Pecuária

Trabalho porteira afora

Obter sucesso em uma atividade, muitas vezes incipiente dentro de um determinado universo, significa muito esforço no cumprimento da rotina interna e também na sua militância.

Para estruturar um modelo competitivo, investimento e trabalho podem romper a tecnificação e a boa gestão, demandando militar em esferas maiores, como, por exemplo, em ações que empurrem à frente toda uma cadeia produtiva. É o que se conclui da trajetória recente da Agrojem, empresa tocantinense de José Eduardo Motta, que atua na agricultura, armazenagem de grãos e bovinocultura de corte. Nesses setores, em pouco tempo vai se tornando referência e deixando um vácuo para seguidores de excelência e abrindo novas perspectivas em Tocantins.

Especificamente na pecuária, em 18 de outubro, a Agrojem realizou mais um abate técnico, o segundo de sua assinatura. Seria apenas mais um entre tantos pelo País se não ponderássemos a estratégia de negócios sustentando a iniciativa. “Claro que um abate técnico deste porte é uma ferramenta para avaliarmos nosso trabalho de seleção genética (Nelore Jem) e também do nosso manejo e nutrição, da desmama à recria e terminação em confinamento próprio. Mas antes de tudo queremos mostrar ao mercado que animais com 57,5% de rendimento médio de carcaça, com boa cobertura de gordura e carne de qualidade, são mais rentáveis e permitirão, em um futuro próximo, obter um resultado ainda melhor no negócio pecuário como um todo, em Tocantins, por exemplo, com exportações”, explica José Eduardo. A Agrojem é uma empresa que atua na pecuária, agricultura e armazenagem de grãos. Na pecuária possui o Nelore JEM e o Confinamento São Geraldo. Na armazenagem é a Agrojem Armazéns Gerais. Na agricultura exploram a soja e o milho na safrinha para grão e silagem. Tudo isso em quatro fazendas próprias e 15 arrendamentos. O gado comercial totaliza por volta de 50 mil cabeças.

Sistema verticalizado de produção

As fazendas próprias são a São Geraldo, em Ceseara (TO), onde está instalado o confinamento; a Bacaba, em Miranorte (TO), onde acontece integração lavoura e pecuária; a Surubim, em Ipueiras (TO), onde está a seleção de gado PO; e a Fazenda Terra Boa, em Almas (TO), responsável pelo setor de cria. A área de agricultura é de 10,5 mil hectares, incluindo plantio próprio e arrendamento para terceiros. Além de soja e milho há ainda outras culturas como milheto e sorgo. Na pecuária, a empresa dispõe de 50 mil hectares de pastagens arrendadas para recria de gado comercial. Ainda na bovinocultura, a estrutura oferece outros 5 mil hectares com Integração Lavoura e Pecuária (ILP). As áreas próprias não indi-cadas à agricultura foram trans-formadas em pastagens perenes. O Confinamento São Geraldo, por sua vez, tem capacidade estática para 12 mil cabeças, mas está em obras para expandir para 30 mil bovinos (60mil em dois giros). A estrutura possui fábrica própria de ração e de proteinados, o que permite bem-suplementar todos os animais, em todas as propriedades, não somente os do confinamento e do rebanho PO.

A fábrica se vale da produção de grãos da Agrojem e de núcleos adquiridos no mercado. O gado de recria é todo adquirido na região, incluindo o de pecuaristas parceiros que trabalham com a genética do Nelore JEM. Está no planejamento da empresa montar um projeto de cria para ser iniciado nos próximos dois anos, de modo que, com o tempo, todo o esquema fique verticalizado.

