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ESTIAGEM - ÁGUA COMEÇA A FALTAR NAS GRANJAS
rev 49 - janeiro 2002

Falta de chuvas no sul do país causa prejuízos na avicultura e suinocultura e prejudica a agroindústria catarinense. A estiagem que assola Santa Catarina desde o final do ano passado está criando problemas nas propriedades rurais que formam a base produtiva da agroindústria de processamento de aves e suínos; há morte de animais nos criatórios e algumas indústrias estão antecipando o abate.

O vice-presidente da Cooperativa Central Oeste Catarinense (Aurora) e presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, relatou que a situação se agrava a cada dia. Em cerca de 10% dos criatórios de suínos e em 4% dos criatórios de aves há falta de água.

A grandiosidade e a extensão dos segmentos de aves e suínos exigem o envolvimento das agroindústrias, das cooperativas filiadas, das Prefeituras e das guarnições do Corpo de Bombeiro no transporte de água. Centenas de veículos, inclusive distribuidores de esterco líquido desinfectados, estão servindo de carros-pipa para abastecimento dos rebanhos.

A capacidade potencial dos prejuízos – ainda não apurados – pode ser avaliada pelo abate total do Estado que é da ordem de 7.4 milhões de suínos e de 574 milhões de aves ao ano. Geralmente a partir de 4 horas sem água começa a 12 horas privado de água, ocorrem as baixas em suínos.

A Coopercentral Aurora é a maior abatedora de suínos em Santa Catarina: mantém um sistema integrado de produção que envolve 6.050 propriedades 106.000 matrizes e um alojamento permanente de 850.00 suínos que sustentam um abate mensal de 145.00 cabeças. Uma faixa de 8 a 10% (cerca de 600 propriedades e 85 mil animais) encontra-se em situação crítica.

No segmento de aves, a Aurora tem 1.260 propriedades integradas que mantêm 1.350 aviários e alojam 9 milhões de frangos. Essa estrutura de campo sustente um abate industrial mensal de 6,1 milhões de aves. Cerca de 4% (50 aviários e 350.00 aves) padece da falta de água. Para evitar perdas maiores, a indústrias está antecipando entre 5 e 10 dias a retirada dos lotes com problema de abastecimento.

O diretor de agropecuária da Coopercentral Aurora, Giberto Vasconcellos, prevê um sério agravamento da situação se não ocorrerem precipitações fortes dentro de dez dias. Os prejuízos para os criadores e indústrias não foram ainda calculados e decorrem da perda de animais e da redução do peso médio dos plantéis.

Milho

O presidente da Faesc observou que o suprimento de milho, neste ano, será prejudicado em Santa Catarina. A safra 2001/2002 registra, até agora, perdas de 30% que representam 300 mil toneladas a menos e R$ 55 milhões de prejuízos aos agricultores. Lamentou que a estiagem tenha anulado os ganhos de produção e produtividade obtidos pelo programa de expansão da cultura desenvolvido pelo Governo e cooperativas. José Zeferino Pedrozo está mantendo contanto diário com o Secretário da Agricultura Odacir Zonta e com outros setores dos governos estadual e federal. A principal preocupação, no momento, é ampliar a estrutura de transporte e distribuição de água. Nesse aspecto, elogiou o trabalho das Prefeituras e do Corpo de Bombeiros.

Desde dezembro não ocorre chuvas fortes no oeste do estado e as precipitações atmosféricas tem ficado muito abaixo da média dos últimos 32 anos: a região precisa de 170 mm por mês, em média. Rios, riachos e correntes secaram, as pastagens estão prejudicadas e a produção de leite também será afetada.


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