De acordo com o pesquisador, perdas na produção podem ser amenizadas ou evitadas com controle simples de manejo, desde o uso de sementes sadias ou o uso de tratamento de semente, o uso da rotação de culturas e o tratamento químico da parte aérea, preventivamente ou curativamente, e o uso de cultivares resistentes às doenças.
A cevada tem-se mostrado como uma cultura adaptada às condições climáticas do Cerrado brasileiro, dentro do sistema irrigado há mais de uma década. Entretanto, a partir da expansão da cultura, neste bioma, o surgimento de doenças foliares nas lavouras tem sido uma constante, podendo, o crescimento da área cultivada ser prejudicada pela presença de doenças causadas por fungos, vírus, bactérias ou nematóides.
As doenças que mais atacam a cevada no Cerrado são a Brusone, a Mancha-em-Rede e a Mancha-Marrom. Os sintomas típicos da Brusone são lesões elípticas com centro acinzentado e margens marrons. Os sintomas podem surgir desde as primeiras folhas, sendo no estádio de emissão de panículas o que promove grandes perdas, uma vez que promove o estrangulamento da ráquis, dificultando a relação fonte-dreno, fazendo que surjam espigas mal enchidas, grãos pequenos – que são desclassificados pelas indústrias malteiras. A lesão mostra-se preta brilhante, com a presença de conídios piriformes e hialinos.
Como não existe resistência genética nos materiais genéticos brasileiros, Amabile ressalta que é necessário evitar o uso de sementes infeccionadas, realizar o tratamento químico recomendado, tanto nas sementes como na parte aérea. “A permanente vistoria dos campos de cevada é de suma importância, pois a doença progride de maneira rápida e o controle curativo é de eficiência moderada”, enfatiza o pesquisador.
A Mancha-em-Rede ou Mancha-Reticulada é uma das principais doenças da cevada. As sementes infectadas são as principais fontes de transmissão da doença, que no decorrer do desenvolvimento da cultura se expressa na parte aérea com sintomas iniciais de pequenas manchas marrons, usualmente acompanhando a nervura da folha. As manchas prolongam-se, tornando-se pequenas estrias internamente amarronzadas que podem vir a infectar as espigas, próximo à maturação.
Já na Mancha-Marrom, os sintomas iniciais são pequenas manchas ovaladas de coloração marrom-parda a escura, circundadas por um halo amarelado. Posteriormente, este fungo pode atacar todas as partes da planta, desde as folhas, as raízes e até os grãos. As folhas, quando severamente atacadas, secam e maturam precocemente. Já as raízes apresentam áreas escurecidas e apodrecidas, sintoma conhecido como podridão-comum-da-raíz. Nos grãos, o fungo atinge a espiga, atacando as glumas, as lemas, as páleas e o ráquis, deixando-os enrugados, sem peso e com sintoma de ponta preta característica.
Como a taxa de transmissão da Mancha-Marrom pela semente é muito elevada (entre 60% a 90%), a principal forma de prevenção é o tratamento de sementes com fungicidas adequados.
Tanto a Mancha-em-Rede quanto a Mancha-Marrom se desenvolve muito bem na temperatura e na umidade relativa do ar do Cerrado, sendo, portanto, de grande importância o controle preventivo na cultura, pois essas doenças se disseminam rapidamente por toda a lavoura.
A cevada foi introduzida no Cerrado brasileiro, como uma cultura de inverno, tendo como objetivos básicos suprir a demanda interna de malte e fornecer ao agricultor do Brasil Central uma alternativa para diversificar e integrar o sistema de produção irrigado, assegurando, assim, uma produção total mais estável.
A região do Cerrado vem como uma nova fronteira agrícola para a cultura, uma vez que o Sul, em decorrência de condições climáticas desfavoráveis tem uma área potencial limitada, suprindo apenas 40% da demanda nacional e acarretando em importação de malte.