O
Brasil sofreu um revés nos planos de exportação
de carne bovina. No início de fevereiro, o Canadá
proibiu a importação de qualquer produto derivado
de bovinos do Brasil, sob a alegação do risco
da doença vaca louca. No ano passado, por exemplo,
as exportações de carne brasileira para aquele
país somaram US$ 5,5 milhões. O volume é
baixo, se comparado aos US$ 82 milhões comercializados
com os Estados Unidos, no mesmo período. Mas as conseqüências
momentaneamente são graves. A imagem da carne
brasileira foi arranhada. Isso é inegável. Ainda
sim, a confiança no futuro do país como exportador
permanece, garante José Vicente Ferraz, diretor
técnico da FNP Consultoria e Comércio.
As perspectivas para 2001 eram animadoras. A análise
de 99 mostra que o Brasil exportou 541 mil toneladas, com
faturamento de US$ 761,9 milhões, entre carne industrializada
em in natura. No ano passado, as exportações
somaram 547 mil toneladas e US$ 785 milhões. A expectativa
para 2001, antes do incidente, era de US$ 940 milhões.
Encontrada solução rápida para reverter
o quadro criado pela agência sanitária canadense,
a estimativa é encerrar o ano entre US$ 850 milhões
e US$ 90 milhões.
O cenário inicialmente otimista para este ano baseava-se
no consenso de que os Estados Unidos deveriam importar um
milhão de toneladas de carne moída. No rol dos
fornecedores figuravam Austrália, Argentina, Canadá,
México e também Brasil. Esse passo seria importante,
já que a carne moída é considerada carne
in natura, mercado em que o país busca maior espaço.
Mais: estimava-se também crescimento da participação
do Brasil na exportação para a Ásia,
continente que apresenta os maiores índices de crescimento
no mundo. A comparação do consumo per capital
aponta números como 70 kg/habitante na Argentina, 50kg/habitante
nos Estados Unidos, 40 kg/habitante no Brasil, 25 kg/habitante
na Europa e 13 kg/habitante na Ásia.
Ferraz afirma que o jogo do mercado internacional é
bruto e grande o peso dos Estados Unidos, cujo padrão
de controle de alimentos e de medicamentos funciona como selo
de qualidade para o mundo. Como conseqüência da
crise, os exportadores brasileiros serão pressionados
a reduzir os preços. Eles lembra que o Brasil e os
produtores faziam esforços para ampliar a atuação
no mercado internacional. O fato de, atualmente, cerca de
dois terços do rebanho nacional estar em livres da
febre aftosa é um bom exemplo. Na verdade, os criadores
investem na tecnificação da atividade há
uma década. A mudança estrutural da economia
determinada pela abertura de mercado no Governo Collor exigiu
a modernização do mercado.
O movimento prosseguiu com advento do Plano Real, em 94. quando
se tornou evidente a necessidade de trabalhar em ganho operacional
e não apenas em ganho financeiro. Resultados: os criatórios
foram modernizados. Hoje, o abate é feito em animais
com médias de idade entre 45/46 meses. Antes, isso
era possível somente aos 54 meses. A isso soma-se a
melhoria da qualidade da carne. A evolução do
confinamento classifica bem o Brasil. O maior exportador de
carne bovina do mundo é a Austrália, com 1,2
milhão de toneladas, seguindo pelos estados Unidos,
com 1,1 milhão de toneladas, e pelo Brasil, com 550
mil toneladas. Na opinião de Ferraz, ao final de três
anos, o país será o segundo maior produtor mundial.
E o primeiro, entre quatro e cinco anos. Mesmo considerado
a crise com o Canadá, explica.
Hoje, o maior comprador de carne brasileira é a Europa,
que consome dois terços das exportações,
71% da carne in natura 53% da carne industrializada. No ano
passado, o Reino Unido importou US$ 140,7 milhões em
carne dos dois tipos.
