Na esteira da estrutiocultura, uma série de outras atividades comerciais
começam a se viabilizar, em função das próprias necessidades
geradas pela criação de avestruzes e também das inúmeras
possibilidades de exploração comercial de uma gama de produtos gerados
por esse negócio.
A abertura de um determinado campo de mercado
se caracteriza, inevitavelmente, por um variado quadro de oportunidades por explorar.
Após pouco mais de cinco ano as no Brasil, a estrutiocultura brasileira
revela uma série de demandas e, ao mesmo tempo, um longo caminho no aperfeiçoamento
das atividades que envolvem a criação. Uma destas oportunidades
foi encontrada por Gerson de Moura, de Shannon Avestruz, que percebeu o crescimento
da criação de avestruzes e resolveu investir no transporte das aves.
Criador de avestruzes há dois anos e meio, Moura percebeu rapidamente a
inadequação do transporte dos animais, quase sempre gerando perdas
e ferimentos. Ainda é muito expressivo o uso de caminhões
de bois no transporte de avestruz. Isto não obedece qualquer critério
e castiga tremendamente o animal, sentencia Moura.
Com dois caminhões
especialmente adaptados com ar condicionado, com baias climatizadas e acolchoadas,
rampa e circuito interno de tv, assessoria de veterinário, Moura iniciou
o negócio em abril de 2001 e atualmente têm a agenda cheia. Os caminhões
atendem a uma capacidade de 12 a 20 animais e todos estes cuidados permitiram
uma enorme redução do estresse dos animais, principalmente nas viagens
interestaduais, as mais solicitadas pelos clientes. O transporte inadequado
de avestruzes é um crime e uma perda de dinheiro, alerta Moura.
Se oportunidades não faltam, uma parece sequer vislumbrada: o mercado de
couro. É o que conta Jorge Thomas, da Leather Jet, curtume sediado em Araçatuba.
O mercado nacional de couro de avestruz é inócuo, não
existe. É um mercado voltado ainda para a venda de reprodutores e a comercialização
de couro exige do criador maior seriedade na criação, conta
Thomas.
O empresário refere-se aos cuidados necessários
ao aproveitamento do couro do avestruz, que exigem uma série de medidas.
Os animais não podem ficar em piquetes super lotados, não
pode existir arame, não podem ser agitados e deve haver fartura na alimentação.
Qualquer problema com o animal vai se refletir no couro.
Jorge
Thomas importa couro da África do sul e têm feito algumas experiências
com o couro nacional, para ele num estágio ainda rudimentar. A qualidade
é baixa porque a maioria provêm de óbitos e de abates experimentais.
Não existe a cultura da criação de avestruz tendo o couro
como ganho econômico, alerta. Thomas enfatiza ainda a necessidade
do criador brasileiro de uma maior integração ao processo de criação
de avestruz e abandonar a idéia de apenas vender reprodutores. A
África do Sul acabou com os estados Unidos neste aspecto. São profissionais,
planilham suas ações e encaram o mercado na sua totalidade, tanto
em relação à carne como ao couro. Criam com critério
e ganham dinheiro.
Outra oportunidade rapidamente compreendida
teve Afonso Henrique Meireles, um dos diretores da M3, empresa que se especializou
na produção de incubadoras e outros equipamentos para a estrutiocultura.
Após quatro anos em experiência, a M3 desenvolveu um sistema de incubadoras
voltado exclusivamente para avestruzes, com tecnologia nacional. Sediada em Artur
Nogueira, próximo à Campinas, a M3 atende todas as regiões
do Brasil e a tendência de crescimento do mercado são enormes,
diz Meireles. Segundo Meireles, a elaboração de uma incubadora legitimamente
nacional teve a assessoria dos criadores de avestruzes e de uma equipe multidiciplinar.
Para óbvio, mas o ovo é um ser vivo e precisa de condições
seriam estas e chegamos a um estágio muito bom. Isto nós devemos
muito aos criadores que nos ajudaram imensamente, conclui Meireles.
Outras empresas tradicionais também decidiram entrar firme na fabricação
e comercialização de incubadoras para avestruzes. A Avicomave, de
Iracemápolis, SP, com mais de 30 anos de experiência na fabricação
de incubadoras para a aviculrura, por exemplo, criou uma linha de equipamentos
que atende a todo tipo ce criatório, desde o iniciante até o grande
produtor. Assim, suas linhas de incubadoras vão desde para 60 ovos até
360 ovos. |