"É
preciso ter em mente que o pneu é o único elo
entre o veículo e o solo, sendo assim, seu melhor dimensionamento
implica na maximização do seu desempenho, do
veículo e na conseqüente redução
dos custos por quilômetro rodado", explica Mauro.
Em
todo o mundo, o Brasil é um dos lugares onde os pneus
são mais exigidos, devido às altas e baixas
temperaturas a que estão submetidos, além de
grandes amplitudes térmicas diárias, dependendo
da região do País. Portanto, quando um fabricante
produz um pneu, ele não sabe em quais tipos de solo
e onde (Sul ou Nordeste) o artefato vai trabalhar; muito menos
o grau de habilidade do motorista ou tratorista, para o uso
em questão. Segundo Mauro, a Michelin concebe seus
produtos considerando todas essas variáveis: da necessidade
de tração e velocidade à flutuação
e condições de trabalho. Para Mauro, porém,
cabe ainda ao agricultor buscar um auxílio técnico
autorizado para que ele possa encontrar o produto que melhor
se encaixe às suas necessidades.
A
recomendação é a mesma para Ricardo B.
Anadón, supervisor de vendas e serviços (agrícola)
da Bridgestone Firestone do Brasil. Contudo, ele alerta para
a cultura do usuário brasileiro que vê economia
apenas no preço de produto na hora de adquiri-lo; ou
seja, preferindo produtos mais em conta, mesmo que sua utilização
implique num desgaste maior de todo o sistema, inclusive mecânico
do veículo: "os pneus recapados ainda possuem
uma grande fatia deste mercado, mesmo atentando contra várias
exigências técnicas. Simplesmente, não
há economia numa opção dessa", explica.
Já Mauro, conta que, muitas vezes, quando um usuário
vai comprar pneus novos, um dos pontos de decisão a
favor do produto é justamente saber se ele aceitará
recapagem.
Mas
como em todo segmento, há aqueles que estão
formando opinião, até pelos melhores resultados
obtidos na fazenda. O apego a fatores como capacidade de tração
dos pneus, assim como a ocorrência de patinagem, de
resistência a acidentes e de minimização
da compactação do solo, está crescendo
entre os usuários, principalmente os bem sucedidos,
que acabam servindo de modelo. Detalhes comuns ao usuário
no asfalto, tais como capacidade de frenagem, não são
de grande preocupação, pois as máquinas
agrícolas trabalham com baixa velocidade e, muitas
vezes, ainda com o peso de implementos, "tornando a frenagem
bastante rápida e facilitada", afirma Ricardo.
Porém,
adquiridos os pneus, no trabalho o usuário deve permanecer
atento. Algumas variáveis da utilização
garantem melhor desempenho e maior durabilidade: "vida
longa aos pneus". No dia-a-dia, a carga por pneu é
importante, assim como a velocidade média, a temperatura,
o tipo de solo e do próprio trabalho. Além destes,
ponderar fatores como a potência e a configuração
do veículo para o trabalho em questão, também
é de extrema importância. O restante, fica por
conta da adequação da escultura dos pneus (barras
longas ou mais curtas) para o trabalho designado em função
do solo, o tipo de condução (arrancadas, freadas
bruscas, impactos em obstáculos, etc.), a pressão
de inflagem e a estocagem. De posse dessas tantas variáveis,
é que é possível equilibrar melhor todo
o sistema e obter o máximo de desempenho e economia.
Cuidados ainda como verificar e corrigir as pressões
de 15 em 15 dias, sempre pela manhã (quando os pneus
estão frios), são os mínimos esperados.
No
Brasil, ainda predomina a utilização dos pneus
diagonais, contrariando Europa e EUA, onde os radiais compõem
a totalidade. Porém, esta é uma realidade que
começa a mudar, pois os produtores que precisam ganhar
em produtividade, tirando mais da mesma área, estão
investindo corretamente no uso de radiais, que oferecem maior
tração e potência na barra, redução
do índice de patinagem de 5 a 20% dentro dos limites
da eficiência (segundo estudos do pesquisador Eduardo
Briese Neujahr, da UFSM), o que significa menor consumo de
pneu, combustível, e maior velocidade à máquina;
portanto, maior produtividade por hectare/hora. Tais benefícios
podem ser resumidos numa menor compactação do
solo e em um menor custo da hora trabalhada, a meta mais desejada.
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