A Holanda, US$ 140,7 milhões, também em carne
industrializada e in natura. E os Estados Unidos, US$, 80,5
milhões, em carne industrializada. O objetivo brasileiro
consiste em integrar a fatia de países que comercializam
carne in natura. Para isso, precisa investir na barreira contra
a febre aftosa e na qualidade de carne produzida.
O caminho talvez esteja mias fácil. Ferraz melhor remuneração
por cuidados de manejo. E, há dois anos, redes de supermercados
mostram-se interessadas em firmar parceria com produtores
rurais na busca por carne de qualidade. Pesquisas comprovam
que a carne bovina é o segundo fator de atração
nos supermercados.
Na opinião de Ferraz, o Brasil precisa aprender as
regras do comércio internacional. Isso significa profissionalizar-se
para exportar. E aproveitar as oportunidades.
Por exemplo, quando houve o surto da vaca louca na Europa,
entre 92 e 96, o consumo de carne bovina sofreu redução
de 27%. O Brasil não aproveitou oportunidade para divulgar
a não-existência da doença no Brasil e
abocanhar novas fatias do mercado, afirma.
A atitude dos Estados Unidos em montar um esquema sofisticado
para mostrar ao mundo que não abriga a doença
da vaca louca em seu plantel resulta em excelente jogada comercial.
Já as medidas determinadas pelo Brasil consistem em
prevenção. O Brasil consistem em prevenção.
O Brasil precisa investir em provas de que o plantel não
sofre da doença. Em outras palavras, de profissionalismo
e seriedade, recomenda.
Antonio Oliveira Pereira, presidente da Associação
Nacional dos Confinadores (Assocon), entidade que reúne
350 produtores com criatórios ao longo do país,
acredita que a imagem da carne bovina brasileira não
será arrancada. Para ele, a postura do Canadá
revela retaliação comercial.
Ele lembra que a pecuária brasileira usa pastagens
e confinamento á base de grãos. A cama de frango
que aproveita resíduos animal foi substituída.
Hoje os animais recebem silagem de grãos, explica.
O confinamento exige raça, alimentação
e sanidade. Não há o que temer, garante.
A
Cara do consumidor de carne em SP
A
rede de agentes sócio-econômicos responsáveis
pela dinâmica competitiva do sistema agroindustrial
(SAI) da carne bovina, representa um dos setores mais importantes
do agronegócio nacional. A renda e o emprego gerados
por este setor atestam esta importância histórica,
econômica e cultural na evolução do conjunto
da economia e da sociedade brasileira. As vantagens comparativas
do país para a produção de carne bovina
são inquestionável, haja visto tamanho do seu
rebanho e suas condições naturais para a produção
pecuária. No entanto, para que estas vantagens reflitam
em crescimento sustentado, é necessário que
o setor supere alguns desafios. Entre estes desafios destaca-se
o de atender convenientemente as novas demandas dos consumidores,
mais exigentes e sensíveis para o consumo de produtos
melhores. Obviamente atender as necessidades do consumidor
implica, necessariamente, no conhecimento destas demandas.
Uma demanda só pode ser atendida se for identificada
corretamente. Isto vale para a atual polêmica da vaca
louca e o recente boicote a produto brasileiro. Na prática,
não existe estratégia para cadeia da carne e
as ações de marketing resumem-se em iniciativas
isoladas e de baixo impacto em resultados econômicos.
O consumidor ainda é uma incógnita seu processo
de aprendizado sobre o produto ainda baseia-se em informações
empíricas.
Neste sentido foi realizado uma pesquisa quantitativa na cidade
de São Paulo, durante os três primeiros meses
do ano de 2000, procurando identificar os principais aspectos
relacionados ao consumo de carne bovina na cidade. Os consumidores,
abordados aleatoriamente na saída dos pontos de venda
sorteados pelos bairros da capital, foram questionados sobre
bairros da capital, foram questionados sobre sua percepção
em relação a qualidade da carne, aos critérios
de qualidade de consumo do produto, os produtos substitutos
da carne bovina entre outros.
