A base agrícola da cadeia produtiva ocupa 2 milhões
de hectares, gera 4 milhões de empregos e estatísticas
recentes estimam a produção em 33 milhões
de toneladas. Na média geral, a fruticultura rende
R$ 25 mil/há e ocupa seis meses por hectare.
A inexpressiva participação brasileira no comércio
frutícola mundial o governo a lançar o Programa
de Apoio e Desenvolvimento da Fruticultura Irrigada no Nordeste
pelo fato de, segundo o Ministério da Agricultura,
a única zona tropical semi-árida estar localizada
no Brasil e naquela região, com vastas extensões
de terras não utilizadas. A meta é num prazo
de 10 anos, irrigar um milhão de hectares, com a proposta
beneficiando, conforme anunciava Ailton Barcelos, então
na secretaria executiva do ministério.
Barcelos
lembra que a Califórnia (EUA), possui um milhão
de hectares ocupados com frutas. No Brasil, considerado a
disponibilidade de água no semi-árido tropical,
será possível irrigar 6 milhões/há,
levando em conta duas grandes bacias fluviais: a do São
Francisco e a do Parnaíba, Somando ao Volume de águas
dos rios, há um manancial praticamente inesgotável
de poços e açudes. A oferta abundante de água,
aliada a tecnologia moderna, como a irrigação
por gotejamento, possibilita a ocupação dos
6 milhões/há sem qualquer dificuldade, acrescenta.
Regiões
é livre de doenças e tempreços baixos
Existem,
assinala, pré-condições naturais como
solo, clima, sol e água. A terra nunca foi trabalhada
e seu custo é baixo, pois oscila entre US$ 400 a US$
500 o hectare. Além disso, algumas regiões estão
livres de qualquer tipo de doença, permitindo a produção
de frutas sem i uso de quaisquer pesticidas, justamente o
que o consumidor mundial procura. Outro aspecto importante,
segundo ele, é o fato de a região possibilitar
cinco colheitas em dois anos, no caso de uvas de mesa. E isso
diferencia o Brasil da Califórnia, pois lá as
uvas são colhidas apenas uma vez por ano. Então,
cada vez dólar investido terá um retorno elevado,
principalmente se for considerado que o mercado de frutas
cresce cerca de US$ 1,5 bilhão, por ano.
Ele também menciona que o cultivo representa um quinto
do valor total das despesas do valor total das despesas para
a produção de frutas, sendo o maior peso distribuído
entre a comercialização e a logística.
Nesse caso, assegura que há planos para implantar toda
uma infraestrutura viária e, sobretudo, no tratamento
pós colheita. Para ele, o desenvolvimento da logística
é explosiva. O problema é encarado de forma
multimodal, ou seja, simultaneamente aos projetos de estradas,
serão priorizadas o trem, o navio de cabotagem e o
avião. Como exemplo, cita o aeroporto de Petrolina
(PE), que, após o término das obras de construção
das instalações de armazenamento e refrigeração,
além, do alongamento da pista de pouso e decolagem,
poderá receber aeronaves de grande porte para o transporte
de grandes quantidade de produtos.
Diante da possibilidade da remessa de grandes volumes para
os mercado europeu e norte-americano, altamente competitivos,
não compensarem as despesas de transporte aéreo,
em função da prática de preços
baixos, Barcelos lembra o nível de crescimento anual
do mercado de frutas e compara o potencial de produção
brasileira com a oferta do Chile, que coloca anualmente no
mercado mundial hectares. Para ele, o apetite é grande
e não deverá ser saciado no curto e médio
prazo, fato que dá garantias seguras de um bom retorno
aos investimentos. Além disso, o mercado interno do
Brasil é enorme, poderá.
Na esteira desse aparato governamental, surgiu, em 1990, o
Ibraf- Instituto Brasileiro de Frutas, criado por liderança
do setor frutícola para divulgar informações
técnicas e mercadológicas aos produtores e a
todo o agribusiness do segmento. O instituto é uma
organização privada, sem fins lucrativos, que
atua em parceria com entidades de pesquisa, empresas e órgãos
do governo, somando esforços para desenvolver a fruticultura
nacional, conta o engenheiro agrônomo Maurício
de Sá Ferraz, do Ibraf.
