Com
toda pompa e circunstância, o governo divulgou o Plano
de Safra 2001/02, que prevê um aumento nominal de 30%
nos recursos a serem disponibilizados, num total de R$ 14,7
bilhões que poderão chegar até R$ 16,6
bilhões, dependendo de retornos e re-empréstimos,
no prazo de 12 meses.
Uma análise do Departamento Econômico (DE) da
Faesp, mostra que esse crescimento em termos reais, desconta
a inflação do período, é
de 17% e, em dólares, mostra 1% de queda no montante,
em relação à temporada anterior.
Porém, no geral, a entidade considera que o plano é
bom e atende as principais reivindicações
da CNA Confederação Nacional de Agricultura.
Não obstante, queixa-se que, apesar das melhorias,
mais uma vez o programa não supera a necessidade da
existência de uma política agrícola definida,
com um horizonte de pelo menos 4 a cinco anos, que permita
aos produtores o planejamento dos investimentos necessários
à atividade. Reclama, ainda, que as medidas não
prevêem verbas para comercialização de
cada cultura impedindo que o agricultor planeje, adequadamente,
a próxima safra, principalmente as regiões com
maiores dificuldades logísticas de armazenagem e escoamento.
Os economistas da Faesp observam, também, que apesar
do aumento registrado na oferta de dinheiro, as exigências
de garantias e os níveis de capacidade de pagamento,
impostos pelos bancos ainda são um obstáculo
ao acesso e á utilização pelos produtores
do total do crédito posto à disposição.
Essa dificuldade acrescenta, somente será solucionada
com a criação de uma política de seguro
eficiente que minimize o risco da operação bancária
e facilite a tomada de empréstimos por grande
número de produtores, hoje alijados do financiamento
oficial.
Para ele, o governo precisa reconhecer a importância
de atividade produtiva rural para a sustentação
do desenvolvimento nacional, dando ao setor condições
para o planejamento dos investimentos e obtenção
de rentabilidade. Isso, no entanto, não impede que
apontem, como destaque a elevação dos limites
de custeio por beneficiário para as diferentes culturas,
representando uma adequação aos novos custos
de produção e mesmo ao tamanho médio
das propriedades, necessidades de agricultores e sistema de
produção.
Lembram, ainda, que o plano cria novas linhas de crédito
com recursos controlados, contemplando a pecuária,
construção de armazéns nas fazendas e
floricultura . A Finame também implantou uma carteira
de empréstimos para a avicultura, suinocultura, packing
houses e frigoríficos.
Com relação ao Finame Epecial, a Faesp aponta
que foram incluídos novos itens, com empréstimos
para a aquisição de equipamentos destinados
ás atividades: avicultura e suinocultura; unidade de
beneficiamento de sementes; unidades de beneficiamento de
sementes (UBS); packing houses para as agroindústrias
frutícola e apícola; implantação
e modernização de frigoríficos com atuação
no âmbito estadual e municipal; e beneficiamento e conservação
de pescados.
Quanto ao Proger Rural (Programa de geração
de emprego e renda), a entidade diz que, a partir desta temporada,
serão alocados R$ 100 milhões anuais para essas
operações, com taxas equalizadas pelo governo
e emprestados a juros de 8,75% ao ano. Para a Faesp, mesmo
que o montante seja reduzido, a iniciativa é importante,
pois representa o reconhecimento da inviabilidade de utilização
desse dinheiro a taxas de 13% a.a. A quantia, acrescenta,
pode ser elevada nos próximos anos.
Para o café, houve uma reformulação das
normas de crédito. Com essa medida, foram disciplinados
financiamentos dentro do programa com a seguinte oferta de
recursos: R$ 153 milhões para custeio da safra 01/02
e R$ 256 milhões para a próxima colheita. ainda
foi criada uma linha de crédito específica para
viabilizar aquisições de CPR (Cédula
de Produto Rural), amparando a renda antecipada da produção.
