Afinal, da ave é possível aproveitar a carne,
o couro, os ovos e as penas. O mercado externo registra preços
sedutores para esses produtos. Mas é preciso preparar
o mercado consumidor brasileiro, garante Maurício Lupifieri
Júnior. Ele, o irmão Hélio e o pai Lupifieri,
são proprietários e diretores da Fazenda Aravestruz,
em Araçatuba, interior de São Paulo, onde criam
2,5 mil aves, das quais 800 regime da hospedagem, e comercializam
filhotes.
A
empresa realizou o primeiro abate de avestruz no Brasil, em
18 de abril, no Frigorífico Araçatuba, em Araçatuba,
interior de São Paulo, com 10 animais em torno de um
ano de vida e médias de 28 Kg/ave de carne limpa. O
total da produção foi comercializado com a Churrascaria
Rodeio, em São Paulo, a R$ 60 o Kg da carne.
O couro foi enviado para curtume, As penas não foram
comercializadas. Nas viagens para África do Sul, Lupifieri
observou que as aves de sete meses de idade sofrem poda nas
penas maiores. Portanto, quando alcançam 12/13 meses,
as penas mostram-se novas e mais viçosas. Isso não
aconteceu com as aves abatidas. E deve ocorrer com as aves
que estão nessa faixa de idade hoje.
O próximo abate deve ocorrer ainda neste mês.
Dessa forma, a Aravestruz incrementa o objetivo de abrir mercado
aos criadores, desde venda filhotes ao abate e distribuição
de carne. Mais: como a procura do mercado mostra-se crescente,
a empresa compra animais de clientes, preferencialmente, e
também de não clientes, para abate. Dessa forma,
a Aravestruz incentiva a escoação da produção
nacional, assegura Lupifieri.
Ainda como forma de aproveitamento dos produtos a empresa
planeja inaugurar um curtume na região de Araçatuba,
até o final do ano. Formado por módulos, o primeiro
deles terá capacidade de 500 peles/mês.
Lupifieri Júnior explica os altos valores obtidos pelos
produtos não estão relacionados aos custos de
produção, mas inflacionados pelo mercado, cuja
demanda é maior do que a oferta. Por exemplo uma jaqueta
de coura de avestruz pode alcançar US$ 25 mil, no mercado
externo e um par de botas, de R$ 1 mil e R$ 1,5 mil, no mercado
interno. Em países, onde a criação acontece
há cerca de 20 anos, como África do Sul e Estados
Unidos, os preços mantêm-se diferenciados.
A fazenda Aravestruz iniciou a criação das aves,
96, com investimento de US$ 250 mil e a compra de 50 reprodutores,
trazidos do Arizona, nos Estados Unidos. Portanto, 2001 é
o quinto ano de produção de filhotes no Brasil.
Empresário na área química, Lupifieri
investiu em pecuária, até 94. Incentivado pelos
filhos, optou pela criação de avestruzes, em
busca de retorno com maior rapidez. O Know-how foi adquirido
através de viagens a países experientes na criação,
como África do Sul, Europa e Estados Unidos.
O objetivo da Aravestruz sempre foi a produção
de carne, mais a comercialização dos demais
produtos, o que significa venda de couro e penas.. Após
a importação de animais, teve início
a formação do plantel, em 97. Hoje, somando
os animais da Aravestruz e dos demais criatórios brasileiros
e dos demais criatórios brasileiros, que totalizam
35 mil aves, maiores parte composta por filhotes, o país
encontra-se na fase de formação.
Na prática, o mercado criador mantém-se praticamente
inexplorado, enquanto o mercado consumidor mostra-se sólido.
O kg da carne de avestruz é comercializado a R$ 80,
para o consumidor final; o kg da pena custa US$ 200; e o couro,
US$ 330, a peça de 1,15 metro quadrado. Embora aparentemente
animador, o mercado. Embora aparentemente animador, o mercado
interno precisa ser trabalhado. É preciso investir
na criação e também na divulgação,
insiste Lupifieri Júnior.
