Produtores de milho comemoram liberação judicial das variedades transgênicas aprovadas pela CTNBio. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho – Abramilho, Odacir Klein, comemorou a suspensão da liminar que suspendia os efeitos da autorização de liberação comercial das variedades de milhos geneticamente modificados (GM), aprovados para comercialização pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e que estavam impedidos de plantio.
Conforme decisão da desembargadora federal Maria Lúcia Luz Leiria foi revogada a liminar concedida em outubro de 2007 que suspendia os efeitos dessa liberação. Com a nova decisão judicial, a CTNBio também fica livre para continuar a deliberar sobre novos pedidos de liberação comercial de variedades transgênicas.
“Não era sem tempo que uma decisão corajosa viesse para colaborar com os produtores brasileiros. O Brasil precisa ganhar produtividade para a produção de milho, tanto para abastecer o mercado interno como para poder conquistar novas posições no mercado internacional. Somos hoje o terceiro maior exportador, mas temos condições de, a médio prazo, superar a Argentina nesse fornecimento para os países compradores, em especial os da Europa e do Oriente Médio, como já ficou demonstrado no segundo semestre do ano passado”, declarou o presidente da Abramilho. “Não era justo ficar a reboque da Argentina tecnologicamente”, desabafou.
Almir Rebelo, presidente do Clube Amigos da Terra, de Tupanciretã-RS, também aplaudiu a decisão. “Como produtor estou comemorando essa decisão, pois entendo que esse é o primeiro passo para o desentrave das barreiras que impedem o plantio no Brasil. Nesse momento, é importante que a sociedade saiba que com essa contribuição da Justiça nós diminuiremos o custo da produção para R$50,00/ha, melhoraremos a nossa competitividade e teremos ganhos com uma maior produção”. Almir também destaca que os produtos transgênicos permitem diminuir o uso de agroquímicos, contribuindo para a saúde dos produtores e para o meio ambiente.
Dados da Céleres apontam que, tanto na Argentina quanto nos Estados Unidos, houve um aumento de produtividade no plantio de milho após a introdução das variedades transgênicas. O aumento da produtividade média nos Estados Unidos entre 1988 e 1997 foi de 0,6% ao ano, ao passo que no período de 1998 (introdução da biotecnologia do milho nos EUA) a 2007, o crescimento médio foi de 1,6% ao ano. No caso da Argentina, de 1990 a 1997, a Argentina manteve sua produtividade média sempre na casa de 4.200 kg/hectare. Com a introdução do milho geneticamente modificado em 1998, a produtividade média saltou imediatamente para o patamar de 6.000 kg/hectare.
No início de 2007, a Abrasem – Associação Brasileira dos Produtores de Sementes apresentou um estudo demonstrando os benefícios da comercialização do milho GM. A conclusão foi de que, se apenas 50% da atual área planta de milho passassem a ser de variedades transgênicas, o Brasil teria um ganho econômico de US$ 192 milhões. Desse total, US$ 31 milhões seriam decorrentes do menor volume de agrotóxicos a ser utilizado nessas lavouras, deixando de contaminar o meio ambiente e a saúde dos agricultores. “Atrasos dessa natureza não podem mais acontecer. Produtos transgênicos são utilizados em todo o mundo há mais de 10 anos e o Brasil estava ficando para trás”, observou o presidente da Abramilho.
Dez anos de milho transgênico na Espanha
A adoção do milho geneticamente modificado resistente a insetos-pragas (tecnologia Bt) completa dez anos na Espanha, expandindo sua produção a cada safra. Aragon e Catalunha, as regiões da Espanha com maior incidência da praga, são aquelas em que a produção do milho transgênico é mais intensa e significante. Outras regiões também destacam-se no cultivo, como Extremadura, Navarra e Castilla-La Mancha. A tecnologia utilizada protege a lavoura dos ataques da lagarta do cartucho, da lagarta da espiga e da broca do colmo.
De 2006 para 2007, a produção de milho teve crescimento de 40%, segundo dados do Ministério da Agricultura espanhol. Do total cultivado, 20% já correspondem às 42 variedades de milho resistente a pragas, o que evidencia o crescimento do cultivo, pois em 2006 esse índice era de apenas 15%.
A Espanha é hoje o principal produtor de milho geneticamente modificado na União Européia. Outros países do bloco que também adotam a biotecnologia são França, Alemanha, Romênia, República Tcheca e Eslováquia.