úmido,
obrigam o produtor a uma mudança no tipo de gramínea.
Porém para o administrador do condomínio, "para
os agricultores deste tipo de latitude no inverno a produção
é considerada melhor devido a boa qualidade nutricional
das pastagens de inverno", diz. Nesta fase o Azevém
e o Trevo Vesiculoso, que são pastagens perenes de
inverno são as mais utilizadas. De acordo com Airton
José Prediger engenheiro agrônomo e supervisor
técnico da Elegê Alimentos. As pastagens podem
produzir durante o período de inverno até 200/t.hec.de
produto.
A adubação necessária para a manutenção
por ha/ano do sistema é de 450 kg. de Cloreto de Potássio,
400/Kg Uréia e 200/Kg. de Super fosfato triplo em média.
Segundo Prediger "O ponto ideal de corte para a gramínea,
quando a planta expressa todo o seu potencial em nutrientes
é entre 15 e 20 cm de altura e o tempo máximo
é de 15 à 20 dias. O potencial hídrico
para manutenção do sistema é 7 mil/litros
de água/dia, isso se houver uma precipitação
zero de chuva. O controle de umidade no solo pode ser feito
de duas formas, climatologicamente ou via solo através
de um equipamento que mede a umidade. O agricultor faz essa
medição e programa o sistema de pivô de
acordo com a necessidade do solo.
A água que abastece a propriedade é extraída
de açudes que foram construídos na bacia hidrográfica.
Cláudio José Luer presidente da cooperativa
de maquinas e celeiros (COOMACEL), avalia o projeto como uma
saída para as regiões onde o déficit
de água prejudica as pastagens. Porém alerta
para disseminação desse tipo de atividade em
um mesmo nicho, podendo causar danos as fontes naturais,"
é preciso criar leis que regulamente a utilização
do sistema sem prejudicar o meio ambiente", adverte.
Neste sentido o Condomínio Santa Clara desenvolve alguns
programas de incentivo a preservação das cinco
nascentes que existem na propriedade. Além de áreas
de preservação que são conservadas intocadas,
garantindo a preservação do ecossistema do local.
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