O SPD é um sistema de manejo muito eficiente no controle da erosão. A palha sobre a superfície protege o solo contra o impacto das gotas de chuva, reduzindo a desagregação e o selamento da superfície, garantindo maior infiltração de água e menor arraste de terra. As perdas de nutrientes, proporcionais às perdas de terra e água, são também menores no SPD.
Considerando a área ocupada por culturas anuais no Estado de São Paulo, cerca de 2.800.000 ha, calcula-se que, sob sistemas convencionais de cultivo, seriam perdidas, anualmente, 33 milhões de toneladas de terra e 4 3 bilhões de m de água na forma de enxurrada. Em SPD essas perdas anuais seriam reduzidas significativamente.
O SPD reduz até em 90% as perdas de terra e até em 70% a enxurrada.
TEMPERATURA E UMIDADE DO SOLO
O SPD se beneficia com a cobertura do solo pela palha e com a pouca mobilização da superfície. Com o aumento da cobertura de 30% para 80%, a temperatura da superfície é reduzida até em 4 ºC e a oscilação da temperatura do solo durante o dia também diminui, com benefícios para o desenvolvimento das plantas. Com uma cobertura morta de cerca de 70%, a evaporação do solo reduz-se para cerca de 1/4. Assim, a retenção de água é maior, podendo representar uma economia até de 30% de água em algumas áreas de produção irrigada ou a manutenção da produtividade em áreas de sequeiro quando ocorrem veranicos.
MANUTENÇÃO DA FERTILIDADE
No SPD há aumento dos teores da matéria orgânica no solo.
Esse aumento resulta em melhoria de estrutura, aumento da atividade biológica e da disponibilidade de nutrientes, como fósforo e cálcio.
Todos esses fatores contribuem para o aumento no rendimento das culturas e possibilitam a redução da aplicação de fertilizantes, especialmente os fosfatados.
VANTAGENS ECONÔMICAS E OPERACIONAIS
– Economia de combustível.
– Aumento da vida útil das máquinas.
– Necessidade de menor volume de chuvas para o trabalho da terra.
– Maior controle sobre a época de semeadura.
– Possibilidade de economia de fertilizantes.
O custo de produção no SPD é cerca de 6% a 14% mais baixo que nos sistemas convencionais. A economia de combustível é um dos fatores que mais contribuem para a redução dos custos, pois o consumo de diesel chega a ser 70% menor.
Sem aração e gradagens, a potência requerida para tratores é 30 % a 60 % menor, com aumento da vida útil de máquinas e implementos.
Com o SPD o planejamento das épocas de plantio pode ser executado com maior precisão atendendo às necessidades das culturas da safra e safrinha
VANTAGENS AMBIENTAIS
– Diminuição no consumo de petróleo (combustíveis fósseis).
– Seqüestro de carbono pelo aumento do estoque de carbono no solo e da matéria orgânica em decomposição na superfície.
– Redução das perda de solo por erosão, do assoreamento e da poluição difusa que atinge reservatórios e cursos de água.
Plantio Direto
O Plantio Direto é a técnica de semeadura na qual a semente é colocada no solo não revolvido (sem prévia aração ou gradagem leve niveladora) usando semeadeiras especiais. Um pequeno sulco ou cova é aberto com profundidades e larguras suficientes para garantir a adequada cobertura e contato da semente com o solo.
É importante frisar que no Plantio Direto não se usa os implementos denominados de arado e grade leve niveladora que são comuns na agricultura brasileira e no preparo do solo antes da semeadura. Uma vez adotado o Plantio Direto, a técnica não deve ser utilizada intercaladamente com arado, grade niveladora, grade aradora.
A manutenção de restos de culturas como trigo, milho, aveia e milheto na superfície do solo é fundamental para o sucesso do plantio direto, deixando grande parte coberta com palha. Com o auxílio de um trator passa-se um rolo-faca ou uma roçadeira para espalhar a palha seca.
Em seguida, com uma semeadora de Plantio Direto, o terreno é semeado “rasgando-se” em linha a palha que cobre o terreno e depositando a semente e adubo no pequeno sulco. Grande parte do terreno fica coberta de palha (cobertura morta ou “mulch”) e protegida da erosão, pois, se houver uma chuva forte, o impacto da gota da chuva será amortecido pela palha antes de atingir a superfície do solo. O sistema permite o cumprimento do calendário agrícola, validando as recomendações do zoneamento e sendo um atrativo para as seguradoras, viabilizando a atividade agrícola.
Meio Ambiente
O Plantio Direto é a mais importante ação ambiental brasileira em atendimento às recomendações da conferência da Organização das Nações Unidas (Eco-92) e da Agenda 21 brasileira, indo ao encontro do que foi acordado na assinatura do Protocolo Verde.
