Hélio
Langoni, veterinário e responsável pelo Núcleo
de Pesquisas em Mastites (NUPEMAS), da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Unesp/Botucatu, lembra que,
nos últimos anos, houve redução no número
de produtores e aumento na média diária de litros
de leite produzidos. A redução expressiva no
número de produtores foi comprovada em estudos realizados
entre 1997 e 2000, divulgados pela Embrapa Gado de Leite.
Em relação á importação
e disponibilidade de leite, entre 1980 e 2000, ano considerando
com valores estimativos, observa-se 86% de crescimento na
produção do produto e aumento de importação
(em mil kg) de 94%. Como conseqüência, aumentou
a oferta de leite. Em 1980, por exemplo, a média de
consumo era de 100,7 litros/habitante/ano. Em 1990, cresceu
para 106,3 litros/habitante/ano. E, no ano passado, saltou
para 130,6 litros/habitante/ano, o que representa aumento
de 32%.
Langoni explica que, conforme dados divulgados pela Leite
Brasil, em 1980 foram produzidos cerca de 11,2 milhões
de litros de leite. Desse total 7,7 milhões sob inspeção
federal e 3,5 milhões como leite informal e autoconsumo.
Em 1990, a produção total subiu para aproximadamente
15 milhões de litros, dos quais 11 milhões sob
inspeção federal e 4 milhões como leite
informal e autoconsumo.
Em 2000, a produção continuou a crescer e alcançou
20 milhões de litros, com cerca de 11,5 milhões
sob inspeção e 8,5 milhões, como leite
informal e autoconsumo. Portanto, a produção
brasileira, entre 1980 e 2000, aumentou 79%. Nesse mesmo período,
a produção sob inspeção atingiu
49% e a produção informal, 150%.
Langoni cita como principais produtores, em 1999, Minas Gerais,
com 5,801 milhões de toneladas; seguindo por Goiás,
com 2,066 milhões de toneladas; Rio Grande do Sul,
com 1,975 milhões de toneladas; e São Paulo,
com 1,913 milhões de toneladas.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a produção de leite alcançou
11, 162 milhões de litros, em 1980, com 16,5 milhões
de cabeças e médias de 676 litros/vaca/ano.
Dez anos mais tarde, a produção somou 14,484
milhões de litros, com 19,07 milhões de cabeças
e 760 litros/vaca/ano.
Em 2000, a produção total foi de 19,982 milhões
de cabeças e 1.132 litros/vacas/ano. Para 2001, a estimativa
é de 20,819 milhões de litros, com 17,63 milhões
de cabeças e produção de 1.180 litros/vaca/ano.
Preços
do Leite sem mantêm estáveis
A
Pecuária leiteira dá sinais de redução
da sazonalidade da produção. Em plena entressafra,
várias regiões tiveram aumento de produção.
Racionamento de energia, contudo, desestimula consumo de lácteos
conservadores em geladeira.
Em julho, os preços pagos ao produtor de leite, referentes
á mercadoria entregue no mês de junho, mantiveram-se
estáveis na média geral. O leite B foi negociado
a R$ 0,424/litro, um insignificante aumento de 0,1% em comparação
aos R$ 0,423/litro pagos em junho deste ano. O leite C fechou
julho a R$ 0,3416/litro, enquanto a média mensal anterior
ficou em R$ 0,3417/litro. Uma análise regional dos
preços, contudo, mostra variações decorrentes
das condições locais de cada mercado. Para o
leite C, foi registrada uma oscilação entre
4,2% de alta, no estado do Paraná, e 14,3% de queda,
na região de São José do Rio Preto, São
Paulo. Em Campinas os preços não tiveram nenhuma
alteração, permanecendo a R$ 0,38/litro.
Apesar da entressafra do leite, que se caracteriza pela menor
disponibilidade do produto no mercado nos meses de abril a
setembro, os pesquisadores do Cepea notaram que em todos os
estados consultados houve aumento na produção
leiteira, com exceção á Bahia. No Paraná
e no Rio Grande do Sul, onde os produtores são tecnificados,
este incremento é normal nesta época do ano,
porque eles têm condições de se preparar
melhor durante o inverno utilizando gramíneas temperadas
ou outros recursos.
Já nos demais estados, entretanto, isto não
costuma ocorrer. Mesmo assim, alguns produtores estão
utilizando outros mecanismos, para aumentar sua produção.
Na pecuária leiteira, diferente da de corte, os animais
respondem rapidamente em aumento ou diminuição
de produção á qualidade da dieta fornecida.
Aproveitando-se deste fato, os produtores estão investindo
na melhor alimentação de seu rebanho, o que
resulta na otimização de sua produção
numa época de entressafra.
Os bons preços pagos no mesmo período de 2000
também podem ser considerados como um dos fatores que
estimularam os produtores a se preparar para a entressafra
posterior, posto que esperavam, novamente, boa rentabilidade
do negócio. Pesquisadores de Cepea endossam que esses
são sinais de que a pecuária leiteira caminha
em busca de tecnologia e diminuição da sazonalidade
de produção.
O racionamento de energia se configura como um dos principais
motivos do enfraquecimento do mercado, já que desestimula
p consumo dos produtos lácteos que são conservados
em geladeira. No setor produtivo, no entanto, a economia de
energia elétrica não teve reflexos diretos.
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