Alguns
dos Principais Resultados Obtidos:
Para
garantir a confiabilidade de 95% do trabalho e poder extrapolar
os resultados para p todo, a amostragem constituiu-se de 400
entrevistados, entre idade de 18 e 60 anos.
Interessante notar no resultado final, que de um total de
418 entrevistados e respondentes, 237 foram mulheres e 177
homens. Esta relação favorável ao sexo
feminino, pode ser indicativo de que as mulheres são,
na maioria dos casos, as responsáveis pela compra do
produto. Seja para os homens assim como para as mulheres,
o intervalo de idade entre 21 e 40 anos, foram os que mais
apareceram como realizadores da compra.
No que diz respeito a freqüência de consumo de
carne bovina, observou-se em todas as classes sociais que
a maioria não é consumidor diário do
produto, com diferença estatística para todos
os resultados. O valor médio obtido foi que 29% dos
entrevistados ingerem carne uma ou mais vezes ao dia durante
todos os dias da semana e, o restante, 71% respondeu que não
consumir o produto todos.
Para os entrevistados que afirmaram não consumidor
carne diariamente, questionou-se sobre a freqüência
semanal de consumo. Pelo Gráfico 1 nota maior freqüência
de consumo da carne de 3 e 4 vezes por semana. Isto demonstra
que, apesar da maioria dos paulistas não consumidor
carne todos os dias, a freqüência ainda é
alta. Sabendo-se que o consumo médio nacional é
de 30 kg per capita é possível estimar o valor
médio consumido por refeição é
até arriscar a composição da dieta da
população local. Outra informação
muito interessante foi o grau fr fidelidade do consumidor
ao ponto de venda. É interessante notar que de maneira
geral as pessoas não mantém um vínculo
com o ponto de venda, resultando num baixo grau de fidelidade.
Na média 54% do entrevistados disseram não realizarem
suas compras no mesmo ponto de venda. O restante do entrevistados,
46%, mantém as compras do produto cárneo no
mesmo ponto de venda. Programas de fidelidade com benefícios
para clientes ainda não são práticas
utilizadas pelo ponto de venda de carne bovina.
Sobre a freqüência para o tipo de local onde é
realizada a compra do produto, encontrou-se os seguintes resultados.
O local mais utilizado para compra do produto é o açougue
com o valor de 1,16, diferentemente do resultado médio
obtido por outros estudo ( FMI & ABRAS, 1999), onde os
supermercados apresentarem-se como principal canal de venda
do produto cárneo bovino. Em seguida aparecem os supermercados
( 1,06, os hipermercados (0,7), as boutiques de carne ( 0,35)
e as feitas livres (0,20). Os valores foram obtidos através
do uso de uma escala ponderada de pontos.
As feiras livres ficaram com a última colocação
em todas as classes sociais, demonstrado o que realmente percebe-se
na prática, ou seja, a diminuição de
um sistema de venda antiquado, que preza muito pouco a qualidade
e aparência do produto. Porém para a Classe D,
sua relevâncias ainda é maior quando comparada
ás outras.
Em relação as boutiques de carne, a hipótese
da baixa freqüência como local de compra, relaciona-se
principalmente ao preço praticado e conseqüentemente
seu direcionamento para um público de maior poder aquisitivo.
De qualquer forma, a Classe A apresentou o maior resultado
quando comparado ás outras, para a compra de carne
em boutiques.
Interessante notar, que estatisticamente não houve
diferença significativa entre boutiques de carne e
feiras livres para as classes sociais analisadas. Nota-se
que o grau de utilização destes canais de distribuição
pelos consumidores é ainda muito baixo e de classes
sociais extremas.
Na hierarquia das prioridades para escolha do ponto de venda,
a higiene do local apresenta-se como o principal aspecto,
acompanhado pelo fator qualidade do produto cárneo
e atendimento.
