Agricultura

Sujicultor: as principais características da lavoura da soja

A disponibilidade de água é importante, principalmente, em dois períodos de desenvolvimento da soja: germinação-emergência e floração-enchimento de grãos. Durante o primeiro período, tanto o excesso quanto o déficit de água são prejudiciais à obtenção de uma boa uniformidade na população de plantas. A semente de soja necessita absorver, no mínimo, 50% de seu peso em água para assegurar boa germinação. Nessa fase, o conteúdo de água no solo não deve exceder a 85% do total máximo de água disponível e nem ser inferior a 50%.

A necessidade de água na cultura da soja vai aumentando com o desenvolvimento da planta, atingindo o máximo durante a floração-enchimento de grãos (sete a oito mm/dia), decrescendo após esse período.Déficits hídricos expressivos, durante a floração e o enchimento de grãos, provocam alterações fisiológicas na planta, como conseqüência, causam a queda prematura de folhas e de flores e abortamento de vargens, resultando, por fim, em redução do rendimento de grãos.

A Necessidade total de água na cultura da soja, para obtenção do máximo rendimento, varia entre 450 a 800 mm/ciclo, dependendo das condições climáticas, do manejo da cultura e da duração do ciclo.

Para minimizar ao déficit hídrico, indica-se semear apenas cultivares adaptados à região e à condição de solo; e adotar práticas que favoreçam o armazenamento de água pelo solo. A irrigação é medida eficaz, porém de custo elevado.

A soja melhor se adapta a temperaturas do ar entre 20ºC e 30ºC; a temperatura ideal para seu crescimento e desenvolvimento está em torno de 30ºC.

Sempre que possível, a semeadura da soja não deve ser realizada quando a temperatura do solo estiver abaixo de 20ºC porque prejudica a germinação e a emergência. A faixa de temperatura do solo adequada para semeadura varia de 20ºC a 30ºC, sendo 25ºC a temperatura ideal para uma emergência rápida e uniforme.

O crescimento vegetativo da soja é pequeno ou nulo a temperaturas menores ou iguais a 10ºC. Temperaturas acima de 40ºC têm efeito adverso na taxa de crescimento, provocam distúrbios na floração e diminuem a capacidade de retenção de vagens. Esses problemas se acentuam com a ocorrência de déficits hídricos.

A floração da soja somente é induzida quando ocorrem temperaturas acima de 13ºC. As diferenças de data de floração, entre anos, apresentadas por uma cultivar semeada numa mesma época, são devido ás variações de temperatura. Assim, a floração precoce ocorre, principalmente, em decorrência de temperaturas mais altas, podendo acarretar diminuição na altura de planta. Esse problema pode se agravar se, paralelamente, houver insuficiência hídrica e/ou fotoperiódica durante a fase de crescimento. Diferença de data de floração entre cultivares, numa mesma época de semeadura, é devido, principalmente, à resposta diferencial dos cultivares ao comprimento do dia (fotoperíodo).

A manutenção pode ser acelerada pela ocorrência de altas temperaturas.

Quando vêm associadas a períodos de alta umidade, as temperaturas contribuem para diminuir a qualidade da semente e, quando associadas à condição de baixas na fase da colheita, associadas a período chuvoso ou de alta umidade, podem provocar atraso na data de colheita, bem como haste verde e retenção foliar.

A adaptação de diferentes cultivares e determinadas regiões depende, além das exigências hídricas e térmicas, de sua exigência fotopriódica. A sensibilidade ao fotoperíodo é característica variável entre cultivares, ou seja, cada cultivar possui seu fotoperíodo crítico, acima do qual o florescimento é atrasado. Por isso, a soja é considerada planta de dia curto. Em função dessa característica, a faixa de adaptabilidade de cada cultivar varia à medida que se desloca em direção ao norte ou ao sul. Entretanto, cultivares que apresentam a característica “período juvenil longo” possuem adaptabilidade mais ampla, possibilitando sua utilização em faixas mais abrangentes de latitudes (locais) e de épocas de semeadura.

O Manejo do Solo

O manejo do solo consiste num conjunto de operações realizadas com objetivos de propiciar condições favoráveis à semeadura, ao desenvolvimento e à produção das plantas cultivadas, por tempo ilimitado. Para que esses objetivos sejam atingidos, é imprescindível a adoção de diversas práticas, dando-se prioridade ao uso do Sistema Plantio Direto visto que envolve, simultaneamente, todas as boas práticas conservacionistas. Alternativamente justificado, poderão ser utilizadas práticas racionais de preparo do solo.

