Pecuária

Equinos: apostando firme no visual!

Criador renomado e nome importante dentro da história da raça, Emir Cadar prega que, além da funcionalidade, outro item fundamental no sucesso de um criatório de equinos é a beleza de seus produtos.

O que pode construir a identidade de um selecionador de cavalos? Qual pode ser o diferencial do seu trabalho? São perguntas que todo equinocultor procura responder ao longo de anos de atividade. Mas ao penetrarmos na seleção de Campolina da Fazenda das Arábias, propriedade em Betim (MG), é bastante perceptível as mãos originais do criador Emir Cadar, nome que se mistura com a história do Campolina moderno.

O primeiro campolina entrou nas Arábias em 1966, um cavalo pampa chamado Cacique. Lá se vão 40 anos. Mas o marco inicial do criatório é mesmo a entrada de um lote de éguas da raça em 1973. O salto, porém, viria 3 anos depois, quando Emir adquiriu Frevo de Santarém, o primeiro padreador do plantel, cavalo que ganhou tudo que disputou, em morfologia e andamento, na época. Frevo é responsável pela projeção do afixo “das Arábias” no cenário nacional, pai, por exemplo, da grande Xuxa das Arábias, égua que jamais foi derrotada em pista.

Frevo montou a base de plantel em matrizes Passa Tempo, Gas e de um bom plantel liquidado na cidade de Governador Valadares. A busca foi sempre por animais de cabeças ligeiramente subconvexas, com orelhas bem implantadas e de pescoços bem alongados e curvilíneos. Para Emir Cadar, a cara do cavalo é a marca dele, a marca da raça.

Paralelamente, o selecionador valoriza a marcha, principalmente a picada, hoje não muito em moda. Mas Emir confessa se curvar à tendência e ir ao encontro do que o mercado quer. Animais de porte muito grande, ele não concorda. Um bom exemplo de cavalo que se encaixa muito bem no seu modelo é Guardião das Aroeiras, um dos padreadores mais recentes, cuja história fica para daqui a pouquinho.

Antes de Guardião é necessário falar do trabalho que Premier do Radac, um garanhão filho de Gas Soraia com Licor do Angelim, pai de boa parte das éguas atualmente trabalhando na tropa. São exatamente elas que estão recebendo coberturas de Guardião das Aroeiras. Premier fez um forte trabalho de impressão de características raciais e andamento, na sua prole. E agora, Guardião está colocando orelhas muito bem posicionadas e extrema leveza nos seus filhos, bem ao estilo do que Emir almejava, quase desenhando seu campolina perfeito.

E a paixão de Emir Cadar pelo cavalo campolina rompeu as fronteiras das Arábias e chegou à militância da raça. Desde 1970 é diretor da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Campolina, com sede em Belo Horizonte, MG. Foi seu presidente por 12 anos e é considerado quase unanimemente por seus companheiros como o melhor presidente de todos os tempos.

Emir pegou a época áurea do cavalo. Tempos onde o dinheiro não era problema e fez um forte movimento no sentido de realizar eventos e reunir os criadores, formando o que hoje é conhecido como a família compolinista. Esta é a imagem mais marcante de todo o fomento da raça e uma herança sua. A integração tem sido tão forte que até já gerou casamentos e mostrou-se uma alavanca muito forte.

Em 1981 realizou a primeira exposição nacional da raça, no Parque da Gameleira, em BH, já com 350 cabeças. Na época, a empreitada foi considerada uma verdadeira loucura, mas que se tornou realidade e foi copiada por várias raças. Neste primeiro evento, conseguiu reunir mais de mil pessoas e também realizar o primeiro leilão Ouro Campolina, um marco de vendas da raça.

Com esta militância de anos, Emir Cadar se transformou uma espécie de conciliador entre os criadores e dirigentes das várias entidades, até as regionais. Sua correção nas atitudes e o seu espírito agregador, juntamente com o carisma de sua esposa, Maria Helena Cadar, Emir tornou-se uma espécie de ícone e exemplo a ser seguido. Dentro e fora da Fazenda das Arábias, a marca de uma trajetória muito feliz.

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