O preço, a qualidade dos outros produtos que não
a carne bovina, a possibilidade de efetuar outras compras
e a localização vêm em seguida, respectivamente
com 1,19, 1,13, 0,79 e 0,74 como fatores secundários
considerados pelos consumidores.
Ë interessante notar que a marca da loja, de acordo com
o resultado, é o fator com menor relevância na
escolha do ponto de venda pelas classe sociais.
Com relação ás ofertas especiais, á
medida que cai a renda da família, á medida
que cai a renda da família, a importância para
tal fator aumenta. Idem ocorrendo para os preços dos
produtos.
Os indivíduos de Classe A também demonstraram
preferir, a realização de suas compras em locais
onde possam adquirir outros produtos que não só
a carne bovina. Aparentemente esta característica é
decrescente, a medida que diminuí-se o nível
social. Nota-se ainda que a qualidade do produto cárneo
teve maior nota, para o público de Classe ª Outro
resultado muito interessante, foi ás informações
desejadas na embalagem do produto.
A validade sem dúvida é o aspecto que mais preocupa
os consumidores. Os Outros aspectos sugeridos tiveram baixo
índice de importância para o consumidores no
que se refere a informação contida na embalagem.
Este fato, novamente, demonstra a pouca atenção
do consumidor para aspectos mais profundos de saúde
e segurança alimentar.
Estatisticamente os itens, idade do animal, sexo, ração
do animal e tipo de alimentação utilizada não
apresentaram diferença. Os valores negativos confirmam
a baixa relevância para a decisão ou opinião
do consumidor para o produto, no que tange estes fatores.
É uma informação interessante, haja visto
a crescente discussão sobre rastreabilidade do produto,
que sem dúvida é fundamental para o controle
higiênico, sanitário e qualitativo da cadeia.
Porém mesmo tratando-se de uma alternativa de valorização
do produto, o apelo não é de conhecimento da
opinião do público final.
O setor deve decidir, baseado em estratégias de curto
ou longo prazo, se mantém ou modifica o grau de conhecimento
dos consumidores. A informação é uma
das forças fundamentais na diferenciação
do produto, pois o consumidor somente terá condições
de comprar e decidir por algo, se souber o que o produto é
capaz de fornecer. Melhor do que isto será quando o
consumidor tiver consciência sobre os benefícios
obtidos através do produto e serviço fornecido.
Na seqüência da entrevista, a próxima pergunta
questionava o conhecimento do consumidor sobre o significativo
do termo Carne Maturada. O resultado pode ser
analisado pela Tabela 7. O interessante neste quadro é
observar a falta de conhecimento e informação
dos consumidores sobre o produto. Na média 42% dos
entrevistados não souberam do que se trata um produto
maturado, sendo que apenas 24% dos entrevistados optaram pela
resposta correta. O restante, 34% das respostas, foram divididas
entre os itens carne embalada a vácuo (15%), carne
com menor quantidade de gordura (9%), carne com menor tempo
de preparo(5%), carne defumada (3%) e carne com muita gordura
(2%), respectivamente.
A Classe B foi que demonstrou maior conhecimento sobre o termo
produto maturado, seguindo pelas classes A,C e D, respectivamente.
O resultado surpreende somente entre as classes A e B, mas
não para as classes seguintes. Os entrevistados pertencentes
á Classe D, demonstraram ser os que menos possuem conhecimento,
com 59% do público dizendo não saber do que
trata o termo carne maturada..
Uma confusão comum, observada nos entrevistados, foi
com relação á definição
dos termos maturada, defumada e embalada a vácuo. Os
entrevistados no momento de optarem pela resposta, sentiram-se
em dúvida nestes três itens. Trata-se de um fator
importante a ser esclarecido, devido principalmente a necessidade
de agregar valor ao produto através de novos processos.
