De
uma maneira geral, sabemos que os bovinos, a medida que experimentam
infecções helmínticas sucessivas após
nascimento, iniciam o desenvolvimento de imunidade no sentido
de controlar tais infecções quando atingirem
idade mais avançada. Deste modo, espera-se que já
á partir dos 24 meses de idade, em condições
normais (nutricionais mostram-se aptos imunilogicamente no
sentido de sofrerem menores prejuízos quanto ás
helmintoses.
O processo desse desenvolvimento imunológico ocorre
especialmente devido a substâncias liberadas por estágios
imaturos dos vermes pós-infecção. Assim
naqueles momentos de muda entre os estágios larvais
ocorridos na parede ou vilosidades do sistemas gastrointestinal
ou pulmonar (L3 L4 L5), ocorre a liberação
do líquido de Desencapsulamento, uma substância
extremamente antigênica e imunogênica, que estimulará
o desenvolvimento e manutenção o grau de imunidade
contra as helmintoses.
Porém independentemente do grau de imunidade apresentado,
algumas situações podem determinar a quebra
desta imunidade, acarretando grandes prejuízos. Dentre
estas situações destacam-se o aspecto nutricional
(privações em quantidade e qualidade dos alimentos
fornecidos; situações de lata exigência
energética por exemplo no pós parto imediato
até o alcance do pico de lactação
40 a 60 dias pós-parto); epidemiológico (exposição
dos animais a ambientes com altas cargas parasitárias;
facilitar o encontro parasita-hospedeiro piquetes pequenos
com grande número de animais, por exemplo); fisiológico
(secreção, pelo próprio animal, de substâncias
imunodepressoras cortisol em situações
de stress ou próxima ao parto; priorização
das fontes nutricionais para a produção de leite
e reprodução em detrimento a expressão
da imunidade, como também ocorre no pós-parto
imediato); e patológica (ocorrência de doenças,
como por exemplo a Metrite Puerperal, Mastites, Pneumonias,
etc.). Com relação a queda de imunidade no pós-parto
imediato, trabalhos também associam este fenômeno
a níveis crescentes de prolactina secretados á
partir de 4 a 8 semanas pré-parto, levando a queda
da imunidade tanto celular quanto humoral para helmintoses.
Tal fenômeno é mais destacado em novilhas de
1 a cria que em vacas mais velhas por razões óbvias,
pois tais animais ainda encontram-se em fase de desenvolvimento
corporal, têm sua primeira experiência quanto
a gestão e lactação ou encontram-se já
desgastados devido a várias gestações
e lactações ocorridas.
Avaliações
da carga verminótica em vacas
Um
Estudos realizados em Minas Gerais, trabalhando-se com a avaliação
dos resultados de Contagens de OPG (Ovos de Vermes por grama
de fezes) em vacas de corte (nelore) de 1a , 2a e 3a crias,
demonstrou a ocorrência de um pico destas contagens
entre aproximadamente a 4a semana pré-parto até
aproximadamente entre a 5a e 7a semanas pós-parto.
Os resultados das Contagens de OPG sempre foram mais elevados
nas novilhas de 1 a cria.
Tem-se demonstrando que em animais adultos, ocorre um aumento
no período pré-patente (fase que vai desde a
infecção do animal por larvas de vermes até
tais larvas atingirem o estágio adulto no animal e
iniciarem o estágio adulto no animal iniciarem a postura
de ovos) das infecções helmínticas e
além disso em condições normais, o número
de ovos postos por fêmeas adultas de helmintos que estejam
parasitando tais animais geralmente está diminuído.
Portanto métodos diagnósticos como Contagem
de OPG esporádicas podem mascarar o real grau
de infecção no animal, com resultados negativos
não implicando ausência de infecção,
as vezes pesada, em bovinos adultos. Além disso, a
produção de ovos varia quantitativamente de
acordo com a espécie de verme predominante no animal
e temos ainda o fenômeno da hipobiose (inibição
da evolução da evolução dos estágios
larvários de determinados vermes, na parede do sistema
gastrointestinal dos animais infectados, retardando o surgimento
dos estágios adultos e portanto a postura de novos
ovos), que pode ocorrer em condições climáticas
desfavoráveis ao parasita. Portanto outros meio para
diagnóstico parasitológico em bovinos podem
demonstrar melhores resultados quanto a real situação
parasitológica do animal, dentre estes exames destacam-se
a pesquisa do pepsinogênio, gastrina e anticorpos específicos
(ELISA) no soro sangüíneo dos animais. Estes últimos
métodos necessitam ainda de standartização
e outras aprimorações.
