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Couro: exportações cresceram 30%

Porém, CICB receia problemas futuros na industria dos couro. As exportações brasileiras de couros acompanharam o bom momento da pecuária e expandiram 30% nos primeiros seis meses deste ano em relação ao mesmo período de 2006, aumentando de US$ 703 milhões para US$ 1,112 bilhão, segundo dados elaborados pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).

Em volume, os embarques aumentaram 4% em relação ao ano passado e a receita foi 30% superior se comparado ao primeiro semestre de 2006. “Creditamos o aumento das exportações ao aquecimento da economia mundial, à credibilidade e ao profissionalismo demonstrados pelo setor curtidor brasileiro, conquistando de forma definitiva o mercado internacional. O couro brasileiro, hoje, é um jogador importantíssimo no cenário internacional”, afirma o diretor executivo da CICB, Luiz Bittencourt.

Os principais destinos do couro brasileiro em receita entre janeiro e maio continuam sendo a Itália (participação de 29,12 % e crescimento de 47% quando comparado a 2006), China (participação de 22,49% e elevação de 60%) e Hong Kong (10,96% e decréscimo de 7%).

Estados Unidos, Vietnã, Indonésia, Coréia do Sul e Tailândia foram outros mercados importantes para o produto nacional. As vendas externas para o Vietnã cresceram 76% no período, saindo de US$ 13,12 milhões para US$ 23,12 milhões.

No primeiro semestre de 2007, as exportações de couro alcançaram US$ 1,12 bilhão, dos quais 64% foram em couro de maior valor agregado (semi-acabado e acabado) e 36% foram em couro de menor valor agregado (salgado e wet blue).

O acumulado até maio também registrou aumento nas vendas para países que não são importadores tradicionais do couro brasileiro, como é o caso do México (expansão de 157%, de US$ 5,61 milhões para US$ 14,42 milhões), República Dominicana (aumento de 317%, saindo de US$ 674,30 mil para US$ 2,81 milhões), e Cingapura, que aumentou suas importações em 716%, de US$ 673,45 mil para US$ 5,49 milhões. “Para o segundo semestre de 2007, a expectativa é que as exportações de couro cheguem a US$ 1,2 bilhão, com uma participação ainda maior dos couros de maior valor agregado”, afirma Luiz Bittencourt.

Dentre outros países não compradores habituais do produto nacional cabe citar a Romênia, que importou 313% a mais, saindo de US$ 238 mil para US$ 983,46 mil; a República Tcheca, cujas compras cresceram 53 vezes, saindo de US$ 14,54 mil para US$ 774,42 mil, e as Filipinas, que importaram 137 vezes mais, saltando dos US$ 3,4 mil para US$ 466,8 mil. A Arábia Saudita também aumentou em 348% as aquisições do couro brasileiro no período, de US$ 12,1 mil para US$ 54,3 mil.

Para que o couro seja mais valorizado e tenha um valor maior, são necessários cuidados que começam ainda na criação dos bois: “Diria que são duas premissas importantes, basicamente: A primeira é a conscientização do pecuarista sobre os cuidados para a qualidade do couro que lhe proporcionarão ganhos no couro e na carne; a segunda é que essa qualidade seja efetivamente reconhecida e remunerada. A equação parece, mas não é de simples solução. Mas também não é de solução impossível. Há que se buscar, diuturnamente, uma solução”, explica o diretor executivo da CICB.

Estados exportadores

Segundo o balanço dos embarques de couros de janeiro a maio de 2007 ante o acumulado anterior, São Paulo detém a liderança estadual (participação de 34,49% e elevação de 41%), seguido pelo Rio Grande do Sul (participação de 24,43% e aumento de 18%), Paraná (6,53% e expansão de 57%) e Mato Grosso do Sul (6,45% e crescimento de 38%). Os demais estados são Ceará, Bahia, Goiás e Minas Gerais.

O Brasil possui hoje o maior rebanho bovino comercial do mundo, com 205 milhões de cabeças, seguido da China (143 milhões de cabeças) e EUA (99 milhões de cabeças), segundo a FAO, o órgão da Organização das Nações Unidas para a agricultura e alimentação. Bittencourt explica que essa é uma vantagem comparativa que possui potencial de crescimento, pois temos território superior a 850 milhões de hectares, proporcionando ao Brasil capacidade para expansão de sua pastagem, sem comprometimento da preservação ambiental. Portanto, carne e couro serão, por longo tempo, produtos em que o Brasil terá vantagens competitivas no mercado internacional. “E essas vantagens exigirão políticas públicas estratégicas com foco nesses setores. As exportações de couro continuarão a crescer, mesmo porque o mercado doméstico não absorve, há algum tempo, nem 15% da produção brasileira de couro”, afirma Bittencourt.

A indústria brasileira

Mais de 800 empresas formam o complexo industrial que atua na produção e no processamento de couros. A atividade movimenta um PIB de US$ 3 bilhões, emprega 45 mil pessoas e deve fechar o ano com embarques da ordem de US$ 2,3 bilhões. Esse setor chega a recolher quase US$ 1 bilhão anual em impostos. Estes dados são todos da Secretaria de Comércio Exterior.

O Brasil é o maior exportador de couros do mundo, embarcando 35 milhões de peças por ano, além de ser um dos maiores produtores, com o processamento ao redor de 45 milhões de unidades. Um fator essencial que proporciona esses números é o fato de termos o maior rebanho bovino comercial do mundo, com mais de 200 milhões de cabeças. Além disso, soma-se um moderno parque industrial que recebeu mais de US$ 300 milhões de dólares em investimentos nos últimos anos e que conta ainda com uma mão-de-obra das mais qualificadas do mundo.

“A despeito dos obstáculos representados pelas elevadas taxas de juros, pesada carga tributária, baixa cotação do dólar e demora pelo repasse dos créditos fiscais acumulados nas exportações, os embarques de couros no primeiro semestre do ano cresceram 30% em relação ao mesmo período de 2006”, salienta o presidente do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), Umberto Cilião Sacchelli. Um dos motivos que explicam esse crescimento, além da capacidade competitiva brasileira, é o fato de haver um aumento na demanda internacional pelo couro.

Apesar desse cenário otimista, o presidente do CICB alerta para três problemas que preocupam o setor, como a possibilidade concreta de sua desindustrialização no País.

“O primeiro refere-se à taxa de exportação sobre o couro wet blue e o CICB defende que os recursos obtidos com atual alíquota de 9% revertam ao próprio setor para a modernização e ampliação de plantas industriais. Já o segundo penaliza as empresas da Região Nordeste e refere-se à necessidade de desonerar a importação de peles de caprinos e ovinos, pois a produção interna não atende a demanda dos curtumes. Por último, e não menos importante, é a desnecessária acumulação de créditos de ICMS na exportação e urge a implantação de uma reforma tributária que solucione tais problemas”, salienta Sacchelli.

Neste contexto, a indústria curtidora nacional tem potencial para exportar receita superior a US$ 2,4 bilhões anuais, com o ritmo de embarques ao redor de 22% ao ano, gerando mais empregos e divisas ao País. Até porque, o novo perfil do couro foca a agregação do valor e a maior parte das vendas externas do Brasil (mais de 60%) vai para os três principais mercados – China, Itália e EUA (que absorvem 63% das exportações do couro nacional) e destinam-se aos setores de estofamento e automotivo.

O desempenho do setor no primeiro semestre de 2007 mostra que o couro já exporta 12% mais do que o setor calçadista e responde por 50% das exportações de carnes.

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