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Emater-MG e IMA alertam sobre os riscos do greening

Medidas preventivas. Essa é a melhor maneira para os citricultores protegerem seus pomares da doença Huanglongbing (HLB), mais conhecida como greening. Originária da Ásia, a praga não tem cura e, desde que foi identificada no Brasil, em 2004, gerou prejuízos de milhões aos produtores. Para combatê-la, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), órgãos vinculados à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), têm desenvolvido ações e programas, com o objetivo de alertar os produtores sobre os riscos.

Minas Gerais é o segundo maior produtor de citros do Brasil. São 55 mil hectares de área plantada e uma produção média de 1,1 milhão de toneladas por safra. No entanto, o greening, doença transmitida pelo inseto Diaphorina citri ou por enxertia, vem preocupando os citricultores. Nas plantas contaminadas, ocorrem deformação, maturação irregular, redução e queda das frutas.

“Estamos com um grande problema fitossanitário com o avanço do greening, doença extremamente agressiva, sem controle efetivo até o momento e já considerada endêmica no estado”, diz coordenador estadual de Fruticultura da Emater-MG, Deny Sanábio.

Segundo dados oficiais do IMA, já foram erradicadas no estado 462 mil plantas sintomáticas com greening, desde 2005. “Entre 2017 e 2018, estima-se que o prejuízo causado pela doença seja de cerca de R$ 42 milhões, considerando a perda da produção do ano”, afirma o engenheiro agrônomo da Gerência de Defesa Sanitária Vegetal do IMA, Leonardo do Carmo.

Municípios mineiros

greening foi detectado oficialmente em 58 municípios mineiros. “Essa situação tende a se agravar com muita rapidez devido à severidade da doença, colocando em risco esse importante setor do agronegócio mineiro”, diz Sanábio.

Considerada uma das mais severas e destrutivas pragas que podem acometer as plantações de citros em todo o mundo, o greening prejudica o desenvolvimento das plantas e provoca a consequente perda na produção de frutos.

A doença foi identificada em Belo Vale, na região Central mineira, em 2017. Levantamento feito pelo IMA, referente a 2018, aponta que 7.561 plantas do município foram erradicadas por causa do greening. Só no primeiro semestre de 2019, foram cerca de 4 mil plantas erradicadas na região.

Algumas ações estão sendo desenvolvidas no município para o combate à doença. Entre elas mobilização e orientação dos produtores, capacitação de produtores e técnicos, distribuição de armadilhas adesivas e implantação do Programa Municipal de Diversificação da Fruticultura.

Câmara Técnica

Desde de 2015 sem se reunir, a Câmara Técnica Estadual de Fruticultura retomou os trabalhos no último mês. Como parte da pauta foi discutido o impacto do greening no estado. O grupo é formado por representantes da sociedade civil, técnicos e especialistas de instituições públicas e privadas ligadas ao setor, como a Emater-MG e o IMA. Entre as sugestões de combate à doença estão o aumento do contingente de técnicos do IMA para atuar no levantamento e fiscalização; viabilização financeira de ações emergenciais de fiscalização do IMA nos principais polos citrícolas do estado; agilidade na liberação de recursos destinados à pesquisa; fomento ao mapeamento/georreferenciamento do parque citrícola dos municípios mineiros; e divulgação massiva do risco de contaminação da doença.

Para o subsecretário de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Sustentável da Seapa, Amarildo Kalil, algumas das reivindicações têm possibilidade de execução em curto prazo. “Como não é mais possível evitar a chegada da doença no estado, o importante é estarmos preparados para enfrentá-la. O IMA e a Emater-MG têm desenvolvido ações para proteger a cultura em Minas, e vamos iniciar um trabalho de pesquisa por meio da Epamig”, descreve.

Ações

Desde de 2017, o governo estadual, por meio do IMA, desenvolve o Programa Mineiro de Controle do Greening. O objetivo é alertar e dar suporte aos produtores de citros para o combate e manejo correto da praga.

O programa conta com diversas ações. Entre elas, a mobilização e orientação de técnicos, professores, estudantes, autoridades, lideranças locais e regionais. Também foram distribuídas cerca de 98 mil armadilhas adesivas nos municípios de Brumadinho, Piedade dos Gerais, Moeda, Belo Vale e Campanha. Em cor amarela, elas foram colocadas nos pomares de forma a atrair os insetos transmissores, que colam no adesivo e morrem.

Outra ação foi o treinamento dos “pragueiros”, como são chamadas as pessoas que identificam os insetos a olho nu ou com lupa. Essas pessoas serão multiplicadoras da técnica de reconhecimento, iniciativa que contribui para o combate à praga.

Além disso, são realizadas ações de orientação e sensibilização dos produtores para estabelecimento de medidas de controle envolvendo o planejamento do plantio e a renovação dos pomares, aliado à aquisição e plantio de mudas sadias e da apresentação de relatórios semestrais de acompanhamento ao IMA.

Segundo o engenheiro agrônomo do IMA Leonardo do Carmo, para o controle da pior praga da citricultura, é indispensável o manejo regional, monitorando o vetor e realizando as erradicações tão logo forem identificadas plantas contaminadas. “Entretanto, a não realização das vistorias dos pomares de citros em propriedades de regiões onde o risco da doença é iminente traz complicações devido à fonte de inóculo ficar por tempo maior na propriedade, ocasionando problema para toda citricultura mineira”.

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