Para a implantação do Sistema Plantio Direto (SPD) é necessário que sejam atendidos alguns requisitos relativos aos recursos humanos, técnicos e de infra-estrutura.

O sistema de produção de soja na região central do Brasil, algumas vezes ainda, tem como forma de preparo do solo o uso continuado de grades de disco, com várias operações anuais. Como resultado, ocorre degradação de sua estrutura, com formação de camadas compactadas, encrostamento superficial e perda por erosão.

O SPD pode ser a melhor opção para diminuir a maioria dos problemas antes apontados, pois, os usos contínuos das tecnologias que compõem o SPD proporcionam efeitos significativos na conservação e na melhoria do solo, da água, na redução dos recursos e insumos como os fertilizantes, na redução dos custos de produção, na estabilidade de produção e nas condições de vida do produtor rural e da sociedade.

O Conhecimento detalhado da propriedade agrícola é essencial para obtenção de sucesso no SPD. Para tanto, é necessário o levantamento dos seguintes recursos:

Solo: Coletar e organizar informações referentes ao tipo de solo, à fertilidade, a presenças de compactadas, à distribuição e espécies de plantas daninhas, à topografia, à ocorrência de erosão, às práticas conservacionistas existentes, às vias de acesso, à drenagem, aos córregos, aos açudes, etc.

Plantas Daninhas: O levantamento e o mapeamento da ocorrência de plantas daninhas será muito útil, para definir o herbicida a ser utilizado e a programação das aplicações dos mesmos.

Máquinas e Equipamentos: No SPD, é essencial a existência de pulverizador de herbicidas devidamente equipados com bicos adequados para as diferentes condições e controladores de pressão. O uso de equipamentos de avaliação das condições climáticas é também muito útil nesse caso. Quanto ás semeador existe disponíveis no mercado inicial de implantação do sistema, pode-se utilizar semeadoras tradicionais com adaptações, fazendo com que os agricultores reduzam as despesas.

Humanos: Para a execução do SPD, a mão-de-obra deverá estar conscientizada dos princípios do sistema e adequadamente informada quanto ao uso das tecnologias que compõem. São necessários treinamentos, especialmente para os operadores de máquinas, quanto ao uso de semeadoras e pulverizadores e tecnologia de aplicação (características de bicos, horário de aplicação, etc.) de defensivos, além de conhecimentos sobre plantas daninhas e herbicidas. O treinamento da mão-de-obra deve ser planejado de forma que, no momento de realizar as operações, haja conhecimento suficiente para realizar as ações de forma adequada. A participação do produtor e da assistência técnica em associações ou grupos de troca informações e experiências como Grupo de Plantio Direto, Clube Amigos da Terra, etc, são importantes para facilitar e impulsionar a adoção do SPD.

Em qualquer atividade, o planejamento é fator importante para reduzir erros e riscos e aumentar as chances de sucesso. São etapas do planejamento: a) análise dos resultados e produtos do levantamento dos recursos humanos e materiais; b) elaboração e interpretação de mapas, croquis e esquemas de trabalho; c) divisão da fazenda em glebas e a seleção cronológica das mesmas para adoção do SPD, tendo a rotação de culturas como tecnologia essencial. Para isso, deve-se dividir a propriedade em glebas ou talhões, tomando como base às informações obtidas nos levantamentos, principalmente de fertilidade, topografia, vias de acesso, etc. Não existem padrões estabelecidos de tamanho das áreas, devendo o critério técnico prevalecer nessa decisão. É importante, ao adotar o SPD, faze-lo apenas em parte da propriedade, iniciando pelas melhores glebas, para familiarizar-se com as novas glebas de forma gradual, até abranger o total da propriedade, mesmo que vários anos sejam necessários; d) elaboração de cronograma de ações, onde devem ser organizadas, para cada gleba, as ações para correções de acidez e fertilidade, operações de incorporações de adubos e corretivos, descompactação, pulverização, manejo de coberturas vegetais, semeadura, sucessão de culturas, etc.

O cultivo da soja em SPD, em áreas de campo bruto, com correções superficiais e sem incorporação, embora haja alguns exemplos de sucesso no Rio Grande do Sul e no Paraná, ainda não está indicada para as condições dos Cerrados, estando em fase de estudos e experimentações.

Cobertura do Solo

O Sistema de Plantio Direto pressupõe a cobertura permanente do solo que, preferencialmente, deve ser de culturas comerciais ou, quando não for possível, culturas de cobertura de solo. Tal cobertura deverá resultar do cultivo de espécies que disponham de certos atributos, como: produzir grande quantidade de massa seca, possuir elevada taxa de crescimento, ter certa resistência à seca e ao frio, não infestar áreas, ser de fácil manejo, ter sistema radicular vigoroso e profundo, ter elevada capacidade de reciclar nutrientes, ser de fácil produção de sementes, apresentam elevada relação C/N, entre outras.

