Conforme Schemmer o percentual de área irrigada hoje,
representa 2,95 milhões de hectares, (50% por inundação,
nas lavouras de arroz) o que é muito pouco quando se
vê que são utilizados cerca de 38,3 milhões
de hectares na agricultura.
Em
realidade, o dirigente acredita que existem enormes condições
de crescimento desta tecnologia principalmente a mecanizada,
na medida em que houver maior conscientização
do produtor sobre a importância desta ferramenta.
"A
lavoura do milho, por exemplo, poderia crescer muito se utilizasse
irrigação", comenta, acrescentando como
dado comparativo, que nos Estados Unidos, cerca de 25 milhões
de hectares são irrigados.
Schemmer retoma o dado de que o Brasil pode crescer em área
produzida até 90 milhões de hectares. "Se
tomarmos 10% desta área, estaremos crescendo como setor,
enormemente", acredita. Segundo o dirigente, o ano de
2000 foi bastante positivo para as empresas de irrigação,
com vendas firmes. Já no ano seguinte, com a falta
de chuva e a crise energética, houve uma inibição
na compra destes equipamentos. Para este ano, com a ajuda
deste financiamento, a recuperação dos mananciais
hídricos, associado a avanços tecnológicos,
"devemos repetir o desempenho de 2000", aposta o
presidente.
Em uma visão geral dos sistemas de irrigação
ele diz que o percentual de mercado para o pivot central está
com 21%, sistema convencional com 14%, carretel enrolador
com 9% e localizada 6%, dentro dos 50% estabelecidos para
a irrigação mecanizada. Conforme avalia, o sistema
de pivot central está com crescimento maior nas áreas
de novas fronteiras da Bahia, Maranhão, Tocantins,
Goiás e todo o Oeste brasileiro. São Paulo também
possui algumas áreas para este sistema. Já na
localizada ou gotejamento, o Nordeste e a metade sul do Rio
Grande do Sul, aonde a fruticultura está crescendo
são mercados bastante firmes. "Mas há também
um movimento de instalação destes equipamentos
em pomares de citros e de café, em regiões tradicionais
produtoras destas culturas", assinala.
Bom
mercado - Conforme dados da Câmara Setorial estão
associadas neste organismo cerca de 25 empresas que se distribuem
atuando nos quatro segmentos ou se especializando em algum
deles. Algumas recém chegaram e outras já se
estabeleceram há anos no país. Schemmer acredita
que a visão de potencial agrícola que o Brasil
apresenta é o principal atrativo para a chegada de
novos concorrentes. Ele mesmo é executivo comercial
do Grupo Fockink, de Panambi, RS, que atua no ramo de irrigação
com o pivot central, o rebocável e o linear. A empresa
tem, no Rio Grande do Sul, o seu principal mercado, mas está
investindo fortemente para expandir em direção
a outros estados do Brasil e também no Mercosul. "Hoje
já somos a segunda maior empresa neste segmento, dentro
do país", afirma.
Uma das mais novas empresas a se instalar no Brasil é
a Bauer que formou uma joint venture com a fabricante gaúcha
de esquadrias e implementos agrícolas, a Metasa, de
Passo Fundo, no início deste ano e estão construindo
uma fábrica nesta cidade. A Bauer foi fundada na Áustria
na década de 30 e tornou-se pioneira na criação
e fabricação dos sistema de irrigação
por carretel, que até hoje continua a ser seu carro
chefe. Segundo o Diretor Presidente da Bauer Metasa, Ricardo
Silveira, a vinda da empresa para o Brasil obedece a estratégia
de participar deste grande mercado agrícola, oferecendo
produtos que são líderes deste segmento na Europa.
"Precisávamos também uma base aqui, porque
a importação fica muito cara, com as constantes
variações do dólar", afirmou.
Trazendo a tecnologia israelense de irrigação
a Netafim do Brasil especializada em irrigação
de baixos volumes veio para o país há cinco
anos. O seu segmento de mercado é o de microaspersão
ou gotejamento, sistema que é mais adequado para pomares,
cafeicultura, hortaliças, olericultura, cana de açúcar
e reflorestamento. Segundo o seu diretor comercial, Marcus
Tessler, este é um segmento que está experimentando
um forte crescimento no Brasil, dentro das áreas de
fruticultura do nordeste, ou iniciando novas experiências
como a de irrigação da cana de açúcar.
Atualmente ele calcula que devam ter cerca de 50 mil hectares
irrigados com este sistema. Tessler prevê que dentro
de cinco anos o mercado de irrigação deva ter
crescido cerca de 20% e destes, 68% serão absorvidos
pela irrigação localizada. "Isto vai acontecer
porque ela é mais eficiente, com menor custo e porque
consome menos água e energia elétrica",
afirma.
O Brasil deve encerrar o ano de 2002 com 8 mil unidades de
pivot central e lineares instalados, um número pequeno
se comparado com países como a Arábia, por exemplo,
que tem 35 mil unidades. Mas um número que instiga
a trabalhar para vencer o desafio de ver este índice
aumentar bem mais a cada ano. Esta pelo menos é a perspectiva
da Valmont Indústria e Comércio Ltda, de Uberaba,
MG, fabricante dos produtos com a marca Valley. Ressaltando
que a empresa existe há muitos anos e é brasileira,
o diretor presidente, Bernhard Kiep, informa que o portfólio
da empresa está focado na fabricação
de pivots centrais, rebocáveis e sistemas lineares,
além de tubulação para irrigação
convencional.
Conforme
explica, este é um segmento que atende às demandas
dos produtores de culturas de curto prazo como soja, milho,
algodão e feijão. As que servem de rotação
com estas primeiras como batata, alho, cebola, pepino, entre
outras e algumas culturas perenes como laranja e café
(principalmente no cerrado). Lembra ainda que tem pecuaristas
utilizando este tipo de sistema para a produção
de pasto, o chamado boi irrigado. Para Bernhard o que marca
a opção pela irrigação, na maioria
do casos é a possibilidade de otimizar o uso da terra,
"porque ela pode proporcionar cinco colheitas em dois
anos", assinala.
|