Apesar do baixo teor de proteína, o elevado teor de açúcar da cana madura justamente na época de escassez de pasto faz desta cultura uma alternativa economicamente viável para suplementação de bovinos durante o período de seca.
Também deve ser considerada para esta cultura a grande proporção de carboidratos fermentáveis dessa forrageira, os quais favorecem a utilização de fontes de nitrogênio não protéico, como por exemplo, a uréia, que é uma das principais alternativas para se elevar o percentual de nitrogênio em dietas à base de cana-de-açúcar.
Entretanto, o uso da tecnologia “cana+uréia” requer alguns cuidados por parte do produtor que não deverá utilizar a uréia em níveis acima do recomendado, ressalta a zootecnista Ana Karina Salman. Além disso, a solução de uréia deve ser bem misturada com a cana-de-açúcar e os animais devem ser submetidos a um período de adaptação à dieta contendo uréia. Ana Karina salienta que a suplementação com alimentos volumosos, no entanto, só permite corrigir a falta de forragem, sendo necessário o uso da suplementação com alimentos concentrados e com minerais para que a forragem seja mais bem aproveitada pelos animais e para que às exigências nutricionais dos mesmos seja atendida de forma mais adequada.
As pastagens no período de escassez de chuvas têm crescimento vegetativo menor e com qualidade nutricional reduzida por isso o desempenho de animais mantidos em pastagens é menor nessa época do ano. Os principais prejuízos são causados pela diminuição do crescimento e perda de peso dos animais; diminuição da produção de leite e da taxa de fertilidade; elevação da taxa de mortalidade e maior predisposição a doenças. No caso de vacas leiteiras com potencial de produção de até 4 kg de leite/dia a suplementação pode ser feita somente com forragem verde ou volumosa. Já as vacas de produção mais elevada devem ser suplementadas com mistura concentrada constituída de grãos e farelos, priorizando os produtos com menor preço.
Apesar da importância de se fazer a suplementação dos animais no período escassez de forragem, o aspecto econômico nunca deve ser deixado de lado. Estima-se que no período de maior déficit hídrico, um hectare de cana-de-açúcar é suficiente para a suplementação de 27 vacas. Com base nessas estimativas, é definida a área a ser cultivada.
A utilização de alimentos concentrados na dieta de bovinos tende a aumentar o custo de produção do sistema. Para garantir a viabilidade econômica, além da opção pelo uso de ingredientes de menor preço, deve-se considerar o nível de produção dos animais.
A escolha da variedade da cana-de-açúcar é de fundamental importância, pois deve ser adaptada às condições de solo e clima de cada região. Dentre os materiais pesquisados pela Embrapa, a variedade Mulata Pelada foi a que apresentou melhor resultado para alimentação animal, por ter alto teor de açúcar (brix), não pendoa, faz a derrama das folhas naturalmente, tem alta produtividade e boa produção de massa verde. Com todas estas características a Mulata Pelada tem ótimo rendimento tanto para o uso da tecnologia “cana + uréia” quanto para a produção de açúcar e álcool.