Além disso, foi prorrogado por mais 180 dias o prazo
de resgate dos financiamentos concedidos para estocagem do
produto tipo exportação.
Segundo a Faesp, também foram aprovados novos programas
de crédito de investimento e aprimorados
o lançados nas safras anteriores. Com isso, o volume
de recursos destinados ao investimento, a juros de 8,75% ao
ano, com dinheiro do BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico Social, foi levado para R$ 2,3 bilhões,
mostrando um acréscimo de 12,1% sobre os R$ 2 bilhões
destinados na temporada anterior. A soma das verbas dos Fundos
Constitucionais, Proger Rural e Finame Especial totalizam
R$ 3,8 bilhões.
Também houve ajustes nos programas em andamento, pois,
segundo a Faesp, neste ano agrícola, serão destinados
R$ 2,1 bilhões para a continuação de
projetos de investimentos específicos para regiões
e atividades consideradas prioritárias pelo governo
nas safras anteriores, a taxas de 8,75% ao ano. Dos onze programas
implantados, três permanecem sem alterações:
cajucultura, vitivinicultura e sistematização
de várzeas.
Os demais, como o Prosolo, Programa de Incentivo ao Uso de
Corretivos de Solo, terá um aumento no limite de financiamento
de R4 40 mil para R$ 80 mil por beneficiário/ano. A
área de abrangência é nacional e os recursos
estão orçados em R4 300 milhões. O Propasto,
Programa de recuperação de Pastagens, também
aumenta de R4 50 mil para R4 150 mil por agricultor/ano, em
todo território brasileiro, com recursos totais de
R4 400 milhões.
Já o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Aqüicultura
teve um aumento de 40% no orçamento que pulou de R4
50 milhões para R4 70 milhões. O limite de empréstimo
dobrou, pois foi fixado em R$ 80 mil, por pessoa/ano, contra
os R$ 40 mil anteriores. A partir deste ano serão incluídos
as espécies carpas, tambaquis/pacu, trutas, surubins
e camarões de água doce. O Moderfrota
Programa de Modernização da Frota de Tratores,
Implementos e Colhedoras, receberá R$ 900 milhões
para financiar aquisições na atual temporada.
O programa de fruticultura concederá até R$
100 mil, por produtor/ano, contra os R4 40 mil anteriores,
e o prazo também será dilatado para até
8 anos com três de carência. A apicultura também
foi contemplada, pois o modelo foi alterado para concessão
de crédito coletivo de até R$ 150 mil/ano, quando
o financiamento tiver finalidades comuns, observados os limites
individuais (R$ 20 mil).
A criação de ovinos e caprinos, teve o prazo
de pagamento ampliado para até 8 anos (5 anos antes),
com até 3 de carência. A abrangência do
programa passa a ser nacional, mas pelo menos 50% dos recursos
deverão continuar sendo aplicados no Nordeste. Na área
leiteira, o Proleiite aumenta o limite de financiamento de
R4 40 mil para R$ 60 mil/produto/ano e cria crédito
para compra de equipamentos de geração de energia
alternativa.
Como implantação de novos programas, a Faesp
aponta a construção de armazéns em propriedades
rurais, uma linha que disponibiliza R$ 100 mil/pessoa/ano.
Há uma expectativa sobre o aumento do volume de recursos,
pois, o montante atual beneficia apenas 1.000 produtores,
caso a captação ocorra pelo valor máximo.
Para a floricultura, o governo destinou R$ 30 milhões
para acelerar o desenvolvimento do setor, melhorar a qualidade
e produtividade, aumentar as exportações e substituir
importações. Os beneficiários terão
os financiamentos limitados a R$ 50 mil/ano. Com relação
aos preços mínimos, a Faesp afirma que não
houve alterações significativas, exceto no algodão,
que teve uma alta de 6%, e uma queda de 5% no arroz.
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