O cenário atual mostra que não há frigoríficos
para abate de avestruz e cortume, além de volumes pequenos
de carne e falta de infra-estrutura para distribuição
em larga escala. As perspectivas para mudança do quadro
implicam na alteração das regras de consumo.
Se o consumo da carne correspondesse a 0,3% do consumo nacional,
seria necessário plantel de um milhão de cabeças,
explica ele.
O avestruz é criado em 70 países do mundo e
a África do Sul lidera a produção de
Aves. Na América do Sul, apenas criadores do Brasil
e do Chile mostram interesse pela ave. Quatro fortes argumentos
motivam a criação. A ave revela precocidade
e permite abate com um ano de vida, adapta-se a variados climas,
como o calor de Israel e o frio do Canadá, mantidas
as diferenças de instalações, e as fêmeas
produzem 20 filhotes/ano. Há interesse em Santa Catarina,
Bahia, Rio Grande do Norte, Paraná e São Paulo,
que concentra metade do plantel e número de criadores,
garante Lupifieri. A Aravestruz registra 400 clientes ao longo
do país. Um casal de três meses de idade, por
exemplo, custa R$ 3 mil, enquanto um casal com dois anos e
meio de idade alcança R$ 20 mil. Os animais são
mantidos a pasto e alimentados com ração á
base de minerais. Lupifieri Júnior explica que um alqueire
paulista, 24,2 mil metros quadrados, suporta 45 casais de
avestruzes. Na prática, isso representa 900 filhotes/ano
em um alqueire. Cada filhote transforma-se em reprodutor com
dois anos e meio de idade.
Entusiasmado, ele apresenta cálculos que compraram
a diferença entre criar avestruzes e gado bovino. Com
base sempre em um alqueire, o criador poderá manter
150 cabeças da ave e três de boi. Em termos de
produtividade, isso representa 600 arrobas/alqueire/ano de
avestruzes e 18 arrobas de boi. A proporção
de couro por alqueire também é bastante diferente,
pois aponta 150 para avestruz e três para boi. O mesmo
acontece com as crias, com filhotes para avestruzes e um para
a vaca. Mais: os filhotes podem ser destinados a dois mercados:
abate e mercado de ave vivas. O criador aponta outras vantagens
para esse mercado. A conversão alimentar das aves é
animadora, já que para cada quatro Kg de ração,
ganha um Kg de carne. Trata-se do segundo animal mais rústico
do mundo, pois perde apenas para o camelo. O avestruz fica
até oito dias sem beber água. O abate pode ser
feito em frigorífico bovino.
Frente ás perspectivas de mercado, a Aravestruz oferece,
na própria fazenda, suporte aos criadores que compram
filhotes. Há por exemplo, hospedagem, em piquetes e
instalações, incubatório, serviços
veterinários e segurança 24 horas/dia, para
o animal. Reprodutores adultos são hospedados em piquetes
específicos. Os preços da hospedagem variam
de R$ 50 mês/animal, para aves de três a seis
meses de vida, e R$ 60 mês/animal, para avestruz entre
seis e 30 meses de idade. Para as aves mantidas no incubatório,
o preço corresponde, o preço corresponde a 20%
dos nascimentos.
A fazenda orienta para abate, distribuição e
divulgação dos produtos. A carne de avestruz
tem sabor semelhante ao de carne bovina, com vantagens de
ser mais saudável. Este é o maior trunfo para
garantir o mercado, garante Lupifieri Júnior. Portanto,
o consumidor não precisa ser trabalhado para descobrir
o sabor. Motivado pelo interesse do mercado, Lupifieri organiza
e Lupifieri Júnior ministra um curso mensal para os
interessados em criar as aves, realizado em São Paulo.
O curso, com duração de aproximadamente seis
horas, aborda o mercado, produtos e criação.
A iniciativa, que começou em janeiro do ano passado,
costumo reunir participantes de todo o país. Alguns
cursos extras foram ministrados no Rio, Belo Horizonte e São
José dos Campos.
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