A pequena produção de palha pela soja, principal cultura dos Cerrados, aliadas à rápida decomposição dos seus resíduos, pode tornar-se grande à viabilização do SPD, especialmente quando essa leguminosa é cultivada como monocultura. Para contornar essa dificuldade, a soja deve compor sistemas de rotação de culturas adequadamente planejados. Com isso haverá permanente cobertura e suficiente reposição de palhada sobre a superfície do solo, viabilidade o SPD.

Preparo do Solo

Em caso de impossibilidade do produtor de adoção do SPD, o preparo do solo compreende um conjunto de práticas que, quando usadas racionalmente, podem permitir preservação do solo e boas produtividades das culturas a baixo custo. Entretanto, quando usadas de maneira incorreta, tais práticas podem levar, rapidamente, o solo às degradações física, química e biológica e, paulatinamente, diminuir o seu potencial produtivo.

É necessário que cada operação seja realizada com implementos adequados. O solo deve ser preparado com o mínimo de movimentação, não implicando isso em diminuição da profundidade de trabalho, mas sim na redução do número de operações, deixando rugosa a superfície do solo e mantendo o máximo de resíduos culturais sobre a superfície.

Em áreas onde o solo foi sempre preparado superficialmente, principalmente no caso de solos distróficos e álicos, o preparo profundo poderá trazer para a superfície a camada de solo não corrigida, contendo alumínio, manganês e ferro em níveis tóxicos e com baixa disponibilidade de fósforo, podendo prejudicar o desenvolvimento das plantas. Nesse caso, é necessário conhecer a distribuição dos nutrientes e o pH no perfil do solo.

O preparo primário do solo (aração, escarificação ou gradagem pesada), deve atingir profundidade adequada ao próprio equipamento. Em substituição a gradagem pesada, deve-se utilizar aração ou escarificação. A escarficação, como alternativa de preparo, substitui, com vantagem, a gradagem pesada, desde que se reduza o número de gradagens niveladoras. Além disso, possibilita a permanência, do máximo possível, de resíduos culturais na superfície, o que é desejável.

O preparo secundário do solo (gradagens niveladoras), se necessário, deve ser feito com o mínimo de operações e próximo da época de semeadura.

As semeadoras, para operarem eficazmente em áreas com preparo mínimo e com resíduos culturais, devem ser equipadas com disco duplo para a colocação da semente e roda reguladores de profundidade para propiciar um pequeno adensamento na linha de semeadura.

O preparo do solo, portanto, deve ser realizado considerando o implemento, a profundidade de trabalho, a umidade adequada e as condições de fertilidade.

A condição ideal de umidade para o preparo do solo pode ser detectada facilmente a campo: um torrão de solo, coletas do na profundidade média de trabalho do implemento, submetido a uma leve pressão entre os dedos polegar e indicador, deve desagregar-se sem oferecer resistência.

Quando for usados o arado e a grade, para preparar o solo, considerar como umidade ideal à faixa variável de 60% a 70% da capacidade de campo, para solos argilosos, e de 60% a 80%, para solos arenosos, ou seja, quando o solo estiver na faixa de umidade friável. Quando for usado o escarificador, visando a quebra de camadas compactadas, a faixa ideal de umidade será de 30% a 40% da capacidade de campo, para solos argilosos.

O uso excessivo de um mesmo implemento no preparo do solo, operando sistematicamente na mesma profundidade e, principalmente, em condições de solo úmido, tem provocado a formação de camada compacta. A alternância de implementos de preparo do solo, que trabalham a diferentes profundidades e possuam diferentes mecanismos de corte, além da absorvância do teor adequado de umidade para minimizar a sua degradação. Além disso, utilizar alternadamente os implementos de discos e os implementos de dentes.

A compactação do solo é provocada pela ação e pressão dos implementos de preparo do solo, especialmente quando essas operações são feitas em condições de solo muito úmido, continuamente na mesma profundidade, e quando o tráfego de máquinas agrícolas é intenso. A presença de camada compactada no solo pode acarretar infiltração de água, ocorrência de enxurrada, raízes deformadas, estrutura degradada e resistência à penetração dos implementos de preparo, exigindo maior potência do trator.

