Segundo
o pecuarista titular da Quinta da Peroba, propriedade situada
no município de Itupeva/SP (região de Campinas),
boa parte do Braunvieh selecionado, hoje, no País,
é proveniente dos modelos canadense, norte-americano
ou mexicano: "animais de conformação apropriada
às exigências de seus respectivos países".
Para Durval, porém, o Brasil precisa de um modelo próprio:
estatura alta, para não arrastar o umbigo no chão;
com cobertura muscular desenvolvida, mas sem excessos, de
modo que não seja pesado demais e mantenha a boa disposição
de caminhar atrás das fêmeas azebuadas, que compõem
a maioria esmagadora do rebanho nacional de matrizes; e, principalmente,
com alto grau de pureza no sangue, para promover toda a heterose
necessária à produção de uma F1
precoce.
A
base do rebanho da Quinta da Pero-ba é proveniente
de quatro famílias: Gal-lus, Ural, Karlo e Pino. Com
a ajuda do superintendente técnico da ABCGPS, Fer-nando
da Rocha Kaiser, Durval utiliza a metodologia de cruzamento
com consan-güinidade aberta. Basicamente, consiste no
acasalamento das fêmeas com touros primos, tios ou tios-avôs;
privilegiando fenotipicamente linha de dorso, distribuição
muscular (profundidade corporal e comprimento da carcaça),
a marcha do touro e os respectivos aprumos, além de
prepúcio recolhido.
A
visão de que animais mais altos e sem excesso de cobertura
muscular são mais eficientes está fundamentada
em estudos de Durval Chechinatto, um médico de profissão,
mas filho de uma família tradicional de Itupeva (descendentes
de italianos chegados no final do século XIX), com
origem agrícola e, posteriormente, pecuária.
Segundo ele, além deste tipo de animal ser mais ágil
para caminhar atrás das fêmeas, por exemplo,
aneloradas; ele também é menos exigente quanto
à dieta, pois sua mantença é mais compatível
com as pastagens tropicais. Segundo Durval, animais Braunvieh
com porte médio (estatura mais baixa) e super musculosos
são provenientes de modelos de criação
esta-bulados, onde as reses não precisam caminhar para
se alimentar e reproduzir. Aliás, Durval é daqueles
pecuaristas convictos de que "boi precisa comer é
capim", mas com o fundamental trabalho do produtor servindo
qualidade aos animais, de forma que eles possam manifestar
plenamente sua potencialidade genética e proporcionar
o tão esperado lucro.
Nesta
tese e naquela de reprodução das condições
de criação da origem, mantendo os sinos nos
pescoços das fêmeas e as aspas com trabalho de
correção, está baseado o manejo da Quinta
da Peroba. A propriedade possui área de 10 alqueires
paulistas, situada no distrito industrial da cidade. Dispõe
de um alqueire e meio de campos de tifton 85 para produzir
feno (cortes ao longo de todo o ano) e capim picado; o restante
da área está dividido em piquetes de braquiarão,
para serem consumidos na caminhada diária dos animais.
Tanto o feno quanto o capim picado produzido no sítio
apresentam teor protéico entre 18 e 20% e são
servidos à vontade para o gado.
Dieta
e Manejo
A
suplementação fica por conta de 1kg/dia de ração,
com duas partes de trigo, uma de farelo de soja e uma de milho
moído. Além dela, mineraliza-se o gado com sal
completo e fornece-se probiótico, para desenvolver
o rúmen e combater diarréias infecciosas. O
gado da Quinta não apresenta problemas com carrapatos.
Durval utiliza a tosta da pelagem - queima por maçarico
-, para diminuir a incidência. "O cheiro do pelo
queimado afasta o carrapato", explica Durval. Também
o rodízio de pastagens é outro aliado nesta
luta contra o parasita.
A
ração é servida para animais em crescimento,
vacas em lactação e fêmeas em programa
de transferência de embriões. Esta dieta garante
ganho de peso diário médio de 1.000g/dia. Os
bezerros são desmamados aos seis ou sete meses, depois
de permanecerem ao pé da mãe até esta
idade, mamando uma média de 10 litros de leite/dia.
A desmama é menos traumática, em função
do consumo do probiótico e da forma como vão
sendo introduzidos os elementos da dieta: gradativamente.
Desde o nascimento, com pesos entre 40 e 45kg e estatura entre
60 e 65cm, os animais são pesados mensalmente.
Pela
fase de formação de plantel, o rebanho da Quinta
ainda é pequeno, cerca de 40 animais e outros 25 que
estão em Itapeva/SP (Sul do Estado): fêmeas em
programa de transferência de embriões, empreendido
em sociedade com o criador Sidmárcio Maranho (Agropecuária
Nova Bebedouro) e machos para trabalhar no cruzamento industrial.
"Eu dou a genética e o Sidmárcio entra
com o espaço que eu não tenho", explica
Durval. Neste pouco mais de um ano de parceria, a média
de estruturas viáveis coletadas por fêmea em
programa está entre 10 e 15 unidades. Com o período
de formação, Durval só vendeu alguns
poucos animais, mas agora prepara-se para tirar o caixa do
vermelho, com a boa oferta de prenhezes que está chegando
por aí (receptoras 1/2 sangue pardo-suíço
corte com guzerá).
Quando
tudo começou
O
criador Durval Chechinatto conheceu o Braunvieh Original na
Suíça, na épca dos estudos, em Estrasburgo.
Nesta época, também teve contato com outra raça
nativa, a Simental. Depois de muita reflexão, optou
pelo Pardo-Suíço. A primeira importação
ocorreu em 1996, em conjunto com o criador Rudolph Reich:
seis bezerras de 11 meses de idade, de estrita pureza e escolhidas
de uma única propriedade, localizada no município
de Watwil, no Cantão de Saint Gallen/Suíça.
Depois de dois anos, no acerto final, coube a Durval quatro
matrizes originais, que vêm sendo multiplicadas, desde
então.
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