Em
1991, o Brasil possuía 100 criadores de Limousin PO.
Nove anos depois, o número saltou para aproximadamente
600 criadores. Isso significa crescimento de 530% em uma década.
Os números entusiasmam Luiz Meneghel Neto, que hesita
em assegurar a consolidação da raça.
As afirmações têm peso. Afinal, ele foi
um dos fundadores e primeiro presidente da Associação
Brasileira dos Criadores de Limousin (ABCL), em 1989, mandato
que se estendeu por dois períodos subseqüentes.
Atualmente, exerce o cargo de conselheiro.
Meneghel Neto é proprietário da Estância
3M, em Marilândia do Sul, no Paraná, onde mantém
plantel de 1,8 mil cabeças entre PO e PC, distribuídas
por 2.160 há. Ele conta que trabalha com Limousin há
26 anos Adepto do cruzamento industrial, desde aquela época,
garante que a raça mostrava-se incipiente para esse
tipo de prática, por ter poucos criadores. E exatamente
a promoção do Limousin ao longo do país
tornou-se o objetivo principal da associação.
Mais: em 1992, a ABCL obteve junto ao Ministério da
Agricultura autorização para realizar os registros
dos animais. Completou o ciclo de iniciativas com a mudança
de estrutura, que concedeu a chefia administrativa a um executivo.
O criador de Limousin se apaixona pelo que faz, garante. Lembra
que a raça chegou ao Brasil, em 1937. E registrou grandes
importações em 96, com animais enviados para
Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte. Em
Minas Gerais a falta de administração terminou
por extinguir os animais. Já o governo do Rio Grande
do Norte percebeu que efetuada compra errada. O objetivo era
formar rebanhos de dupla aptidão, ou seja, carne e
leite. A solução foi vender os animais para
criadores de outro Estados. Meneghel Neto foi um dos compradores.
A estância 3M trabalha com cruzamento industrial desde
1975, período em que começou também a
utilizar animais Limousin. O criador entusiasmou-se com a
grande capacidade de adaptação do ½ sangue
para cruzamento. Ele garante que a comparação
entre o ½ sangue e animais Nelore nas mesmas condições
permite o resultado de ganho de peso a mais entre 20% e 25%
para o ½ sangue. A compra de animais puros Limousin
ocorreu somente em 1984. E o trabalho da 3M concentrou-se
em aumentar o números de animais oferecidos a outros
criadores.
Na opinião do produtor, a pecuária brasileira
despertou para a raça, em julho de 1989, quando a Associação
Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) realizou exposição
de cruzamento industrial de Nelore e de outras raças,
com julgamento e abate durante três anos. O Limousin
venceu todas as provas, conta Meneghel Neto. Ele acredita
que, a partir daí, a pecuária passou a analisar
a raça como capaz de agregar valores. Esse período
marcou também o crescimento do uso de sêmen do
Limousin.
O histórico da raça no Brasil mostra que os
primeiros animais trazidos da França caracterizavam-se
por porte pequeno, musculatura forte e capacidade de grande
produção de carne. Ao longo do tempo, porém,
o interesse dos criadores brasileiros transferiu-se para exemplares
com maior capacidade de adaptação ao país.
Isso significava animais de porte mediano e volume muscular
compatível com a necessidade de colocar a musculatura
no animal ½ sangue. Valoriza-se também a maior
capacidade de locomoção nos pastos. A escolha
da carga genética e qualidade morfológica dos
animais por técnicos e criadores brasileiros incrementou
raça no Brasil. Hoje, o Limousin brasileiro é
apontado como um dos berços genéticos da raça
mundial, explica Meneghel Neto. Colaboraram também
para o rebanho nacional animais vindos dos Estados Unidos
e do Canadá, entre 1992 e 1997.
Animado, ele garante que o cruzamento do Limousin francês
e brasileiro produz animais que interessam em qualquer parte
do mundo. Em relação ao tipo de carne,, convém
lembrar que o Limousin francês detém menor quantidade
de gordura, exatamente o oposto dos animais nos Estados Unidos,
Canadá e Brasil, onde o consumidor exige carne com
mais gordura.
Estudioso do crescimento do Limousin no país, Meneghel
Neto explica que o mercado registra dois tipos de criadores.
O primeiro, responsável pelo touro comercial, especializa-se
em produzir machos para monta natural. Geralmente, ele não
freqüenta exposições e realiza as vendas
na própria propriedade e em leilões. Já
o segundo, chamado produtor de genética, objetiva a
produção de animais de linhagens definidas,
prontos para as centrais de inseminação. Os
rebanhos caracterizam-se pelo uso de técnicas de ponta,
como a coleta de embriões.
Atualmente, a raça enfrenta mudanças em relação
a preços. Meneghel Neto explica que sempre houve defasagem
entre os preços dos touros Limousin e das demais raças.
Enquanto o Limousin alcançava entre R$ 3,5 mil e 4
mil, os demais não superaram as marcas de R$ 2 mil
e 2,5 mil. Hoje, existe um valor razoável para comercialização
de touros, que oscila entre R$ 3 mil e 4 mil, independente
da raça. O touro Limousin tem preço compatível
com os de outras raças. E a melhor proa é que
os outras raças. E a melhor prova é que não
há exemplares á venda, assegura.
Animando com performance da raça, ele explica que a
Estância 3M procura produzir o que chama de Limousin
rústico, ou seja, animais para sobreviver nas condições
brasileiras, muito diferentes das européias brasileiras,
muito diferentes das européia. Sabe-se quem 100 há
formam uma grande fazenda na Europa, enquanto 300 há
pode ser um pasto no Brasil.
A isso somam-se certas necessidades ao reprodutor. Ele precisa
mostrar resistência ao calor, sobreviver em condições
de pastagem, ter excelente capacidade de locomoção,
capacidade de recomposição corporal e capacidade
reprodutiva. Já para as fêmeas, as exigências
são de enfrentar as condições de pastagem
para amamentar bem o bezerro, ter facilidade em conceber novamente
e ter condições de locomoção e
resistência ao calor.
O objetivo da 3m é produzir exatamente esse tipo de
animal, com maior volume corpóreo e de estrutura para
percorrer grandes distâncias. Para isso, a estância
aposta em anos de experiência e trabalho de análise
dos animais e seleção.
Soma-se a esse trabalho, a consultoria de John Edward, zootecnista
e ex-vice-presidente da Associação Americana
dos criadores de Limousin, contrata há quatro anos.
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