O desenvolvimento das estratégias de acesso ao mercado europeu pela madeira produzida legalmente em Mato Grosso avançou. Cerca de 20 integrantes do setor de base florestal do Estado participaram, na sede da Federação das Indústrias, em Cuiabá, de um workshop promovido pelo Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (CIPEM).
O evento é fruto de uma parceria firmada pela entidade, em abril deste ano, com a Iniciativa para o Comércio Sustentável (IDH). Sobre o tema ‘Construindo um cainho de reputação para a madeira do Mato Grosso junto à União Europeia’, o consultor do IDH, Rui Ribeiro, apresentou dados do setor, o cenário de exportação e as regras comerciais para atender grandes compradores do bloco econômico.
Com base em pesquisas, estudos e análises, Rui apontou a grande capacidade de produção, associada à preservação do meio ambiente, que o país possui. Segundo ele, o Brasil pode ter capacidade de comercializar cerca de 40% de toda a madeira consumida no mundo. Mas produz só 10%. Considerando a técnica de manejo sustentável e o fato de que o país possui uma das maiores áreas de floresta tropical do planeta, Rui destacou o potencial desse mercado.
“O que produzimos ainda é pouco se comparado com a Indonésia, que é uma ilha. Embora possua apenas 7% de toda floresta tropical do mundo, o país produz 26% de toda madeira consumida no planeta. Também dá para se ter uma ideia da nossa dimensão quando falamos em dividendos. Ao passo que giram mais de U$ 17,3 bilhões no mercado global, no Brasil movimenta apenas U$ 272 milhões”, observou Rui.
O consultor atestou a qualidade do Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (SISFLORA), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA). Para ele, o software possui grande sintonia com as exigências do bloco comercial. E as constantes fiscalizações realizadas pela Delegacia Ambiental e Ministério Público do Estado (MPE), por meio do mecanismo, asseguram a lisura; porém, ainda não são suficientes.
O presidente do CIPEM, Rafael Mason, revelou que há necessidade da contratação de uma auditoria independente, a fim de dar mais segurança ao SISFLORA. “Nesta semana, tivemos uma reunião com a secretária de Estado de Meio Ambiente, Mauren Lazaretti, para também tratar desse assunto. O SISFLORA, atualmente, garante a rastreabilidade da madeira e maior transparência ao setor. Mas se quisermos exportar nosso produto para a UE, precisaremos oferecer o máximo de segurança possível”.
Rafael ainda mencionou que os produtores do setor de base florestal de Mato Grosso estão entre os melhores do mundo, visto que preenchem inúmeros critérios legais e socioambientais para utilização da floresta, por meio do manejo sustentável. Para ele, a melhor forma de se combater o desmatamento e a extração ilegal de madeira, é criando incentivos fiscais à cadeia produtiva. “Todo o circuito precisa estar contemplado; do produtor às indústrias primária e secundária. Sem isso, fica mais difícil produzir ou exportar”, concluiu.