O
mercado brasileiro de fertilizantes finais cresceu 1% no segundo
trimestre de 2001, entregando 2,72 milhões de toneladas,
volume este ligeiramente superior ao do segundo trimestre
de 2000 que foi de 2,69 milhões de toneladas. O volume
de fertilizantes entregue até maio vinha sendo inferior
ao mesmo período do ano anterior, em grande parte pela
não antecipação das compras de fertilizantes
para soja (ocorrida em 2000) e pelos baixos preços
do milho.
Com a recuperação parcial dos preços
da soja em meados de maio e a proximidade da safra, os volumes
entregues em junho foram os mais altos dos últimos
anos para esse mês. Historicamente, este é o
período de pouca expressão para o mercado de
fertilizantes, pois os grandes volumes de fertilizantes entregues
antecedem o plantio de verão (segundo semestre) e,
em menor escala, o período chamado safrinha
(primeiro semestre). Os dados da Associação
Nacional para Difusão de Adubos, Anda, demonstram que
a produção nacional de fertilizantes totalizou
7.356 milhões de toneladas e a importação
representou 9.703 milhões de toneladas. Já o
consumo no ano passado, entre janeiro e novembro ficou em
15.028 milhões de toneladas, um crescimento de 19,3%
sobre 1999. O mercado nacional engloba hoje 125 empresas,
sendo que com a globalização, as marcas mais
fortes estão nas mãos de empresas multinacionais,
operando mais com marcas que com a antiga estrutura corporativa.
Um bom exemplo deste cenário foi desenhado pela mega
empresa Bunge e Born, um conglomerado que atua na área
de alimentos, infraestrutura, fertilizantes, internet e vários
outros ramos. No Brasil, começou a formar o seu portfólio
no setor no setor de adubos a partir da aquisição
de várias marcas importantes como a IAP, Ouro Verde,
Serrana, Fertisul e, no ano passado, uma das mais tradicionais
que é a Manah.
A partir desta última foi formada a Bunge Fertilizantes
que segundo o seu presidente, Mário Alves Barbosa,
já nasceu como a maior produtora de fertilizantes da
América Latina e atende aproximadamente 30% do mercado
brasileiro, produz 5 toneladas anuais de adubos. É
a única no setor que atua totalmente verticalizada
porque detém desde a mineralização do
fosfato, em Araxá e Cajati, até a aplicação
dos fertilizantes através da agricultura de precisão.
Detém ainda 52% do capital da Fertifós, controladora
das produtoras de matérias primas Fosfértil
e Ultrafértil. Outras empresas que são exemplos
deste processo são a Adubos Trevo, do Rio Grande do
sul, que há cerca de um ano passou para as mãos
da norueguesa Hydro e a Copebrás que é controlada
pelo grupo sul-africano Anglo American.
O uso de fertilizantes está passando por um novo conceito
a partir do estabelecimento do plantio direto com norma de
plantio no país. Antes desta tecnologia, o consumo
de adubo era maior porque a terra era resolvida a cada preparo
de plantio. E o processo era repetido. Mexia a terra, aplicava
calcário para a correção do solo, adubo
para repor os nutrientes e por fim, a semente.
Como se sabe, com o plantio direto, o trabalho de preparação
do solo é bem menor o que leva a uma redução
no uso de fertilizantes. O processo de formar uma cobertura
de proteção do solo, evita que a chuva lave
a terra e, com isto carregue os nutrientes. Mas mesmo assim,
sempre é necessária uma reposição
deste insumo na medida em que a cultura que foi retirada desta
área levou consigo, grande parte do nitrogênio,
fósforo, e potássio, elementos que compõem
os fertilizantes.
Segundo o engenheiro agrônomo e mestre em solos, Geraldino
Peruzzo, que trabalha na Embrapa Trigo, em Passo Fundo, RS,
o que vai determinar o volume a ser reposto e a sua formulação
é a área escolhida para o plantio e a cultura
a ser plantada. Peruzzo diz que em geral, os solos são
carentes em fósforo, por isto as fórmulas destes
produtos contemplam sempre uma quantidade maior deste elemento.
Quanto ao solo ele ressalta que aqueles com maiores composições
de argila (55%) necessitam de uma carga média de adubo.
Já os arenosos são os mais exigentes deste insumo.
O agrônomo comenta que entre as culturas, a soja é
mais exigente em termos de potássio e fósforo
em relação ao nitrogênio. A vantagem desta
cultura é que ela absorve em suas folhas o nitrogênio
do ar e deixa um forte resíduo deste elemento no solo.
Bom para as outras culturas que serão plantadas
nesta área, ressalta, acrescentando que quando
o produtor vai introduzir uma cultura de inverno como a cevada
ou o trigo, vai precisar de uma fórmula com menor concentração
do nitrogênio. Já o milho não fixa
o nitrogênio e quando for plantado vai precisar de um
reforço na fórmula do fertilizante, diz.
Por causa deste processo biológico é que também
se recomenda a rotação de culturas. Conforme
Peruzzo, uma planta vai deixando um pouco para a outra, numa
simbiose importante para o solo e a natureza. Sem falar
no fato de que vão realizando um controle natural das
doenças, ressalta. O técnico diz que a
média calculada hoje, para um hectare de milho, trigo
ou soja é o uso de 200 a 300 kg. Isto deve resultar
em uma produção em torno de 6 mil kg, 2 mil
kg e 3 mil kg/há, respectivamente.
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