Tratores
de 70 a 100 cv, os bandeirantes da mecanização
agrícola no Brasil, têm em comum uma faixa de
potência que agrada e serve para todo o tipo de serviço
rural, do pequeno ao grande produtor.
Segundo o professor desmecanização agrícola
da Universidade Federal do Rio Grande do sul, Carlos Trein,
por esta razão estes tratores são hoje o maior
volume de vendas entre todos os que existem no mercado.Até
porque, a necessidade de aumento de potência é
mais recente, com o advento da fronteira agrícola no
centro-oeste e da introdução, nos anos 70, da
técnica do plantio direto, explica.
Um dos produtos que confirmam este cenário é
o MF 275, fabricado pela AGCO do Brasil, proprietária
da marca Massey Ferguson. Este modelo é considerado
o trator mais vendido na história da mecanização
agrícola do Brasil. Conforme o gerente de marketing
de produtos agrícolas e industrial da AGCO, Leandro
Marsili, a cada 100 tratores que saem das fábricas,
20 são MF 275, que está a mais de 20 anos no
mercado brasileiro. Marsili acrescenta que na faixa de potência
que varia entre 70 a 100 cv a AGCO possui cerca de 13 modelos,
inseridos nas séries MF 200 e MF 5000, que tem cerca
de três anos no mercado. O gerente complementa que os
modelos com esta potência representam em todo mercado,
cerca de 69% e para a AGCO, 55%. Isto porque eles são
muito versáteis e podem ser colocados em todo tipo
de serviço, explica.
Na opinião de Marsili, uma das características
que justificam o sucesso do MF 275 é a sua versatilidade.
Ele tanto pode ser visto levando sal para colocar nos cochos
da boiada, como no preparo do solo ou carregando cana cortada
para dentro dos treminhões. Outro fator que atrai é
o preço, situado entre os R$ 32 mil, modelo básico.
Já os que têm mais recursos, podem chagar aos
40 mil. Mas a Massey também buscou ampliar as opções
em tecnologias. Ao lançar a série 5000 inserida
na mesma faixa de potência, incorporou novidades na
ergonometria, no design e no acionamento de alguns componentes
como a tração, que deixaram de ser mecânicos
para serem hidráulicos. Esta série conforme
o comentário de Marsili tem vendido a média
de 2% ao ano, o que demonstra uma boa aceitação
por parte do mercado, ressalta. Ele complementa dizendo
que sempre que os preços dos produtos agropecuários
estão bons, e o produtor captalizado, na hora da troca
do trator, ele busca adquirir um 5000 pelas novas características
que oferece.
É uma faixa de potência que explica muito
bem como é a agropecuária no Brasil, um país
muito grande, com uma diversidade de culturas, de solos e
climas. Por isso precisam ser versáteis, resistentes
e com o mínimo de tecnologia disponível, para
realizarem suas operações de forma eficiente,
declara o diretor comercial adjunto da John Deere, Paulo Herrmann.
Segundo esta é a faixa mais importante do mercado atualmente,
porque é aonde se concentram os grossos das vendas.
Para a John Deere, por exemplo, os modelos que possuem esta
potência, (5600 com 75 cv e 5700 com 85 cv), representam
entre 20 a 25% do total das vendas da fábrica. Herrmann
salienta que esta aceitação ou até busca
por tratores com esta potência, se dá mesmo em
grandes propriedades. Apesar delas utilizarem modelos com
mais potência nas suas tarefas de plantio e acabam tendo
tratores desta potência para realizarem pequenos plantios
ou pulverizações, ou mesmo para carregarem
com adubo ou sementes, lembra o executivo.
O assessor de imprensa da Valtra, Airton Sponda, concorda
com Herrmann e salienta que hoje com o crescimento da fruticultura
no Brasil, em várias regiões, por sinal, os
tratores que têm esta potência, vão continuar
tendo um bom mercado. A Valtra tem oito modelos para este
mercado que, para a empresa, corresponde a cerca de 23,9%
das vendas totais.
Afirmando que possuem um mix de produtos mais equilibrados,
o gerente de marketing de tratores de New Holland, Davi Kruklis,
informa que a empresa possui sete modelos que cobrem de 65
a 100 cv, englobados na linha TL e que eles representam 65%
das vendas da companhia.
São os chamados multiuso, que fazem operações
de pulverização, carregando, plantio em pequenas
áreas, entre outras atividades, afirma. Davi
diz que apesar de serem os que mais possuem uma série
de tecnologias embarcadas. Nosso conceito agora é
de que precisamos oferecer o melhor. Portanto o mesmo trator
que está sendo usado na Europa, é disponibilizado
aqui no Brasil, assegura o executivo. Segundo ele, isto
tem que ser feito porque o produtor rural brasileiro está
querendo inovações que melhore o desempenho
e a eficiência dos tratores, na hora do trabalho. E
isto vai acontecer cada vez mais, prevê Davi.
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