O gado PO, por volta de 1 mil matrizes (50 doadoras de embriões) não possui dieta diferente do gado comercial e tem origem no que há de mais moderno na seleção de Nelore do País, raça responsável por colocar o Brasil como protagonista no cenário mundial de exportações de carne bovina. As doadoras produzem 300 prenhezes de FIV ao ano. Rafael Marzão é o técnico responsável pelos acasalamentos. E os investimentos em alta genética são constantes. A Agrojem possui dois touros em centrais: Ayman MAT (Semex) e Artista MAT (na Alta Genetics), adquiridos do renomado criatório de Luciano Borges, Rancho da Matinha (Uberaba, MG). Trata-se do rebanho pioneiro e mais antigo na seleção de Conversão Alimentar Residual (CAR), no Brasil, critério que busca a seleção genética de animais que melhor convertem consumos alimentar em desenvolvimento precoce e peso de terminação.

Genética para produção

Danilo Figueiredo, diretor, conta que depois de inicialmente trabalhar com uma seleção voltada para padrão racial, há quatro anos, depois de longas discussões, decidiram mudar o foco da criação e dirigi-la ao atendimento dos pecuaristas comerciais que precisam de genética que conferisse carcaças modernas, precocidade, habilidade materna e ciclo mais curto. Então, em 2015, Rafael Marzão entra para conduzir os novos acasalamentos, investimentos e novas doadoras e reprodutores. Hoje, já com safras de touros desse redirecionamento, comercializa 500/ano reprodutores com Mato Grosso, Goiás, São Paulo, além de Tocantins. A estratégia trouxe grande alento à comercialização de genética da grife Nelore JEM. Hoje esses animais são integrantes do PMGZ (ABCZ) e Nelore Qualitas (um outro programa de melhoramento genético, que também produz animais com CEIP – Certificado Especial de Identificação e Produção, concedido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

O rebanho PO da Agrojem se encontra em plena expansão, inclusive com a incorporação de novas áreas para pecuária. Para tanto, vislumbrando o melhoramento das matrizes, o programa de FIV está totalmente voltado às fêmeas de reposição. A seleção é destinada aos pecuaristas produtores de bezerros comerciais. O planejamento se volta para parcerias onde a empresa entra com os reprodutores e os agentes de cria com a matéria prima para a recria e posterior engorda, na Agrojem. “O relacionamento precisa ser muito saudável para ser bom para os dois lados”, explica Danilo.

Atualmente, a Agrojem conta com 160 colaboradores que dispõem de forte amparo de recursos humanos e de total cobertura das disposições trabalhistas. As equipes trabalham sob gestão moderna e buscam excelência em todos os níveis. Há muito rigor nas questões de segurança, saúde e nutrição de seus funcionários.

Os parâmetros do abate técnico

O 2º Abate Técnico Agojem foi realizado dia 18 de outubro em Paraíso do Tocantins (TO), cidade distante 70km da capital Palmas, a Oeste. O Frigorífico Plenas se encaminhou dos procedimentos, enquanto a Associação de Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), de chancelar e oficializar a avaliação das carcaças. Foram 250 animais que passaram pela sala de abate e desmonte, acompanhados por olhos atentos de técnicos, pecuaristas e do secretário da Agricultura de Tocantins, Thiago Dourado.

Do volume total de carcaças, 80% acusaram peso de 17 a 22 arrobas, bem aos moldes do que a indústria frigorífica pede de característica na sua matéria prima. Quanto ao acabamento de gordu-ra subcutânea, aquela que protege as carcaças no processo de resfriamento submetido pelo frigorífico, 82% demonstrou presença mediana e uniforme. Para Guilherme Alves, gerente de produto da ACNB e responsável técnico pelo procedimento, “o desempenho frigorífico dos lotes superou as expectativas mais uma vez”. Ele destacou que “a qualidade das carcaças assegura qualidade da carne, em função da idade dos animais, sanidade e acabamento de gordura. Todas características que comprovam excelência da ge-nética à terminação dos animais”. A opinião foi compartilhada pelo gerente corporativo do frigorífico, Wesley Lopes. Para ele, “a oferta em escala e com regularidade de fornecimento de bovinos nessas características, abre novas portas para a pecuária tocantinense”, conclui.

Texto: Ivariz Júnior • Fotos: Divulgação

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