Agricultura

Abelha: “o cupido dos vegetais”

Nenhuma outra espécie animal se mostra tão eficiente na tarefa de promover a reprodução de espécies vegetais. Assim, as abelhas se mostram boas parceiras da atividade agrícola, tendo sua importância reconhecida e aproveitada em outros países.

A abelha é um pequeno inseto que habita a terra há mais de 40 milhões de anos, e que durante todo este tempo vem realizando copiosamente a função para a qual a natureza a destinou: a polinização. Sendo assim, é impossível pensarmos em agricultura sem remetermo-nos à apicultura. O maior exemplo disso vem dos países onde estas duas atividades coexistem harmoniosamente, resultando em abundantes safras de frutos e grãos para o agricultor e, mel e outros subprodutos para o apicultor. Muitos desses países possuem áreas cultiváveis de dimensões muitíssimo inferiores às do Brasil; um exemplo bastante próximo é a Argentina.

A abelha é a mais eficiente parceira na tarefa de reprodução das espécies vegetais, não havendo nenhum pássaro ou outro inseto que o faça com tanta perfeição e fidelidade.

O descompasso existente no Brasil entre as duas atividades deve-se não só a fatores políticos, econômicos e culturais, mas também ao tipo de abelha existente hoje no país. A abelha do gênero apis (Apis Mellifera) foi introduzida no Brasil pelos primeiros colonizadores europeus, são abelhas de diversas raças européias que têm como peculiar característica a mansidão. Estas raças predominaram no país até o ano de l956, nesta época, pesquisadores brasileiros introduziram uma nova raça – também do gênero apis – proveniente do continente africano e que tem, em oposição às raças européias, as seguintes características indesejáveis: são agressivas, enxameadoras e pilhadoras. Desde então o número de apicultores foi reduzindo-se em grande escala, tendo sido divulgados inúmeros casos de morte de pessoas e animais devido ao ataque de abelhas. Isto ocorre até hoje, porque sendo muito enxameadoras, proliferam muito mais e acabam predominando em número de enxames na natureza.

Apesar do caos gerado na apicultura com a introdução dessa nova raça de abelhas, é possível trabalhar com abelhas mansas e produtivas, além de manter o apiário europeizado. Para tanto é necessário que se conheça as técnicas apropriadas para a desafricanização de enxames e produção de rainhas européias. A única maneira de atenuar as características indesejáveis da abelha de raça africana num curto prazo, é através da fecundação de rainhas africanas por zangões europeus.

Esta é uma tarefa que exige a adesão de todos os apicultores, pois, quanto maior for o número de apiários europeizados, maior será o número de zangões europeus que fecundarão as rainhas africanas dos enxames que estão livres na natureza. Além disso, o número de apicultores aumentaria, os agricultores não teriam receio de contratar os serviços de polinização – por medo de acidentes com as abelhas, e o Brasil deixaria de importar mel e vários dos produtos agrícolas que hoje importa.

Qualquer pessoa pode se tornar um apicultor, até as crianças. Trabalhando-se com abelhas de raças dóceis é possível manter o apiário em pequenas propriedades e até mesmo em propriedades de terceiros, sem que isto traga-lhe aborrecimentos. O prazer de retirar o próprio mel diretamente dos favos é indescritível, além disso, as peculiaridades da vida social destes insetos leva muitas pessoas a exercerem a apicultura como um hobby de final de semana e até como prática terapêutica.

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