Em algumas regiões do Brasil o plantio direto é conhecido há muito tempo, desde o início dos anos 1970, quando chegou ao país pela Região Sul. Desde então, a adoção por parte dos agricultores tem sido cada vez mais crescente, chegando ao Cerrado. Hoje, a área agrícola sob Plantio Direto no Brasil é de aproximadamente 9 milhões de hectares.
Porém não é somente pelos benefícios ao meio ambiente que muitos agricultores que plantam milho, soja, trigo, feijão e arroz estão adotando o Plantio Direto. Há uma série de outras vantagens como:
• Melhor retenção de umidade havendo maiores rendimentos em anos secos.
• Não ocorrência de erosão e, portanto, não há necessidade de replantio, que implica em novo preparo de solo com conseqüente maior gasto de combustível, sementes e adubos. Isto levará a um aumento considerável nos custos de produção e não livrará o agricultor de fracasso na safra devido ao plantio fora de época.
• Mais tempo para semear (enquanto no Plantio Convencional é possível semear 3 a 6 dias após uma chuva forte, no Plantio Direto é possível semear 6 a 12 dias após uma chuva).
• Aproveitamento de melhores épocas de plantio e no plantio de maior área no mesmo espaço de tempo, principalmente quando ocorrem chuvas esparsas.
Custo
A curto prazo (quatro anos), o plantio direto tem maior custo porque o investimento em herbicidas pode superar a economia obtida pelo menor consumo de combustíveis e uso de horas-máquina.
Entretanto, grande parte dos estudos comparativos não consideram fatores que poderiam reverter esse quadro. Por exemplo, no Plantio Convencional, normalmente há operações de replantio em que são necessários novo preparo de solo, gastos com combustíveis, sementes, adubos, além da perda de produção devido ao plantio fora da época.
Com o passar dos anos, o Plantio Direto tende a diminuir o consumo de herbicida, principalmente se for combinado com a rotação de culturas. Já no Plantio Convencional, o consumo se mantém sempre o mesmo, exceto quando há replantio, que, nesse caso, pode aumentar o consumo.
Atualmente, é inegável a importância do plantio direto como sistema de produção para a agricultura brasileira. A cada ano ocorre um considerável aumento em áreas e também ampliação do uso desta técnica para outras culturas como essências florestais, olerícolas e frutas.
A produção de grãos ainda é o carro chefe na adoção e desenvolvimento do sistema do plantio direto, o que pode ser comprovado pela aceitação dos produtores, sendo consolidada como técnica usual ha vários anos em regiões produtoras do país. Embora nestas áreas de ocorrência da inovação tecnológica seja constante não e difícil encontrar lavouras mal conduzidas, com altos custos e sendo causando impacto ao ambiente.
O principal entrave para a adoção do sistema de plantio direto nos cerrados é o mito da necessidade de revolvimento do solo por implementos pesados como subsoladores, grades e arados. Estes implementos são utilizados em procedimentos de destruição de soqueiras e preparo de solo. A produção de matéria seca e principalmente sua permanência sobre o solo é a maior dificuldade a ser superada. Atualmente, o milheto é a espécie mais utilizada para a formação de palhada nos cerrados, porem é possível a adoção de outras espécies de coberturas que também produzam boa quantidade de matéria seca e diminuam os impactos do alto fluxo de maquinas e implementos utilizados durante todo o ciclo das culturas em campo. A espécie que apresenta maior potencial é a Braquiaria. A integração lavoura pecuária pode ser uma técnica nova importante.
Portanto, o plantio direto se expandiu no Rio Grande do Sul e Paraná e rumou para os cerrados do Brasil central, chegando aos lavrados de Roraima. Neste ecossistema diferenciado dentro da Amazônia, onde já se cultiva o arroz irrigado em áreas de várzeas com sucesso ha mais de 20 anos, com alta tecnologia, o que vem fazendo de Roraima um exportador de arroz. A partir de 2000 a Embrapa adota o plantio direto de soja e milho em áreas experimentais.
A maior dificuldade para a adoção do sistema de plantio direto nas condições edafoclimaticas de Roraima é a adaptação de espécies de cobertura que produzam matéria seca em quantidade, capazes de passar o período seco vegetando ou protegendo o solo de forma a permitir o cultivo subseqüente sem a necessidade de revolver o solo.
Alguns estudos para a instalação de cultivos de soja diretamente sobre o capim nativo, que vegeta nos campos, têm apresentado bons resultados permitindo produtividades próximas de 35 sacas no primeiro ano. Esta forma de cultivo saiu dos portões da Embrapa para ocupar áreas de produtores, principalmente aquelas que apresentam certo declive maior.
Outros produtores estão adotando o milheto como espécie de cobertura verde em plantio antecipando ao da safra da soja e mesmo após a colheita da lavoura como forma de obter maior produção de matéria seca na lavoura propiciando proteção ao solo.