Atualmente o melhor método diagnóstico é
pesquisa dos parasitas em animais abatidos ou mortos. Estudos
realizados em Frigoríficos na Europa demonstraram que
entre 83 a 560 de vacas leiteiras abatidas tinham carga verminótica
variável entre 1.000 a 225.000 parasitas por animal.
O gênero Cooperia spp e a Ostertagia ostertagi foram
os mais freqüentes. Num estudo realizado na Holanda 96%
das vacas leiteiras examinadas eram positivas a verminose,
destas 76% mostram cargas moderadas e 20% altas cargas (>10.000)
de nematodas. Em outro estudo, realizado na Bélgica,
91% das vacais abatidas eram positivas, sendo que 76% mostravam
cargas moderadas e 15% altas cargas de nematodas. Estes estudos
demonstram claramente que, apesar de adultos, as vacas apresentam
cargas de helmintos significativas o que sem dúvidas
poderá refletir negativamente na produtividade destes
animais.
Efeitos
do Parasitismo Gastrointestinal na Produtividade
Vários
trabalhos têm demonstrado os efeitos negativos do parasitismo
gastrointestinal sobre a produtividade nos bovinos. Os parasitos
além de determinarem lesões que influenciarão
a digestibilidade e absorção dos nutrientes
também determinam transtornos bioquímicos que
culminarão com o pior metabolismo das proteínas,
açucares, gorduras e minerais, particularmente o cálcio
e o fósforo. Entretanto o efeito mais marcante do parasitismo
gastrointestinal sobre a produtividade, sem dúvida,
é a redução do apetite.
A queda no apetite em animais jovens parasitados, pode chegar
a 77%. Associando-se esta informação a fisiologia
em vacas leiteiras no pós-parto imediato, podemos deduzir
as conseqüências do parasitismo nestes animais
nesta época crítica. Sabe-se que as vacas, especialmente
aquelas de produção leiteira mais alta, nos
primeiros 40 a 60Dias pós-parto, entram no chamado
período de Balanço Energético Negativo.
isto acontece porque as vacas necessitam de grandes quantidades
de energia nessa fase da lactação, a fim de
atingir o pico máximo de produção leiteira.
Este fato oderá ser agravado caso tais animais não
recebam o manejo nutricional adequado durante as 3 semanas
logo anteriores ao parto (fase de transição).
Assim estes animais não conseguem ingerir a energia
necessária e tentam este déficit energético
lançando mão de suas reservas corporais de gordura,
acumuladas principalmente no período final da gestão
e durante o período seco da lactação.
A conseqüência será perda de peso e, dependendo
da intensidade deste fenômeno um maior período
de serviço ou mais dias em aberto, comprometendo a
produção de leite total durante a vida útil
do animal (menor número de partos/lactações).
Então, agregando as informações acima
juntamente a informação anterior de queda da
imunidade contra helmintos que ocorre no peri-parto, percebemos
o efeito nefasto destas parasitoses sobre a produtividade
nos animais leiteiro nesta época fisiológica
das mesmas. Avaliando-se 87 Estudos sobre o efeito do controle
das verminoses sobre a produção de leite em
rebanhos especializados, observa-se que em 80% destes Estudos
(70) houve efeito positivo entre o tratamento e a produção
leiteira das vacas tratadas, quando comparadas a vaca ocorreram
imediatamente antes, durante ou após a lactação
(período seco), em animais naturalmente infectados
ou infectados artificialmente. Assim vacas naturalmente infectadas
receberam entre 1 e 3 tratamentos durante o período
seco; outras imediatamente antes ou logo após o parto;
outras na metade da lactação; e outras no início
da lactação ou estrategicamente durante o ano.
Os produtores empregados pertenciam aos grupos dos organofosforados,
benzimidazóis, imidazotiazóis e Lactonas Macrocíclicas.
Assim comparando-se produção leiteira das vacas
tratadas com vacas controle sem tratamento, conclui-se que
os animais tratados produziram em média +0,63 kg de
leite/dia, do que os animais controle. Além disso,
em 35 desses Estudos também foi avaliada a produção
de gordura no leite. Em 74% dos mesmos (26 dos 35 Estudos)
houve maior teor de gordura no leite de animais tratados quando
comparados a vacas controle, totalizando + 2,1 kg de gordura
no leite das vacas tratadas, considerando-se toda a lactação.
