Segundo o PL, a partir de 01 de janeiro de 2004, a mistura
deve conter no mínimo 5% de éster etílico
de óleos vegetais. O projeto propõe ainda que,
a partir de 01 de janeiro de 2006, a mistura passe a ter a
porcentagem mínima de 15% de éster etílico
de óleos vegetais e 5% de álcool anidro. Países
como Argentina, Estados Unidos, Malásia e União
Européia já produzem o biodiesel comercialmente.
Para
garantir a adequação do biodiesel aos motores
a diesel, o projeto prevê que o Ministério da
Ciência e Tecnologia defina os parâmetros técnicos
das misturas, estabelecendo o conjunto de propriedades físico-químicas
para o produto final.
Na
União Européia, por exemplo, os fabricantes
de motores apóiam a mistura de 5% de biodiesel. Muitos
deles dão garantia para o uso da mistura de até
30% ou mesmo do combustível puro. A Alemanha possui
mais de 800 postos de combustíveis vendendo o biodiesel
puro.
Segundo Mendes Thame, o Brasil, que é o segundo produtor
e exportador mundial de óleo de soja, poderá
se tornar gradualmente um importante produtor e consumidor
de biodiesel. "Com a instituição do programa,
reduziremos a dependência atual de importação
de óleo diesel, da ordem de 6 milhões de metros
cúbicos por ano, desonerando o balanço de pagamentos
e criando riquezas no interior. O biodiesel representará
uma nova dinâmica para a agroindústria, com conseqüente
efetivo multiplicador nos demais segmentos da economia",
afirma Mendes Thame. O deputado complementa que se tudo correr
como deve, este projeto deve ser votado apenas no início
de 2003.
Para o secretário geral da Associação
Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais,
Abiove, Fabio Triguerinho, a aprovação deste
projeto irá criar uma nova demanda na área de
produção de soja, principalmente no percentual
que origina o óleo de soja. Sem ter certeza do impacto
total que a instituição do biodiesel vai proporcionar,
Triguerinho projeta que pelo menos 8 milhões de toneladas
de soja seriam destinadas para atender a esta demanda de acréscimo
de 5% de óleos vegetais (ésteres etílicos),
no diesel comum. "Sem dúvida vai criar mais uma
oportunidade de mercado para as indústrias de óleo
que poderão investir na área de fabricação
deste novo produto", acrescenta.
Experiência em Andamento
Interessada em desenvolver novas utilidades para o óleo
de soja, A Embrapa Cerrados iniciou, no segundo semestre de
2001, um projeto de pesquisa. Para tanto uniu-se, através
de um convênio, ao Laboratório de Materiais Combustíveis
do Instituto de Química da UnB, que testa qualidade
de combustíveis. O trabalho buscou informações
sobre o craqueamento de óleos vegetais, processo que
permite seu uso como combustível. Três professores
da UnB dedicam-se à atividade - o engenheiro químico
Paulo Ziani Suarez, o químico Joel C. Rubim e o físico
Kleber C. Mundim.
Explicando
que existem óleos vegetais de várias origens,
como o de soja, mamona e amendoim, por exemplo, o professor
Paulo Suarez diz que todos podem ser usados como combustível.
Entretanto, sua combustão gera reações
indesejáveis, como a produção de coque
(carvão) no motor. E por ser muito viscoso, causa problemas
nos sistemas de injeção, tem ponto de ebulição
muito elevado e não evapora facilmente.
Para ser utilizado, esse combustível precisa ser misturado
ao diesel comum (como é feito nos EUA) ou efetuar pequenos
ajustes nos motores (como na Alemanha). Já o óleo
submetido ao craqueanento possui propriedades muito semelhantes
às do diesel convencional. O projeto busca transformar
o óleo de soja num produto que possa ser usado sem
misturas e sem as conseqüências negativas. Infelizmente,
conforme declara Suarez, ainda não se possui parâmetros
que determinem o custo da produção do biodiesel,
mesmo porque ainda não se sabe quanto custará
a construção da usina.
Como funciona
O craqueamento é uma reação química
que quebra moléculas muito grandes em outras menores.
De forma simplista, torna o óleo vegetal mais fino
e adequando ao uso combustível. Os pesquisadores já
desenvolveram um reator que promove o craqueamento do óleo,
conseguindo produzir o biocombustível em conformidade
com a legislação, e com a mesma qualidade e
eficiência do diesel de petróleo. O próximo
passo é projetar uma miniusina de craqueamento de óleo
vegetal, para começar a estudar a parte de viabilidade
técnica e financeira da produção do biodiesel.
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