Por fim uma das últimas questões abordadas foi
sobre, em ordem de importância, quais dos parâmetros
indicados eram sinônimos de qualidade: cor, sabor e
odor. O resultado obtido foi o seguinte ( Tabela 9). Como
é de se esperar do instinto animal, as primeiras características
que atraem a atenção do consumidor é
a cor do produto e seu odor. Estatisticamente, cor e odor,
aparecem sem diferença na média das respostas.
Sabor, é um aspecto a ser observado posteriormente
pelo consumidor final, logicamente após seu consumo.
Para as Classes A,B e C as respostas apresentaram-se semelhantes
a obtida na média apresentaram-se semelhantes a obtida
na média. Somente a classe D, obteve um resultado diferente,
com o item cor do produto diferenciado-se estatisticamente
dos itens sabor e odor.
Ressalta-se desta forma a importância da manutenção
das características organolépticas do produto
durante seu processamento, sendo que dentre elas a cor é
fundamental para a atratividade do consumidor final.
Estes forma alguns dos principais resultados obtidos neste
trabalho. O processo de coleta de dados revelou um consumidor
que sente necessidade de conhecer melhor o produto que consome,
apesar de não saber exatamente onde buscar a informação.
Ao mesmo tempo ele sentiu-se constrangido quando foi questionado
sobre seu grau de conhecimento em relação aos
gonha-se em não saber os significados de alguns termos
ou características consideradas importantes para a
qualidade do produto cárneo.
A cadeia da carne bovina considerada de muita importância
dentro da economia do país, principalmente por tratar-se
um alimento estratégico do ponto de vista social, é
ainda uma incógnita no que diz respeito ao modelo de
coordenação a ser adotado para seu adequado.
funcionamento. Considerando-se os conceitos básicos
de mercado, o produto cárneo no seu relacionamento
com o consumidor final, partindo-se de um macro análise,
não atende as expectativas expressas pelos chamados
4 P`s do marketing.
O Produto ainda possui variados aspectos a ser melhorado para
diferenciar-se e tornar-se mais conveniente ao consumidor.
O preço trata-se de um fator limitante de demanda e
oferta do produto. Os Pontos de Venda distribuição,
ainda não se estruturam de forma conveniente para agregar
valor ao serviço prestado. Por fim, O Composto Promocional
é uma ferramenta desconhecida pelos articuladores do
setor. Apenas algumas poucas grandes redes de supermercados
e hipermercado, aventuraram-se em lançar pacotes de
promoção do produto. Nas entrevistas realizadas
com os 400 consumidores, divididos entre quatro classes, percebeu-se
a heterogeneidade de conhecimentos de conhecimentos e dúvidas
que permeiam a opinião do elo final da cadeia produtiva.
Não existem ainda promoções específicas
para a fidelização do consumidor. Este fato
pode estar correlacionado a falta de marca e identidade do
paulista, apresentam um problema comum na independente do
canal de distribuição: preço. Os açougues,
que resultaram como principal canal de distribuição,
não investem na identidade visual do produto com o
consumidor. Nem mesmo as grandes redes supermercado têm
um diferencial atrativo. Outra maneira de ganhar escala e
minimizar custos de investimento em marketing, seria a elaboração
de parceiras entre cadeias produtivas complementares que possuam
melhor valor agregado. Por exemplo, a viticultura com a pecuária
de corte. Na Europa, a presença de sugestões
de menus acompanhados de vinhos específicos é
uma estratégia muito comum nos pontos de venda.
Em pesquisa conduzida pela AC Nielsen (1999), entitulada de
Mudanças no Mercado Brasileiro, mostrou que 67% dos
consumidores gastam mais do que o planejado e 84% das decisões
de compra ocorreram diretamente no ponto de venda. È
uma informação estratégica, principalmente
para a distribuição através de açougues,
que são carentes em produtos atrativos para o cliente.
