A
preocupação da assistência técnica
e dos pesquisadores da Embrapa é grande, porque a morte
de plântulas (soja em estágio inicial) tem sido
relatada em várias situações com causas
diferentes. Entre os diversos fatores apresentados, destacam-se
as condições climáticas (chuvas em excesso
e temperatura elevada), aspectos relacionados ao manejo do
solo e da cultura, uso de diferentes cultivares e até
a ocorrência de fungos e pragas. "O surgimento
desses fatores debilitam a planta jovem, propiciando a ação
de fungos oportunistas presentes no solo, aumentando o estresse
da planta e, consequentemente, agravando os danos", explica
o chefe de pesquisa da Embrapa Soja, José Renato B.
Farias.
As
chuvas em excesso afetam a raiz, porque diminuem a disponibilidade
de oxigênio e favorecem a infecção pelos
fungos do solo. Esse microorganismos também são
favorecidos pela alta temperatura que induz ao estrangulamento
da haste da planta ao nível do solo e servem de porta
de entrada para doenças.
Como
o inverno e o início da primavera foram secos, houve
redução na ação dos fungos de
soja na decomposição da palhada proveniente
da safrinha, e agora esses microorganismos estão com
atividade mais intensa.
Associados
aos problemas climáticos, a morte de plântulas
pode ter sido agravada por má condução
no manejo da cultura. Em solos com drenagem deficiente de
água pode ter ocorrido acúmulo de umidade e
conseqüente morte de plantas. "Como qualquer ser
vivo, a planta é mais sensível no seu estágio
inicial, por isso, sente mais rapidamente, todo e qualquer
fator adverso ao seu desenvolvimento. Muitas dessas condições,
que podem ser toleradas por uma planta adulta, são
fatais nos estágios iniciais", diagnostica Farias.
O
pesquisador da Embrapa Soja Lineu Domit explica que o replantio
das áreas atingidas é uma decisão técnica
e deve ser tomada pelos agrônomos. "Se houver de
8 a 10 plantas por metro linear, bem distribuídas,
não há a necessidade de replantio, mas se houver
plantas mal formadas é melhor replantar", aconselha
o pesquisador.
Domit
diz ainda que o produtor deve estar atento à presença
de fungos presentes no solo, porque o replantio não
deve ser realizado, enquanto estiver chovendo, porque a atividade
desses microorganismos continua alta. "Se continuar úmido,
não adianta replantar. Além disso, o produtor
deve evitar o replantio na mesma linha já utilizada,
porque nesse espaço pode haver maior presença
de fungos".
Sistema
de alerta
Os pesquisadores da Embrapa Soja pretendem instalar unidades
de observação a campo, em parceria com a assistência
técnica das várias regiões atingidas,
para validar as informações e buscar soluções
para evitar que o problema se repita nas próximas safras.
"Esperamos contar com a colaboração da
assistência técnica no levantameto dos dados
de sua região para que a pesquisa possa planejar ações
futuras, buscando diagnosticar e solucionar os problemas",
diz Domit.
Inclusive, em dezembro, será lançado na página
da Embrapa Soja na internet o Sistema de Alerta, onde serão
disponibilizadas as informações técnicas
sobre problemas emergenciais da cultura. "O objetivo
é agilizar o repasse de informações que
orientem a tomada de decisões da assistência
técnica, além de abrir um canal de troca de
informação permanente entre a extensão
rural e a pesquisa na busca de soluções para
os problemas que afetam a soja", defende o pesquisador.
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