A
coleta, avaliação e seleção de
germoplasma forrageiros, especialmente para uso por caprinos
e ovinos, têm mostrado resultado que demonstram que
o uso racional dos recursos forrageiros adaptados e selecionados
é viável. Combinados com a pastagem nativa,
esses recursos permitem aumentar a eficiência e a sustentabilidade,
e ainda fortalecer o processo produtivo do agronegócio
da caprinocultura e da ovinocultura.
A Pecuária do Nordeste depende, basicamente, da pastagem
nativa que teve a capacidade de suporte reduzida em decorrência
do manejo inadequado da vegetação, apresentando,
conseqüentemente, baixo desempenho. Contudo, o potencial
para elevar a produção animal é amplo,
principalmente através da manipulação
da vegetação e/ou através do uso de pastagens
cultivadas ou de pastagens com propósitos específicos
tais como as legumineiras, as capineiras, e as cactáceas.
Para formação de pastagens cultivadas no Nordeste
brasileiro podem ser recomendadas as gramíneas dos
gêneros Cenchrus, Cynodon, Andropogon e Urochloa. O
capim-búfel (Cenchrus ciliaria) possui várias
cultivares desenvolvidas na Austrália (Biloela, Gayndah,
Molopo), e no Brasil (Áridus e CPTASA 7754) além
de ecotipos existentes na Bahia e norte de Minas Gerais. Essas
cultivares de capim búfel apresentam uma produção
média de 4000 kg/ha/ano com 8,5% de proteína
bruta de 43% de digestibilidade, além de boa produção
de sementes e alta resistêcia à seca.
O capim-gramão (Cynodon dactylon), cujo plantio é
feito por mudas, apresenta excelentes características
agronômicas, sendo uma boa opção para
a formação de pastagens cultivadas, para o enriquecimento
de pastagens nativas, e para a produção de feno.
O capim Andropogon (Andropogon gayanus) cv. Panaltina e o
capim-Corrente (Urochloa mosambicensis) também se constituem
como opções à formação
de pastagens cultivadas, e para o enriquecimento de pastagens
nativas.
Na formação de banco de proteína ou legumineira,
o leucena é uma das forrageiras mais promissoras para
a região semi-árida, principalmente pela capacidade
de rebrota durante a época seca, pela adaptação
as condições edafoclimáticas (solo e
clima) do Nordeste e pela excelente aceitação
por caprinos, ovinos e bovinos. O uso da leucena em banco
de proteína para pastejo direto ou para produção
de forragem verde, para produção de feno e de
silagem, para o enriquecimento da pastagem nativa e da silagem
de gramíneas, e para a produção de sementes,
mostra-se como uma alternativa viável para a agropecuária.
O guandu (cultivar Taipeiro) e a cunhã também
podem ser usadas na formação de banco de proteína,
e também para as outras formas de uso da leucena. As
leguminosas nativas, como a sabiá, a jurema preta,
o juazeiro, o carquejo, e a camaratuba podem ser também
usadas como bancos de proteína e para produção
de feno. Leguminosas como a catingueira e a canafístula
também pode ser usada para produção de
feno. A jurema preta e o jucazeiro, além de manterem
as folhas, também frutificam em plena época
da seca, sendo esta folhagem e os frutos muito apreciados
pelos caprinos e ovinos. As leguminosas introduzidas (leucena,
cunhã e gandu) apresentam sob condições
naturais de chuva uma produtividade de 4000 a 6000 kg/ha/ano,
já as nativas (sabiá, jurema preta,jucazeiro,
caafístula) produzem de 1200 a 2400 kg/ha/ano.
A formação de capineira, à semelhança
do banco de proteína, é de fundamental importância
em qualquer sistema de produção pecuário,
o que irá permitir uma alta produção
quantitativa e qualitativa de forragem ao longo do ano.Na
formação da capineira, o capim elefante como
várias cultivares é a forrageira mais cultivada
no Nordeste. Outras gramíneas, tais como Canarana erecta
lisa e as cultivares Tobiatá, Tanzânia além
do sorgo do milheto, e da cana-de-açúcar são
também opções viáveis no Nordeste.
Para determinadas condições e da foclimáticas
existentes no semi-árido, outra opção
viável é o cultivo de cactáceas. No Nordeste
são cultivadas duas espécies de palma: a Opuntia
ficus indica, com as variedades gigantes e redondas, e a Napolea
cochenillifera, com a variedade miúda ou doce. O consórcio
de culturas anuais com as cactáceas deve ser usado
como forma de diversificar o uso da área e de reduzir
custos. Uma alternativa para as áreas onde não
é viável o cultivo da palma forrageira pode
ser cultivada a melancia forrageira.
Outras plantas, como a mandioca e a maniçoba, podem
ser usadas na alimentação animal. A mandioca
pode ser na forma de raspas das raízes secas ao sol,
e a parte aérea dela e da maniçoba pode ser
fenada ou usada para melhorar a silagem do capim elefante.
O mais importante dessas forrageiras é que elas podem
ser cultivadas usando apenas adubo orgânico, adubação
verde, restos de culturas, cobertura morta, ou compostos orgânicos
com uma produção de 4,0 a 8,0 toneladas/hectare/ano
de forragem (matéria seca comestível) com qualidade
e com sustentabilidade para caprinos e ovinos. As plantas
forrageiras também podem ser usadas em sistemas intensivos
(que conta com irrigação e com adubação)
de produção de forragem para aprodução
de carne e de leite. Nesses sistemas são recomendados
os capins Gramão, Búfel Aridus, Elefante, Tanzânia
e leguminosas Leucenas, Cunhã e Guandu.
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