Segmentando-se os Estudos, em 15 de 19 dos mesmos em que se
avaliou a produção de leite vacas tratadas na
metade da lactação ocorreu aumento entre 0,25
e 2,11 kg/dia. Num destes Estudos um grupo de vacas infectadas
(estavam a pasto) e outro de vacas não infectados foi
mantido em Free Stall. Parte das vacas infectadas recebeu
tratamento antihelmíntico com a outra parte mantendo-se
como controle não tratado. Durante 28 dias após
o tratamento, a produção dos animais foi monitorada,
sendo que as vacas tratadas produziram + 1,48 kg de leite/dia
do que as vacas infectadas não tratadas, sendo a produção
das vacas tratadas semelhante a produção das
vacas não infectadas.
Em 34 de 43 Estudos quando as vacas foram tratadas entre o
período seco e a segunda semana de lactação
o aumento na produção de leite variou entre
+0,05 a + 2,07 kg/dia. Em 16 Estudos com tratamentos administrados
continuamente ou tratadas estrategicamente durante o ano,
a resposta na produção de leite variou de 0,36
a + 3,16 kg/dia. Como foi mencionado, nos Estudos anteriormente
citados empregaram-se vermífugos dos diversos grupos
químicos disponíveis. Observou-se que as respostas
sempre foram mais consistentes com o emprego de Lactonas Macrocíclicas
(Ivermectin, Epinomectin) na maioria (97%) destes estudos.
Assim, dentre aqueles 43 estudos em que as vacas sofreram
tratamento durante o período seco da lactação,
em 5 deles o Ivermectin Merial foi empregado e em todos os
5 Estudos houve resposta positiva ao tratamento com Ivermectin
(+0,40 a +0,88 kg de Leite/vaca/dia). A resposta do tratamento
com Eprinomectin em vacas leiteiras no peri-parto foi avaliada
num Estudo em três regiões da Nova Zelândia,
empregando-se 742 animais (182 novilhas de primeira cria e
560 vacas). O tratamento com Eprinomectin foi administrado
dentro da primeira semana pós-parto em metade dos animais
considerando-se a ordem de parição (1 a, 2 a,
3 a etc cria) data provável do parto, produção
de leite anterior (vacas) ou valor genético ( novilhas).
Além de Estudos avaliando-se a produção
de leite, também Estudos avaliando-se a performance
reprodutiva em vacas leiteiras após o tratamento com
antihelmíticos foram realizados. Num destes Estudos,
realizados na Austrália, 498 vacas foram alocadas pertencentes
a 5 rebanhos, foram alocados em dois grupos de tratamento
segundo a ordem de parição, condição
corporal, data provável do parto e produção
de leite na lactação anterior. Metade dos animais
receberam tratamento com Ivermectin 1% Injetável durante
o período seco da lactação e a outra
metade permaneceu como controle não tratado. O grupo
de vacas tratadas apresentou em média menos 4,8 dias
em aberto que o grupo controle. Além disso produziram
74 litros de leite a mais nos primeiros 100 dias após
o tratamento. Assim, percebe-se claramente os benefícios
de tratamentos antihelmínticos com modernas moléculas
de Lactonas Macrocíclicas. Portanto o tratamento com
Eprinomectin (r) 0,5% no dia do parto dos animais proporcionaria
aproximadamente +128,1 kg de leite/vaca durante o período
de lactação (305 Dias). Além disso obtivemos
menos 12,9 dias em aberto, 0,28 serviços doses de sêmen
a menos por vaca prenhe, uma taxa de prenhez ao primeiro serviço
bastante expressiva (58%) e um número bem maior de
animais prenhes após 4 serviços (89% contra
78%). Com relação aos índices alcançados
no primeiro serviço poderíamos extrapolar que
o tratamento com Eprinomectin (r) pode proporcionar uma perda
de peso menor nos animais naquele período crítico
do pós-parto (Balanço Energético Negativo).
Conclui-se que apesar da idade, as vacas leiteiras na maioria
das vezes apresentam cargas parasitárias que interferem
negativamente em seus índices de produtividade; consequentemente
o controle parasitário nestes animais pode contribuir
positivamente com maior produção de leite na
lactação e melhor performance reprodutiva após
o tratamento; os antiparasitários modernas trazem resultados
mais consistentes e confiáveis; índices de produtividade
expressivos são alcançados quando os tratamentos
antihelmínticos são inseridos principalmente
no início, ou metade da lactação. Produtos
que determinam DESCARTE ZERO e que controlem eficazmente os
principais parasitas ( cooperia spp no Brasil Central, Ostertagia
spp, Haemonchus spp e Trichostrongylus spp na região
Sul) trazem melhores resultados e benefícios. Além
disso ectoparasitos tais como a Mosca dos Chifres, o berne
e em menor importância as Sarnas e os Piolhos podem
afetar os animais em lactação.
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