Os
métodos de controle utilizados no controle de doenças
de plantas vêm sendo aperfeiçoados com objetivo
de assegurar o uso correto e racional de produtos químicos,
ao mesmo tempo, preservar a rentabilidade da atividade ao
agricultor e diminuir os riscos que o uso constante de pesticidas
tem para a saúde humana e para o meio ambiente.
Por outro, há uma demanda crescente de consumidores
por alimentos que utilizem métodos alternativos no
controle de doenças. Neste sentido, o controle biológico
se constitui em demanda atual e de alta importância
para viabilizar a substituição do controle químico.
Sabe-se que as maiores oportunidades para viabilizar o controle
biológico encontram-se em situações que
permitam e/ou assegurem o estabelecimento dos antagônicos.
Estas condições ocorrem nos casos de doenças
causadas por patógenos que colonizam o substrato para
produção de mudas; daquelas que a infecção
se inicia pelas raízes das mudas nas que há
penetração por ferimentos naturais ou nos provocados
por manejo das plantas.
Condições favoráveis para o controle
biológico são também aquelas que ocorrem
em ambiente controlado onde é facilitada a instalação
dos antagonistas no sítio alvo. Neste grupo se incluem
as doenças que afetam vegetais produzidos em casa-de-vegetação
e as que ocorrem durante armazenagem desses produtos.
Nas fruteiras temperadas os primeiros avanços na pesquisa
e desenvolvimento do biocontrole de fitopatógenos foram
feitos na Europa e Estados Unidos. Os trabalhos pioneiros
foram feitos utilizando a estratégia de pré-inoculação
de mudas com uma estirpe não patogênica de Agrobacterium
tumefasciens para o controle de galha da coroa do pessegueiro
e a seleção de isolados de uma estirpe de Bacillus
subtilis para o controle da podridão parda de pêssegos.
Posteriormente, têm sido relatados trabalhos bem sucedidos
de biocontrole de patógenos que iniciam a penetração
por ferimentos de poda e o de organismos que colonizam ferimentos
de frutos em pós-colheita, de podridões de raízes
causadas por Phytophthora spp e por outros patógenos
como Roselinia necatrix e daqueles que atacam flores e frutinhos
tais como Erwinia amylovora em pomáceas, Monilina spp
em persegueiros e Botrytis cinerea principalmente em videiras,
morangueiros e outras pequenas frutas.
Inicialmente, os organismos utilizados no biocontrole de doenças
de fruteiras temperadas incluíram bactérias
que possuíam atividade antibiótica destacada.
Os trabalhos posteriores deram ênfase a esífitas
com destaque para as leveduras. Na procura de opções
para o controle biológico de Brytis cinerea e de fungos
do solo, porém, foi mais estudado o potencial para
o biocontrole de isolados de Trichoderma. O grande investimento
feito no mundo todo no biocontrole de fitopatógenos
não se tem refletido ainda no seu uso maciço
na agricultura. Porém, já há disponíveis
no mercado um grupo de biofungicidas para o uso em fruteiras
temperadas.
Considera-se que a demora na disponibilidade de maior número
de produtos eficazes e a baixa adoção deste
tipo de tecnologia tem sido causada por fatores como o estímulo
ao patenteamento de isolados não modificados geneticamente;
a perspectiva de uso e distribuição de produtos
para o biocontrole de doenças com igual abordagem que
a dada para os fungicidas químicos e, a falta de competitividade
de alguns dos produtos obtidos até o presente com as
alternativas disponíveis para a proteção
química.
No Brasil, os primeiros trabalhos de controle biológico
de fitopatógenos de fruteiras temperadas foram feitos
para se obter o controle de podridões de pêssegos
por M. fructícola em pós-colheita. Os isolados
antagônicos foram avaliados in vitro e em frutos tratados
preventivamente com isolados de B. subtilis e controlaram
de forma eficiente a doença. O biocontrole da podridão
parda foi recentemente estudada avaliando-se tratamentos com
antagonistas selecionados da flora epífita de frutos
obtendo-se controle parcial sob condições de
alta pressão de doença.
Outros trabalhos foram feitos na macieira e visaram integrar
o controle biológico no manejo integrado das doenças
e aproveitar aquelas situações que se apresentavam
como oportunidades para o sucesso de antagonistas. As pesquisas
desenvolvidas nesta cultura são listadas a seguir:
- A obtenção de isolados de Trichoderma viride
para evitar a recolonização por Phytophthora
cactorum, do solo de replantio de macieiras, parcialmente
esterilizado com doses baixas de folmaldeido. Este trabalho
visou substituir o uso de brometo de metila replantio de macieiras
em solo onde tinha havido morte de plantas causadas pelo ataque
de Phytophtora cactorum.
- A seleção de antagonistas para prevenir a
colonização de ferimentos de poda por Botrysphaeria
dothidea.
- A obtenção de antagonistas para o controle
de Penicillium expansum, Bretytis cinerea, Altenaria alternata,
Glomerella cingulata e de Pezicula malicorticis, principais
patógenos que infectam maçãs durante
o período pós colheita.
- O biocontrole de Rosellinia necatrix pela proteção
das raízes de mudas de maieiras e no solo de replantio
com Pantoea agglomerans e com Trichoderma viride, respectivamente.
O controle biológico de doenças do morangueiro
foi estudado no Sul do Brasil demonstrando-se a viabilidade
do controle de Botrytis cinerea com Glioclandium roseum em
morangueiros cultivados em estufas e a eficácia de
estirpes de Trichoderma para o controle de Rhizoctonia solani.
Na videira estudos de biocontrole foram conduzidos visando
reduzir as perdas causadas por Botrytis cinerea com isolados
epífitas e com isolados de Trichoderma e avaliaram-se
colonizadores endofíticos desta cultura para proteção
de mudas com o objetivo de reduzir as perdas causadas pela
fusariose.
O uso prático das tecnologias citadas ainda está
sendo estudado no Brasil e a sua adoção dependerá
principalmente da obtenção de formulações
adequadas para a produção em larga escala e
da adequação dos processos para o registro oficial
no país de produtos para uso no biocontrole de doenças.
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