"Um
dos passos foi o lançamento oficial, neste mês,
do Selo de Qualidade para produtos de amendoim que estabelecerá,
para o concumidor, a informação visual nas embalagens
das empresas que fazem rígido controle de qualidade
que leva ao produto seguro,
facilitando a sua escolha. Dessa forma, elevaremos o conceito
do amendoim junto aos consumidores e estimularemos toda a
cadeia produtiva, da plantação à produção
industrial ", afirma o engenheiro de alimentos Masaharu
Nagato, consultor do Pró-Amendoim.
Este
projeto nasceu em janeiro de 2001, com união de plantadores
e industriais associados à Abicab, os quais representam
46% da produção do setor, decididos a estabelecer
um programa de auto-regulamentação do setor,
através do monitoramento da qualidade dos produtos
feitos com amendoim de maneira sistemática e metódica.
"O Pró-Amendoim representa um esforço dessa
indústria para tornar realidade o enorme potencial
de consumo e de produção que o Brasil possui",
diz Renato Fechino, coordenador do Pró-Amendoim.
O
projeto segue as normas internacionais estabelecidas pela
FAO-ONU e conta com apoio da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária - Anvisa - e parceria da SGS do Brasil, empresa
especializada em coleta de amostras auditorias de Boas Práticas
de Fabricação - BPF - e Análise de Perigos
e Pontos Críticos de Controle - APPCC. São coletadas
amostras das 152 empresas cadastradas que comercializam produtos
de amendoim. No caso de não corresponderem à
qualidade necessária, as empresas responsáveis
são notificadas. Caso não tomem as providências
cabidas, são denunciadas à Anvisa. Desde o início
do Programa, somente 10 % das 152 empresas existentes e inspecionadas,
foram notificadas para correção das ocorrências
em desacordo com a legislação vigente.
O
Selo de Qualidade foi oficialmente durante a realização
da ABAD 2002 - 22ª Convenção Anual do Comércio
Atacadista e Distribuidor, promovida pela Associação
Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados,
que aconteceu em Curitiba. A partir daí, os produtos
que tiverem o selo na embalagem poderão ser adquiridos
pelo consumidor com total segurança, pois terão
sido avaliados e sua qualidade estará garantida. "Este
selo é conseqüência do potencial que o amendoim
tem de se transformar numa nova riqueza nacional", afirma
Getúlio Ursulino Netto, presidente da Abicab.
Num
país como o Brasil, líder mundial na produção
de café e cana-de-açúcar, segundo maior
produtor de soja, terceiro em milho, e quinto em cacau, há
mercado potencial e capacidade agrícola para aumentar
a produção do amendoim, que na década
de 70 era cinco vezes maior que as 198 mil toneladas produzidas
hoje. Isso porque o País tinha alta produção
e consumo de óleo de amendoim, que foi substituído
pelo de soja. "A reconquista do mercado interno será
base para exportações, o que já é
feito pela entidade no caso de balas e chocolates", acredita.
Segundo
Carlos Bodini Barion, diretor da Dori Alimentos, uma das maiores
compradoras do grão, o amendoim tem grande capacidade
de ampliar sua produção agrícola no Brasil
com a utilização de áreas com plantação
de cana-de-açúcar. "O solo da cultura de
cana-de-açúcar necessita de rotatividade a cada
cinco ou seis anos e o amendoim é uma leguminosa oleaginosa
ideal para dar esse descanso à terra. Além disto,
o grão tem ciclo de apenas 100 dias e ainda promove
uma adubação natural do solo. Como o País
é um dos líderes na produção de
cana-de-açúcar, se o mercado tiver demanda,
a agricultura garante o produto", explica Carlos.
A
partir destas medidas e do estímulo ao consumo, o objetivo
é triplicar o mercado em três anos. Caso o mercado
perdido seja recuperado, o Brasil chega na metade do consumo
dos EUA, onde 25% da produção de amendoim chega
ao consumidor na forma de barras de chocolate com amendoim,
o que confirma sua enorme aceitação em doces
e outras formas como pasta, snack e na culinária.
O
amendoim tem alta qualidade nutricional e pode ser largamente
aproveitado na alimentação, principalmente como
suplemento protéico. Além de não ter
colesterol, por se tratar de um produto de origem vegetal,
a composição de seu óleo é rica
em gorduras insaturadas, que ajudam a reduzir o colesterol
LDL ("ruim") do sangue, que diminui o risco de doenças
cardíacas e pode fazer parte das dietas médicas
para diabéticos.
Amendoim
em números
No
Brasil, 152 empresas produzem 92 mil toneladas de produtos
finais, que representam um mercado da ordem de R$ 840 milhões
e 42 mil empregos, dos quais 19% são na indústria,
24% na lavoura e 57% são indiretos. Dessas empresas,
64% ficam em São Paulo, 24% no Paraná e as demais
distribuídas pelo Rio de Janeiro, Espírito Santo,
Minas Gerais, estados do Sul e do Nordeste.
O maior produtor mundial de amendoim (em casca) nas Américas
é os Estados Unidos, com 1.500 mil toneladas; seguido
pela Argentina, com 600 mil toneladas; Brasil, com 192 mil
toneladas; México, com 142 mil toneladas e Paraguai,
com 22 mil toneladas.
O
consumo per capita, em quilos, é o seguinte: Canadá,
2,8 kg; Argentina, 2,5; Estados Unidos, 2,4 kg; Reino Unido,
1,7 kg; México, 1,6 kg; África do Sul, 1,4 kg;
Alemanha, 1,2 kg; Brasil, 0.6 kg; e França, 0,5 kg.
O
amendoim no Brasil é o quarto "salgadinho"
mais consumido, ficando na preferência de 9% da população,
perdendo para batata frita (73%), salgadinho de milho (33%)
e salgadinho de bacon (19%). Como a categoria de salgadinhos
registrou um crescimento de 29% no ano de 2001, em relação
a 2000, verifica-se um enorme potencial latente a ser atendido
pela atividade da industria de amendoim.
|