Reforça a necessidade de se trabalhar o conceito de
Ponto de Venda agregado a Promoção. Na mesma
pesquisa, observou-se que 90% dos indivíduos consumidores,
também utilizam oferta para decidir a compra. Esta
série de informações, que envolve todos
os elos da cadeia, necessita ser discutida entre os mesmos
para a projeção de perspectivas baseadas em
crescimento sustentável para o setor.
A curto prazo é necessário trabalhar melhor
o conceito do Ponto de Venda, através de ofertas promoções
compatíveis com a realidade da renda do consumidor.
A médio e longo prazo, a criação e desenvolvimento
de marcas próprias, seja para distribuição,
seja para o setor produtivo, pode ser uma alternativa para
conquistar a fidelidade do consumidor, ofertando quando possível
um produto e obrigatoriamente um serviço com valor
agregado, através da inovação e praticidade.
É importante estar atento as limitações
de pesquisas desta natureza, principalmente no que se refere
á aleatoriedade da amostra. Apesar de todo o desenho
e estrutura amostral, existe a possibilidade erros no momento
da coleta das informações, capazes de distorcer
o resultado. É impossível controlar também
o quanto o indivíduo entrevistado responde sinceramente
ás questões.
Neste sentido, sem dúvidas, existe a necessidade da
execução de outras pesquisas, direcionadas aos
consumidores de produtos agroalimentares, na tentativa de
identificar sistematicamente seus desejos e hábitos.
Nem todas as perguntas, necessárias para a definição
do comportamento do consumidor, foram contempladas no questionário
aplicado pelo trabalho. Por exemplo, nenhuma pergunta específica
foi realizada para identificar embalagens e cortes preferenciais.
Nem mesmo quanto ao sistema de atendimento ou mesmo disposição
dos produtos nos pontos de vendas, foram interrogadas.
O desenvolvimento de pesquisas junto ao consumidor é
sem dúvidas um aspecto carente dentro dos estudos direcionados
para a compreensão das cadeias produtivas agroindustriais.
Cabe portanto, o desenvolvimento do maior número de
estudos, seja ele dentro do universo pesquisado neste trabalho,
seja em outras capitais. Somente assim será possível
regionalizar estratégias, especificando para cada local
do país os tipos de ações de marketing.
Suinocultura
pode superar fronteira do país
São
Paulo está dentro da zona isenta de peste suína
clássica, conforme levantamento realizado no ano passado
pelo governo federal e que envolveu 13 estados. A declaração
de áreas livre e sua comunicação á
Organização Internacional de Epizootias (OIE)
permitirão o livre trânsito do produto no mercado
internacional.
São Paulo não tem mais barreira sanitária
que impeça o acesso aos mercados externos dos produtos
de origem suína, afirmou o Secretário de Agricultura
e Abastecimento, João Carlos de Souza Meirelles, que
participa no próximo dia 9 de fevereiro do evento A
suinocultura Paulista rumo ao Mercado Internacional, promovido
pelo Clube do Leitão, em Taquarituba, na região
de Avaré. O evento contará com as presenças
de Dorothea Werneck e do deputado Arnaldo Madeira.
O rebanho suíno de São Paulo totaliza 1.600
cabeças, distribuídas entre 1.479 granjas cadastradas.
O maior rebanho concentra-se nas regiões de Sorocaba
(145 mil cabeças) e Bragança Paulista ( 128
mil cabeças). A Coordenadoria de defesa Agropecuária,
das Secretaria de Agricultura, mantém um convênio
com a Associação Paulista dos Criadores de Suínos
para recadastramento de todas as propriedades criadoras no
Estado, cujo dados estarão compilados até o
final deste semestre. Desde 1998 não há caso
registrado de peste suína clássica em São
Paulo. No ano passado, o Instituto Biológico realizou
monitoramento sorológico em 720 matrizes com resultado
zero de suspeita. Segundo dados do Instituto da Economia Agrícola,
da Secretária de Agricultura, a produção
de carne suína no ano passado ficou em torno de 124
mil toneladas e representou 6% do total da produção
brasileira. A região de Mogi Mirim contribuiu com 16
toneladas e 15 mil saíram de Avaré. O consumo
de carne suína em São Paulo é de 400.00
toneladas, sendo que a produção estadual atende
31% do consumo. O IEA estimou em US$ 17 milhões o total
de carne suína importada no Estado em 2000. As exportações
de carne suína em São Paulo devem aumentar em
relação ao ano de 1999, que fechou em US$ 410
mil, para US$ 725 mil.
