Falta
de chuvas no sul do país causa prejuízos na
avicultura e suinocultura e prejudica a agroindústria
catarinense. A estiagem que assola Santa Catarina desde o
final do ano passado está criando problemas nas propriedades
rurais que formam a base produtiva da agroindústria
de processamento de aves e suínos; há morte
de animais nos criatórios e algumas indústrias
estão antecipando o abate.
O vice-presidente da Cooperativa Central Oeste Catarinense
(Aurora) e presidente da Federação da Agricultura
do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino
Pedrozo, relatou que a situação se agrava a
cada dia. Em cerca de 10% dos criatórios de suínos
e em 4% dos criatórios de aves há falta de água.
A grandiosidade e a extensão dos segmentos de aves
e suínos exigem o envolvimento das agroindústrias,
das cooperativas filiadas, das Prefeituras e das guarnições
do Corpo de Bombeiro no transporte de água. Centenas
de veículos, inclusive distribuidores de esterco líquido
desinfectados, estão servindo de carros-pipa para abastecimento
dos rebanhos.
A capacidade potencial dos prejuízos ainda não
apurados pode ser avaliada pelo abate total do Estado
que é da ordem de 7.4 milhões de suínos
e de 574 milhões de aves ao ano. Geralmente a partir
de 4 horas sem água começa a 12 horas privado
de água, ocorrem as baixas em suínos.
A Coopercentral Aurora é a maior abatedora de suínos
em Santa Catarina: mantém um sistema integrado de produção
que envolve 6.050 propriedades 106.000 matrizes e um alojamento
permanente de 850.00 suínos que sustentam um abate
mensal de 145.00 cabeças. Uma faixa de 8 a 10% (cerca
de 600 propriedades e 85 mil animais) encontra-se em situação
crítica.
No segmento de aves, a Aurora tem 1.260 propriedades integradas
que mantêm 1.350 aviários e alojam 9 milhões
de frangos. Essa estrutura de campo sustente um abate industrial
mensal de 6,1 milhões de aves. Cerca de 4% (50 aviários
e 350.00 aves) padece da falta de água. Para evitar
perdas maiores, a indústrias está antecipando
entre 5 e 10 dias a retirada dos lotes com problema de abastecimento.
O diretor de agropecuária da Coopercentral Aurora,
Giberto Vasconcellos, prevê um sério agravamento
da situação se não ocorrerem precipitações
fortes dentro de dez dias. Os prejuízos para os criadores
e indústrias não foram ainda calculados e decorrem
da perda de animais e da redução do peso médio
dos plantéis.
Milho
O
presidente da Faesc observou que o suprimento de milho, neste
ano, será prejudicado em Santa Catarina. A safra 2001/2002
registra, até agora, perdas de 30% que representam
300 mil toneladas a menos e R$ 55 milhões de prejuízos
aos agricultores. Lamentou que a estiagem tenha anulado os
ganhos de produção e produtividade obtidos pelo
programa de expansão da cultura desenvolvido pelo Governo
e cooperativas. José Zeferino Pedrozo está mantendo
contanto diário com o Secretário da Agricultura
Odacir Zonta e com outros setores dos governos estadual e
federal. A principal preocupação, no momento,
é ampliar a estrutura de transporte e distribuição
de água. Nesse aspecto, elogiou o trabalho das Prefeituras
e do Corpo de Bombeiros.
Desde dezembro não ocorre chuvas fortes no oeste do
estado e as precipitações atmosféricas
tem ficado muito abaixo da média dos últimos
32 anos: a região precisa de 170 mm por mês,
em média. Rios, riachos e correntes secaram, as pastagens
estão prejudicadas e a produção de leite
também será afetada.
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