O
primeiro semestre deste ano marca o início da recuperação
das vendas de sêmen, conforme informação
de Donário Lopes de Almeida, presidente da Associação
Brasileira de Inseminação Artificial, embora
a entidade ainda não tenha um balanço fechado
para fornecer números mais precisos (o mesmo ocorre
com as principais centrais de inseminação).
Apesar disso, para os representantes das principais centrais
de inseminação do país, esse processo
ainda é lento, o que faz com que o Brasil tenha apenas
8% dos criadores de gado leiteiro utilizando-se da técnica.
No caso da pecuária de corte, então, situação
é ainda pior: só 4% dos criadores utilizam a
I.A. Precisamos encontrar mecanismos que acelerem esse crescimento.
Não se pode admitir um país com uma pecuária
igual a nossa, alicerçada em cruzamento, tenha uma
participação tão inexpressiva como essa
na inseminação, afirma Maurício José
de Lima, gerente de marketing da Lagoa da Serra, uma das maiores
empresas do setor no país, que acaba de completar 30
anos, e espera negociar este ano aproximadamente 1,5 milhão
de doses, ou seja, cerca de 23% do mercado nacional, o que
representa um crescimento de 14% em relação
ao período anterior.
Lima aponta como um dos maiores entraves para o crescimento
da inseminação no Brasil a falta de mão
de obra especializada. É por isso que a empresa está
empenhada em investir na formação e reciclagem
de inseminadores. Em seus 30 anos da existência, a Lagoa
já treinou mais de 50 mil inseminadores. Hoje ela ministra
cerca de 48 cursos por ano, acrescenta ele, lembrando que
o produtor também deve fazer a sua parte: Por se tratar
de uma tarefa aparentemente simples, o fazendeiro, muitas
vezes, acaba escolhendo para a função um funcionário
qualquer. O que ele não se dá conta é
que a responsabilidade do inseminador vai bem mais adiante
do que a manipulação do sêmen simplesmente.
Ele tem o controle de todo desempenho reprodutivo do rebanho,
podendo reunir informações muito importantes
para a criação.
O aquecimento pode trazer alguma recuperação
também nos preços praticados pelas empresas
fornecedoras do produto, pois a queda nas vendas de 1999 e
2000, bem como as altas do dólar, achataram os preços.
Mas se Donário é contundente ao afirmar que
a conjuntura econômica é o principal determinante
nos comportamento das vendas de sêmen, alguns fatos
isolados mostram o contrário, como no caso das raças
Gir Leiteiro e Jersey. Já no ano passado, a demanda
provocada pelos cruzamentos, sempre visando levar ao rebanho
rusticidade sem perdas de produtividade, impediu que as duas
raças encolhessem sua participação no
mercado. Em 2000, todas as outras raças fecharam o
período com queda nas vendas. A raça Jersey,
especificamente, vem nos últimos meses investindo pesado
na sua utilização em cruzamento. De qualquer
forma, Cláudio Aragon, técnico da Semex do Brasil,
informa que depois de uma fase de estagnação,
com várias liqüidações de plantel,
a raça começa a se movimentar, inclusive com
a ampliação de rebanho dos selecionadores mais
antigos. O novo crescimento, para Aragon, também é
fruto do esforço da diretoria da Associação
da raça. Falta porém, na sua visão, o
surgimento de novas linhagens de touros. O técnico
espera já o sumário de touros de julho, a performance
de um reprodutor australiano, hoje trabalhando no Canadá.
Segundo Aragon, a performance deste touro pode marcar o início
do fim da estagnação de linhagens Jersey.
Outra raça que também anuncia um incremento
das vendas neste primeiro semestre de 200 é a Girolando.
Jesus Lopes Júnior, gerente de teste de progênie
da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando,
informa que depois de vender apenas 17,5 mil doses de sêmen
em 2000, semente a Alta Genetics, nos seis primeiros meses
deste ano, comercializou 10 mil doses de sêmen. Para
Jesus, os resultados da progênie de 20 touros, entre
5/8 e 3/4 holandês, alavancaram as vendas.
Por ser uma raça proveniente de cruzamento, a formação
de plantel Girolando ainda exige sêmen de touros Gir
Leiteiro e Holandeses. Benfeitor da Calciolândia, Cajú
de Brasília, CA Everest e Nobre da Calciolândia
são reprodutores Gir que apresenta maior demanda. Entre
os holandeses, destacam-se Bellood, de uma nova linhagem,
e Astry, Jurist, Juror e Grand Slam.
Especificamente para sua própria seleção,
a holandesa também foi uma raça que fechou 2000
com queda na venda de sêmen. Vale lembrar que a raça
movimenta 72% deste mercado. Segundo Luiz Fernando Sampaio,
supervisor de pecuária de leite da Lagoa da Serra,
mesmo sem ter números mais precisos, o primeiro semestre
de 2001 vai apresentar crescimento de vendas. Dois touros
lideram a performance do Holandês: Bloke, filho Celsius
e irmão de Swinger, um dos touros mais positivos para
a produção de leite de todos os tempos; e Cash,
touro que não é novo, mas que está sendo
relançado, graças á sua grande positividade
para a produção de sólidos. Em sua prova,encontram-se
mais de 40 mil filhas, somente na Holanda. Para Luiz Fernando,
alguns laticínios do Sul do País estão
remunerados altos teores de proteína e gordura, no
leite. Como conseqüência, os criadores estão
tentando melhorar este item.
Este aliás, é um fato que vem favorecendo a
raça Pardo-Suíço. Depois de uma boa queda
no número de doses vendidas, a raça pode assistir
a um incremento maior nas vendas de seus sêmen, ainda
em 2001, se acabarem as restrições ao produto
importado de alguns países da Europa, hoje, proibido
de entrar no Brasil a vaca louca. Segundo Fernando
da Rocha Kaiser, superintendente técnico da Associação
Brasileira de Criadores de Gado Pardo-Suíço,
o selecionador da raça está buscando maior rusticidade,
um característica bastante acentuada da genética
européia. Touros como Miro e Victor, da Suíça,
e Gordon e Oberon, da Itália, além de trazerem
rusticidade, ainda jogam um pouco de cobertura muscular, essencial
para os animais que têm sua exploração
em regime de pastejo. Pelo lado maior demanda, o sêmen
proveniente da seleção norte-americana, Jamstone
e Pawnee, filhos de Jetway muito bons para o tipo e leite,
além de Pacer, filhos de Solution, que dá força;
e Denmark (de Tradition), são bolas da vez.
|