Selo
divulga os produtos no exterior
Entre
setembro/98 e fevereiro/99, acrescenta, foi implantado o primeiro
estágio de um projeto com origem no início da
década, fazendo com que o Brasil, pela primeira vez,
se apresentasse ao mercado mundial com uma promoção
destinada a divulgar as frutas, tendo o objetivo de fixar
tanto a imagem quanto a origem. Com apoio da Apex-Agência
de Promoção da Exportações, do
Ministério da Agricultura, cuja meta é duplicar
a receita do comércio externo até 2002, do IICA
Instituto interamericano de Cooperação
Agrícola, O Ibraf criou um selo denominado Brazilian
Fruit, marco da segunda fase do programa que consiste em trabalhar
os mercados da Alemanha, Estados Unidos, França, e
Inglaterra com a divulgação in loco do limão
Taiti, da maça, manga, do melão, papaia e uva.
De modo geral, ação, acrescenta, incide sobre
todas etapas da cadeia de críticos que nos separam
de uma posição de destaque no fornecimento mundial
de frutas frescas. Com essa intenção, são
exigidos pelos importadores, entre eles o brix, (teor de açúcar
do fruto), passando pela aparência, tamanho, controle
sanitário, entre outros. Buscando ampliar o raio de
abrangência desses cuidados, Ferraz diz que foi criado
o consórcio exportador, em conjunto com a Fundação
André Tosello, de Campinas (SP), e que está
inserido no Programa Setorial Integrado de Promoção
das Exportações Brasileiras, cuja prioridade
é fazer com que o segmento fruticola obtenha, até
2003, uma receita de US$ 1 bilhão com as vendas externas.
Trata-se de um novo modelo de associação que
capacita os compradores e, ainda, assegura que pequenos e
médios recebem orientações sobre o gerenciamento
comum dos processos de compra e venda custos mais baixos obtendo,
em conseqüência, maior competitividade, inclusive
na exportação, com a dispensa do intermediário.
Esse consórcio, assinala, trabalha com quatro projetos:
um de limão em Novo Horizonte (SP), maior centro produtor
do País; outro com maça, em Fraiburgo (SC);
um terceiro com manga, em Juazeiro (BA); e com melão,
em Mossoró (RN). Um dos objetivos é fazer com
que haja uma interação entre os produtores,
não importa em que região ele esteja. Com isso,
quem planta melões em São Paulo, pode usufruir
dos benefícios da infraestrutura instalada em Mossoró,
desde que as frutas tenham a mesma qualidade e haja volume
de escala. No projeto relacionado ao limão, segundo
Ferraz, foram agrupados 50 produtores da região de
Catanduva, que abriga 4 milhões de pés e mostra
um bom potencial para a exportação. Ao todo,
o consórcio, nesta fase inicial, conseguiu agrupar
um pouco mais de 200 produtores.
Leque
de oferta de frutos deverá ser ampliado
A
expectativa é de que, até 2003, esse mecanismo
esteja atuando em 24 pólos fruticultores espalhados
pelo país ao lado de exportadores, cooperativas, grandes
produtores e empresas especializadas. Além disso, aos
mercados já em fase de operacionalização,
será somada a busca de nichos na Áustria, Canadá,
Escandinávia, Espanha, Portugal, Suíça,
bem como no Mercosul. A intenção, nesse caso,
é ampliar o leque de produtos comercializados oferecendo
uva Itália sem semente, banana, abacaxi e melancia.
Quanto a existência de crédito, Ferraz afirma
que os fruticultores têm á disposição
todo o aparato do sistema de financiamento em vigor, inclusive
ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio), quando mexer
com o mercado externo, CPR Célula de Produto Rural,
entre outros. A utilização desses instrumentos
vai depender se interessa ou não. De qualquer forma,
se a operação for bem feita, não precisa
de crédito, avalia.
Nesse caso, comenta que um bom negócio pode ser fechado
a partir do momento em que haja a certeza de que todas as
exigências do importador estejam plenamente satisfeitas.
Como exemplo, cita uma imposição determinante
para vender limão no mercado europeu. O produto, aponta,
deve ter uma coloração verde escuro, pois eles
usam a casca. Além disso, essa cor garante maior tempo
de prateleira, pois o fruto enfrenta um período de
17 a 21 dias de transporte marítimo para a Europa.
O produto com casca amarelada suporta um tempo menor de exposição.
Mamão,
delicado e altamente perecível
Nesse
contexto, Ferraz contradiz, embora em termos, as afirmações
de Barcelos, sobre termos, as afirmações de
na exportação de frutas. Segundo ele, esse produto
tem vida curta e, em conseqüência, um baixo teor
de prateleira. O mamão é extremamente delicado
e tem um tratamento meio complicado no pós colheita.
Precisa de banho de água quente (49º), depois
um choque térmico em água fria (12 a 15º),
operações importantes para sua durabilidade.
