A
raça desenvolvida em São Carlos vive um momento
bastante favorável, com mercado aquecido e boa demanda
em todas as promoções, reflexo do sério
trabalho de seleção que vem sendo desenvolvido
por todos criadores e pela Embrapa. Os canchinzeiros comemoram,
porém, mostram-se conscientes de que essa evolução
estará sempre vinculada ao próprio desenvolvimento
genético da raça.
Uma seqüência de leilões com resultado expressivo,
como o do Ilma, em agosto, foi suficiente para dar ao mercado
do Canchim um novo contorno. Mais do que ver essa boa
demanda em todas as promoções é entusiasmante
registrar o retorno à raça de alguns criatórios
de expressão que já trabalharam com o Canchim
em outra época. Esse pessoal conhece muito bem o gado
e não está voltando á toa, sabe o que
está comprando, afirma o presidente da ABCCAN,
Deniz Ferreira Ribeiro, garantindo que o crescimento do mercado
Canchim está se dando em bases sólidas.
Contando hoje com qualidade e um padrão bem mais definido,
o Canchim busca agora a quantidade necessária para
atender a essa demanda por animais eficientes na reprodução
em regime exclusivo de campo, abrindo uma oportunidade para
potenciais criadores de Canchim puro, usuários em touros
da raça, de se tornarem também fornecedores
de genética Canchim e explorar um mercado ascendente.
Isso, porque é muito fácil para um usuário
da raça em programas de cruzamento com o zebu se tornar
um criador, pois ele dispõe de tudo o que precisa na
propriedade (Canchim e zebu Nelore) e pode chegar a
um grau de sangue estabilizado, com produtos que nunca ultrapassam
os 5/8 sangue, já na terceira geração,
permitindo a produção do Canchim puro num espaço
de tempo muito curto.
Essa demanda reprimida por touros de campo e as possibilidades
que o mercado apresenta hoje foram, sem dúvida, os
principais motivadores a volta à raça da Charonel
Agropecuária, criatório tradicional, cuja história
se funde com a própria história do Canchim.
Responsável pelo trabalho da Charonel, José
Otávio Junqueira aponta fatos que, segundo ele, atestam
a solidez na evolução da raça. Para Junqueira
nos últimos anos os pecuaristas se tornaram mais profissionais,
consciente da necessidade e esperançosos diante do
grande potencial que o País apresenta; pois tem o maior
rebanho comercial do mundo.
Provas deste pensamento estão nos próprios índices
zootécnicos do rebanho brasileiro, que diminuiu a idade
de abate, melhorou a terminação, aumentou o
rendimento de carcaça e melhorou substancialmente a
qualidade da carne produzida. Portanto, na visão de
José Otávio, o cenário está montado
para uma expansão e, conseqüente, uma valorização
do Canchim: raça que investiu pesado em pesquisa junto
a órgãos confiáveis e municiou todo o
setor com informações e oferta de animais provados
e modernos. Como boa parte dos pecuaristas já sabem
distinguir modismo de resultados, a demanda pelo Canchim aumentou.
O presidente da Associação, Deniz Ferreira Ribeiro,
compartilha do raciocínio: No início da
última década, conseguimos definir um padrão
racial, com uma carcaça moderna e conferimos à
base genética índices zootérmicos compatíveis
às necessidades mais exigentes de melhoria do rebanho
nacional, justifica. Mas, de qualquer forma, ainda é
preciso diferenciar as demandas aquela proveniente
do criador de Canchim, que precisa ampliar e melhorar a sua
oferta, e a dos produtores de carne, que procuram o touro
Canchim para trabalhar no cruzamento industrial.
Wilson Gottardi é contundente nesta distinção.
Para ele, São Paulo é um centro selecionador
que concentra os principais criatórios de Canchim;
logo, a demanda é por animais de elite, melhoradores
genéticos, e por outros ampliadores da base dos plantéis.
A valorização desse tipo de oferta é
distinta, por exemplo, da demanda de Estados como Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul e Goiás, pólos produtores
de carne, que procuram reprodutores para trabalhar em vacadas
azebuadas. Contudo, menos neste último caso, Gottardi
destaca que um tourinho não está saindo por
menos de R$ 2,5 mil a R$ 3,5 mil, faixa que se mostra bastante
confortável e de boa liquidez para qualquer criador.
Aliás, esta observada valorização dos
tourinhos e das fêmeas mais comerciais é que
está motivando os selecionadores a investir em aumento
de plantel e em genética mais apurada. Para se ter
uma idéia, as fêmeas criadas a campo comercializadas
no 1º Leilão da Ilma e Convidados, em julho último,
registraram média de R$ 3,8 mil, contra R$ 3 mil dos
touros no mesmo regime. Naquele dia, a oferta não foi
pequena e o remate comercializou quase 90 animais da raça.
Na ocasião, uma desses animais de exceção,
Jane do Ilma, Grande Campeã Nacional, foi vendida por
R$ 70 mil.
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