Taquarituba conta com 1,2 mil propriedades rurais e 22 mil
habitantes. Segundo o prefeito Miderson Zanello Milleo, os
suinocultores locais estão atravessando uma fase de
desenvolvimento rápido em razão do suporte dado
pela empresa agrícola Bawman, que instalou uma filial
no município há cerca de 1 ano.
Exportação
Brasileira deve crescer
A
produção brasileira de carne suína em
equivalente carcaças ficou estável em 2000.
Estima-se que tenha sido ao redor de 2 milhões de toneladas.
No Brasil, o consumo per capita de carne suína, segundo
dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos, deverá passar de 11/kg para 11,4/kg em 2001.
Em relação á exportação,
a expectativa para este ano, é chegar á 160
mil toneladas. As vendas da carne suína do Brasil no
mercado internacional continuam concentradas em quatro países
(Hong Kong, Argentina, Rússia e Uruguai).
Novo
centro dará apoio a produção leiteira
em Goiás
Oferecer
ao criador sistemas de produção leiteira mais
eficientes e melhorar a qualidade do rebanho da região
são objetivos do Núcleo Centro-Oeste de Gado
de Leite e da Central de Multiplicação Genética
do Centro-Oeste, localizados em Santo Antônio de Goiás.
O Núcleo Centro-Oeste de gado de Leite terá
como objetivo principal apoiar o crescimento da atividade
produtiva do setor de forma rentável e sustentável.
Esse trabalho contará com a parceria da Agenciarural
(antiga Emater-GO). Sob a coordenação de especialistas
da Embrapa Gado de Leite, a primeira missão do Núcleo
será tocar o Projeto Centro-Oeste de Pesquisa e Pós-Graduação
(PCOPG), parcialmente financiado pelo CNPq.
Entre as linhas de pesquisa do Projeto, está o mapeamento
de áreas produtoras de leite, traçando o perfil,
técnico e econômico. Outra atividade programada
é a avaliação de alternativas de produção
de leite a pasto. Serão comparados os sistemas de produção
tradicional (produção de leite durante todo
o ano) com o sistema estacional (concentra a produção
em uma determinada época do ano). Para tanto, serão
conduzidos experimentos sobre o uso mais intenso e racional
de forrageiras de alta produtividade, adaptadas ás
condições do cerrado. O trabalho terá
com base a raça Girolando.
A Central de Multiplicação Genética do
Centro-Oeste será implementada pela Assogir, com tecnologias
disponibilizadas pela Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia e apoio operacional da Embrapa Arroz e Feijão
e da Embrapa Gado de Leite. A princípio, o trabalho
terá como foco animais Gir e Girolando, abrangendo
posteriormente as demais raças zebuínas e taurinas.
O objetivo é multiplicar genótipos superiores
para características de interesse econômico na
produção de leite e corte. Deverá ser
também contemplada a preservação do germoplasma
da raça Gir, visando garantir sua variabilidade genética.
Vários criatórios de diferentes estados darão
suporte á iniciativa.
A Central se constituirá ainda em unidade de referência
para o desenvolvimento de biotécnicas mais eficientes
na multiplicação animal. Partindo da caracterização
biológica do Gir nas condições de cerrado,
pesquisadores irão buscar mais conhecimento da fisiologia
reprodutiva da raça para aprimorar a inseminação
artificial, transferência de embriões e a fecundação
in vitro de embriões.
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