Além disso, quem mexe com papaia, só transporta
durante a noite, para evitar exposições ao sol,
ou então, investe numa frota de caminhões frigoríficos.
Essa fruta não tem armazenagem, é muito perecível
e necessita de uma cadeia de frio muito bem montada
e isso é muito difícil. Ou vende fora, nesse
caso com avião como transporte máximo de 48
horas, ou vende no mercado interno.
Para o restante das frutas, Ferraz afirma que a maioria das
exportações (cerca de 85%) ocorrem usando o
navio como transporte. Nesse caso, quase todos os portos brasileiros
são dotados de infra estrutura de armazenagem e refrigeração.
A refrigeração, segundo ele, é importante,
pois, no geral, as frutas necessitam desse processo. Os produtos
de clima temperado, como morango, framboesa, pêra, entre
outros, terão maior tempo de vida se forem refrigerados.
No caso da maçã por exemplo, numa câmera,
a longevidade da fruta chega a 9 meses. Já as tropicais,
como melão, manga, mamão, banana, aceitam a
refrigeração, mas por curto espaço de
tempo, pois amadurecem mesmo gelados.
Fazendo coro ás afirmações de Barcelos,
Ferraz ressalta que a questão do transporte é
prioritária no segmento de frutas frescas. Esse tema
é problemático, pois afora as estradas, não
existem hidrovias e a ferrovia é precária. Para
ele, esses dois sistemas são pontos-chave na logística
do setor, sobretudo quando o produto for destinado á
exportação, principalmente porque cada fruta
tem sua peculariedade , seja no acondicionamento, seja na
maturação ou em outro aspecto qualquer. Porém,
numa coisa a maioria delas coincide: dispensam a colheita
mecânica. Para exemplificar, um detalhe que, á
primeira vista, pode parecer insignificante: a uva para o
mercado externo exige uma prévia toilette. É
feito todo um trabalho artesanal, com tesoura, para que o
cacho seja apresentado no tradicional formato triangular.
Na laranja, cujo maior volume da produção é
destinada á indústria, a parcela direcionada
á exportação e ao consumo in natura é
encerrada fruto por fruto. Enfim, cada produto recebe um tratamento
adequado á melhor apresentação.
Salão
de beleza dá retoques finais na aparência
Toda
essa operação de maquiagem do produto é
feita na chamada packing house, uma construção
onde os frutos são selecionados, separados por peso
e tamanho, tratados, embalados e acondicionados em caixas
de papelão ondulado, padronizadas para cada tipo de
fruta; se for caixa madeira, é preciso esterilização
e, por fim, paletizados. Essas instalações podem
abrigar uma câmera fria, que se for coletiva reduz
em muito os gastos. Todo esse processo, acrescenta,
tem de ser feito dentro do prazo de maturação,
que varia de produto para produto. Por isso, o transporte
é uma questão básica e até prioritária,
reitera.
Ferraz
afirma que, no caso de frutas frescas, maçãs,
manga, papaia e uva praticamente lideram a pauta de exportações,
não necessariamente nesta ordem. O limão também
está entre os produtos com alta demanda. Porém,
o pico das vendas ocorre na chamada janela ou contra-estação,
ou seja, o período de entressafra dos grandes produtores,
entre dezembro e março. Fora dessa temporada, o México
praticamente domina o mercado. Outra fruta nas mesmas condições
é a uva, cujo maior volume de exportação
acontece entre dezembro e janeiro.
No caso do mamão, por exemplo, os Estados Unidos são
compradores cativos do Espírito Santo, conhecido como
terra do papaia. Isso porque o Estado, além de grande
produtor, tem controle total e absoluto sobre a doença
da mosca das frutas. Outra fruta razoável procura é
o melão. As vendas externas, em 2000, chegaram a 60,9
mil toneladas, com um faturamento de US$ 25 milhões.
Um dos grandes importadores são os Estados Unidos,
porém, só admite o tipo cantalúpes, como
o pele de sapo, orange flash, entre outros da mesma família.
Já a banana, assinala, é um mercado a parte,
pois é controlado por grandes exportadores e o Brasil
tem uma cota de 4%, mais ou menos. O abacate tem um nível
de venda baixo. Porém, os grandes importadores são
os europeus, que consomem como componente ou até como
salada. O principal importador de frutas brasileiras, conforme
Ferraz, é a Holanda que as revende para a Europa inteira.
De maneira geral, os frutos de clima temperado são
responsáveis por 50% da receita, enquanto o faturamento
das tropicais não excede aos 10% finaliza, comentando
que os dois carros chefe no processamento agroindustrial são
laranja e a castanha do caju.
|