Assim, diminui-se a margem de erro, e do "encalhe"
de um produto nos pátios das fábricas. Um dos
casos que é considerado de maior sucesso até
hoje, dentro da indústria de tratores, é o MF
275, da Massey Ferguson. Fabricado no Brasil há mais
de 20 anos, é um líder no seu segmento de mercado
concentrando cerca de 40% das vendas. A justificativa é,
segundo os especialistas, por ele ser robusto, prático,
de baixa e fácil manutenção, enfim, um
produto que agrada a todos.
Atualmente
existem outros produtos que depois de lançados, alcançam
números recordes de vendas, surpreendendo até
mesmo aos fabricantes. Este está sendo o caso do novo
produto da Agrale, empresa gaúcha fabricante de tratores.
O
seu trator 4.100.4 com tração nas quatro rodas,
vendeu em seis meses, quase toda a produção
que a empresa projetava para o ano, cerca de 400 unidades.
Segundo o gerente de marketing de produto, Silvio Rigoni,
de outubro de 2001, quando foi lançado até julho,
já haviam sido comercializadas 300 unidades e a previsão
é fechar o ano com 500 unidades vendidas. Para Rigoni,
este resultado foi surpreendente e criou o chamado "bom
problema", porque a Agrale precisou fazer a fila de espera
pelo produto. Conforme o gerente o acerto no lançamento,
um trator de 40 cv com tração nas quatro, pequeno,
direcionado à viticultura, aconteceu justamente porque
foi identificada uma reivindicação da clientela
da empresa, bastante concentrada neste segmento, que precisava
de um trator com tração para poder enfrentar
a topografia da região serrana, bastante acidentada.
"É um produto utilizado para várias atividades,
dentro destas propriedades, desde o carregamento da uva, até
o roçar dos parreirais, a pulverização,
arado, manutenção de estradas e uma série
de outras coisas", afirma.
Segundo
Rigoni, dentro deste mercado que representa 3,6% do mix de
tratores poucas inovações tecnológicas
podem ser feitas até porque são produtores que
compram pelo preço. "O que nós percebemos
hoje, é que o produtor está buscando tecnologia
útil, que traga o benefício de forma rápida
e direta, principalmente na melhoria de performance da atividade
que ele realiza diariamente e quem faz isto, tem sucesso",
conclui.
Na
visão do analista de marketing da Valtra, Leandro Nilo,
o mercado de tratores ainda se concentra fortemente entre
as faixas de potência de 75 cv a 100cv. Mas já
há uma confirmação daquilo que era tendência;
o aumento de mercado para tratores com maior potência,
principalmente, nas novas fronteiras agrícolas. Por
esta razão os fabricantes destes produtos têm
se concentrado em lançamentos nestes dois segmentos.
A Valtra mesmo tem produtos da linha BM, com motorização
que vai de 85 até 120 cv, e a linha 100, que atende
ao mercado de 65 a 75 cv. "Eles são sucesso porque
se enquadram na linha dos multiuso, funcionais. "Esta
foi inclusive a linha que nos deu um grande resultado, com
vendas acima do esperado". Ele explica que isto aconteceu
porque foi um produto que apresentou diferenciais como um
câmbio diferente, num momento em que os concorrentes
não possuíam este sistema.
Com
a opinião de que existe cliente para todos os produtos
que estão disponibilizados no mercado, o gerente de
marketing da CNH, Davi Kruklis, que é fabricante dos
produtos New Holland, concorda que a grande concentração
ainda está nos tratores de média potência,
mas vê que já houve um deslocamento para os de
maior potência, entre 120 cv. A percepção
deste processo de deslocamento fez a empresa realizar estudos
para verificar os desejos do cliente. E neste trabalho foi
identificado a vontade de ter um produto de baixo custo, dentro
destas potências, com mais tecnologia. "Isto nos
fez desenvolver o que hoje é a série Êxitus,
que primeiro era um único modelo e depois, devido ao
sucesso de vendas, se tornou uma família toda",
lembra.
Davi
diz que o Êxitus já vendeu mais de 500 unidades,
e aponta a característica de ser um multiuso, como
a que favoreceu para a obtenção deste resultado.
Por outro lado o fato de ter sido pensado para pequenos e
médios produtores com recursos que garantam versatilidade
e simplicidade operacional. "Em realidade ainda há
um grande volume de mercado para este tipo de produto, uma
vez que ainda está na mente do produtor que um produto
com mais opcionais, pode encarecer muito o trator e ele não
"precisa" disto", afirma o executivo.
Para
o presidente da Associação dos Concessionários
e Distribuidores Massey Ferguson, Unimassey, Rudney Doeller,
a empresa tem conseguido atender aos seus clientes, colocando
produtos certos em momentos certos. Isto está acontecendo
com as colheitadeiras MF 34 e 38, que trazem as mais altas
tecnologias de colheita, com aumento expressivo de produtividade,
ou mesmo com as séries advanced dos tratores MF 200
e MF 600. "E isto vem acontecendo porque a Massey tem
uma grande sintonia com o produtor, uma grande identificação
sobre que tipo de produto ele está querendo",
finaliza.
O
diretor da Agrodivel, concessionário New Holland de
Rio do Sul, SC, Paulo Dariva, diz, por sua vez, que o Êxitus
veio em boa hora porque atendeu aquilo que o pequeno e o médio
produtor estava querendo ou seja, mais robustez, economia
e fácil manutenção, "porque ele
acha que é um trator que dificilmente vai "deixá-lo
na mão". "Já os tratores de maior
tecnologia, têm maior saída para os grandes produtores,
quem têm oficinas para consertar o trator se der algum
problema", afirma.
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