Avicultura

Peru: uma ave com a cara do natal

Mas não é só no final de ano que o peru encontra no Brasil um mercado favorável. Embora muitos não o saibam, se proporcionarmos aos perus, boas condições de higiene, boa alimentação e um bom manejo, sua criação é tão fácil quanto à de galinhas.

Até aos 3 meses são tão delicados quanto os pintinhos mas, passada essa idade, torna-se uma das mais resistentes aves domésticas, podendo ser soltos pelos campos, embora devam ser recolhidos a um abrigo, durante a noite. São criados para a produção de carne, pois seus ovos são mais usados para a incubação. São aproveitados, ainda, todas as suas penas e detritos, além dos 50kg de ótimo esterco que produzem por ano.

Não devem ser criados junto com outras aves. Só devemos colocar em reprodução aves sadias e de boa procedência, para obtermos aves precoces, resistentes e de maior rendimento. Em pequenas áreas, os perus devem ser criados no chão, mas em galpão, com “cama” de maravalha fina, sabugo moído ou outro material absorvente. As instalações podem ser simples, mas higiênicas. O “verde” (capins, verduras, confrei etc.) não devem faltar para eles.

Para começar a criação, podemos adquirir ovos, peruzinhos de 1 dia, ou aves, dependendo das circunstancias. Cremos que o melhor seja pela aquisição de peruzinhos de 1 dia, já selecionados por especialistas, pois requer menos instalações e menores gastos Iniciais, inclusive na aquisição das aves. O ideal é adquirir os peruzinhos de 6 a 8 meses antes de uma data especial como o natal pois, assim, teremos perus para as festas, reservaremos os destinados à reprodução e ainda poderemos vender os excedentes.

A alimentação mais indicada é com as rações balanceadas e o verde embora, nas criações caseiras, possam ser aproveitados outros alimentos, inclusive os restos de comida (para a engorda).

Postura

É em geral, de 30 a 50 ovos no primeiro ano, chegando a 100 ou 180 nas peruas melhores e precoces, decrescendo em 30% no segundo ano. Os ovos devem ser recolhidos todos os dias, datados, marcados com o número da perua e guardados em locais frescos até serem postos a incubar. Um fator que influi muito na postura é o choco. Para fazer com que as peruas “percam o choco”, basta prendê-las em uma gaiola com água e comida, longe do ninho e em poucos dias o choco desaparecerá. Quando a incubação vai ser natural, devemos evitar que mais de uma perua ponha ovos no mesmo ninho.

Para que os perus engordem, atingindo maiores pesos, basta prendê-los em pequenos cercados (quando não estão em galpões) e submetê-los a uma alimentação especial, quando atingem 4 a 5 meses de idade, reduzindo o verde e dando ração balanceada para engorda. Podemos dar-lhes, também, milho, outros grãos, raízes de mandioca mansa ou aipim, picados em fatias e cruas, de preferência um dia após serem arrancadas ou outros alimentos como batatas cozidas, farelo de trigo, cevada, aveia, leite desnatado, restos de comida, etc. A engorda dura de 20 a 60 dias. Quando aparecer canibalismo, aumentar o verde e o teor de temas da ração. Os perus comem, em média, desde o nascimento até o abate (28 semanas), 35kg de ração. A ceva rápida é usada em geral, para as raças pequenas, como a Beltsvlle. Os perus desta raça podem ser abatidos com 12 semanas, dando um peso vivo de 2,750 a 3,750kg. As idades para o abate são 26 semanas para fêmeas e machos, antes que nasçam as penas que vão prejudicar a carcaça.

Os adultos podem ser mantidos confinados ou então soltos em cercados, para que possam receber maior assistência e controle. Como são muito resistentes, basta que lhes sejam fornecidos abrigos para passarem a noite e se protegerem das chuvas, dos ventos, do frio e do sol muito forte. Devem ter sempre ração à sua disposição. Comem, em média, 200 a 300g por dia. Nos abrigos ou galpões podemos colocar poleiros, todos à mesma altura, medindo 5cm de grossura e 10 de largura, separados 60 a 80cm uns dos outros e abrigando 2 a 3 perus por metro linear. Manter luz acesa nos abrigos ou galpões é uma boa medida porque, embora comam mais, os perus crescem e se desenvolvem mais rapidamente.

