Apesar da instabilidade climática, o setor do trigo de São Paulo espera uma colheita de 260 mil toneladas do grão, 18% a mais do que o apresentado na última reunião em agosto. O dado atualizado foi destacado durante o encontro da Câmara Setorial do Trigo, realizada em 7 de novembro, na sede do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), em São Paulo (SP), que reuniu representantes de diferentes elos da cadeia produtiva.
“Pudemos notar a preocupação das cooperativas com as condições climáticas e os seus efeitos na produção, mas felizmente as geadas e as secas não afetaram a cultura”, pontua Nelson Montagna, presidente da Câmara. O estado de São Paulo ainda enxerga potencial para crescer no setor. “Seguiremos perseguindo o aumento do plantio no estado. Atualmente temos uma área plantada de trigo de 70 mil hectares, que podem se tornar 100 mil hectares”, diz. Ele ainda ressalta que o trabalho pode ser feito de forma mais ativa e assertiva para atingir uma safra de 400 mil toneladas em três anos.
Outro ponto abordado durante a reunião foi o pleito do setor produtivo para a revisão da lei de zoneamento agrícola, que será reforçado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado perante o MAPA. Montagna explica que “as janelas do plantio estão inadequadas para a nova realidade e que são necessárias mudanças”, afirma Montagna.
Os participantes, além de acompanharem o reporte de expectativa de safra das cooperativas do estado, levantaram o debate sobre necessidade de reativação de pesquisas realizadas pelos institutos públicos, aspecto que pode contribuir para o aumento da produção do trigo paulista. Representantes da Secretaria de Agricultura do Estado, do IAC – Instituto Agronômico de Campinas e ITAL – Instituto de Tecnologia de Alimentos solicitaram aos integrantes da Câmara Setorial uma análise SWOT do setor, mapeando as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, que servirá como base para um plano de ação do Governo do Estado. “A Câmara também ajuda a fomentar o diálogo e entender melhor a demandas do setor com seus desafios e anseios”, ressalta Montagna.
A reunião contou também com a apresentação do administrador de empresas Pedro Sampaio, da trading de commodities Gavilon, que trouxe aos participantes um panorama do mercado internacional do trigo, detalhando o cenário da cultura no país e as expectativas e desafios da produção em São Paulo. “Devemos estar atentos a questões como o estoque de trigo, que pode impactar no preço do cereal para baixo, e também a novas políticas do governo argentino, que podem fazer com que a produção da próxima safra do país reduza de tamanho”, destaca Pedro, ressaltando que a liberação da cota para a importação para o Brasil de 750 mil toneladas de trigo de países de fora do Mercosul sem tarifa também deve impactar nas negociações com a Argentina.