Devemos fornecer-lhes pedriscos ou areia, para maior aproveitamento dos alimentos e melhoria das suas condições de saúde, porque concorrem para melhor trituração e assimilação dos alimentos. Os terrenos devem ser grandes, secos, gramados e com divisões para permitir á rotação das pastagens. Nos primeiros dias, os comedouros e bebedouros devem ficar próximos aos abrigos, sendo afastados gradualmente, para obrigarem as aves a se espalharem, fazendo exercícios. Não aconselhamos a colocação de perus adultos em gaiolas, porque podem aparecer inchações nas patas, prejudicando as aves. O melhor é ficarem sobre cama.

Incubação

Pode ser natural, feita pelas próprias peruas, que incubam de 15 a 25 ovos de cada vez, são boas chocadeiras e, às vezes, não abandonam o ninho nem para comer. Neste caso, devemos retirá-las do ninho para forçá-las a se alimentarem, Os ninhos podem ser feitos de simples caixotes de madeira medindo 40cm x 50cm e com uma camada de palha ou capim seco, no fundo. Podemos usar, também, a incubação artificial, com o emprego de chocadeiras, sendo mais indicada para as grandes criações, embora existam incubadoras para poucos ovos. A temperatura deve ser de 38,5ºC, aumentando até 39,5ºC no final da incubação. Os ovos devem ser virados 2 a 3 vezes ao dia, examinados no 9º dia (é observada a “aranha” ou “anel de sangue”) e no 23º dia. A incubação dura 28 dias. Os ovos devem ter no máximo 10 dias após a postura, mais de 70g e serem de aves precoces e sadias. Os de peruas muito novas são pequenos e, em geral, não são férteis.

Quando saem dos ninhos ou das incubadouras, os peruzinhos devem ser colocados em criadeiras ou baterias, com piso de tela ou ripa de madeira ou mesmo sobre uma cama adequada e com uma fonte de calor (lâmpada de raios infravermelhos), aí permanecendo até 9 a 10 semanas, pois posteriormente são levados para parques gramados ou então para galpões com cama. Nessa época devem ser vacinados contra a bouba. Um metro quadrado comporta 10 peruzinhos. Sua alimentação deve ser com ração balanceada “inicial”, com 26% de proteínas, até 30 dias de idade, passando para a de crescimento com 18 a 20% mas, na falta desta, podem receber a de adultos. O “verde”, não deve faltar nunca. Quando soltos nos campos, “pastam” como bois, economizando 20 a 25% de ração.

Nas pequenas criações e nos primeiros dias, podem receber quirera de milho, ovos cozidos picados, verduras picadas, pão com leite e aveia. Até aos 3 meses devem ser bem protegidos do sol, das chuvas, dos ventos e da umidade, pois é nessa idade que passam pela “crise do vermelho”, facilmente superável pelas aves sadias e bem alimentadas. Torna-se, depois, uma das aves mais resistentes. Podem ser mantidos em galpões até serem vendidos para o corte ou abatidos. Não é aconselhável aglomeração ou a permanência de perus em terrenos muito pisados, dos quais não possam ser mudados pelo menos todas as semanas.

Reprodutores

A proporção deve ser de 1 macho para 8 a 10 fêmeas. É preferível que cada macho com suas fêmeas seja separado dos demais, para evitar as brigas. Os machos devem ser escolhidos de acordo com o tamanho das fêmeas. Para machos de 14 ou 15kg, devemos escolher fêmeas de mais ou menos 8kg. Os machos devem ser sadios, vigorosos, de bom tipo ou padrão da sua raça e de preferência de 9 a 10 meses de idade. As pernas devem ser sadias, fortes, dentro do padrão da raça, com 8 meses e devem ser retiradas da reprodução, com 3 anos de idade. A inseminação artificial é empregada como rotina e com sucesso, nas grandes criações.

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