Após a identificação do problema, a utilização de pequenas trincheiras possibilita a determinação da profundidade de ocorrência de compactação, através da observação do aspecto morfológico de estrutura do solo, ou da verificação da resistência oferecida pelo solo ao toque com um instrumento pontiagudo qualquer. Normalmente, o limite inferior da camada compactada não ultrapasse 30 cm de profundidade.

O rompimento da camada compactada deve ser feito com um implemento que alcance profundidade imediatamente abaixo do seu limite inferior. Podem ser empregados, com eficiência, arado, subsolador ou escarificador, desde que sejam utilizados na profundidade adequada.

O sucesso do rompimento da camada compactada está na dependência de alguns fatores:
– Profundidade de trabalho: o implemento deve ser regulado para operar na profundidade imediatamente abaixo da camada compactada;
– Umidade do solo: no caso de arado, seja de disco ou aiveca, a condição de umidade apropriada é aquela em que o solo está na faixa friável; em solos muito úmidos, há aderência deste nos componentes ativos dos implementos e em solos secos há maior dificuldade de penetração (arados de discos). Para escarificar o subsolar, a condição apropriada é aquela em que o solo esteja seco. Quando úmido, o solo não sofre descompactação, mas amassamento entre as hastes do implemento e selamento dos poros, no fundo e nas laterais do sulco;
– Espaçamento entre as hastes: quando for usado o escarificador ou o subsolar, o espaçamento entre as hastes determina o grau de rompimento da camada compactada pelo implemento. O espaçamento entre as hastes deverá ser de 1,2 a 1,3 vezes a profundidade de trabalho pretendida.

A efetividade dessa prática está condicionada ao manejo do solo adotado após a descompactação. São indicadas, em seqüência a essa operação, a implantação de culturas com alta produção de massa vegetativa, com alta densidade de plantas e com sistema radicular abundante e agressivo, além de redução na intensidade dos preparos de solo subsequentes.

Escolha de a cultivar ideal

Considera-se sempre oportuna à divulgação dos cultivares de soja indicadas para cultivo em cada estado através desta publicação, com o propósito de informar aos técnicos e os empresários do setor produtivo os avanços que ocorrem, a cada ano, nesse aspecto tecnológico. As publicações periódicas, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), das listas de cultivares inscritas no Registro Nacional de Cultivares e no Zoneamento Agrícola de cada Unidade da Federação são importantes sob o prisma do caráter legal que imprimem a essa tecnologia. Estas não são, porém, elaboradas na forma e com o propósito de se constituírem em manuais de orientação para técnicos e produtores.

A tabela a seguir refere-se ás cultivares indicado pelas instituições detentoras para cultivo no País, nos diversos estados. Na quase totalidade, essas cultivares são registradas não consta nas tabelas, pelo fato de não terem sido apresentadas na Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil-foro de informações para a elaboração deste documento de indicações técnicas.

Cultivares melhorados, portadores de genes capazes de expressar alta produtividade, ampla adaptação e boa resistência/tolerância a fatores bióticos ou abióticos adversos, representam usualmente uma das mais significativas contribuições à eficiência do setor produtivo. O ganho genético proporcionado pelos novos cultivares ao setor produtivo tem sido muito significativo-maior 1% ao ano.

Nos últimos anos, atendendo à demanda por produtos com maior valor agregado, têm sido lançados cultivares de soja com características especiais para o consumo in natura e para a indústria de alimentos. Para essa linha de produtos, são consideradas diversas características tais como: semente graúda com alto teor de proteína, tonalidade clara do hilo e que confere boa qualidade organoléptica aos produtos de soja (QO); ausência das enzimas lipoxigenases (AL), conferindo sabor mais suave aos produtos de soja; teor reduzido do inibidor de tripsina Kunitz (KR), o que permite a redução de tratamento térmico e dos custos de processamento; e tamanho, coloração e textura de semente ideal para produção de “natto” (PN-alimento fermentado japonês). Dentre as cultivares desenvolvidas para esse fim e que apresentam algumas das características citadas, destacam-se: BR-36 (QO), BRS 155 (KR), BRS 213 (AL), UFVTN 103 (AL), UFVTN 104 (AL), UFVTN 105 (AL), UFVTNK 106 (AL, KR).

Mais recentemente, diversas instituições vêm dedicando parcela considerável das suas atividades ao desenvolvimento de cultivares geneticamente modificado para tolerância a herbicidas pós-emergentes.

Vários desafios, no campo da sanidade, vêm ocupado sobremaneira a atenção dos geneticistas, melhoristas, fitologista e entomologistas brasileiros de soja, nos últimos anos. Citam-se a prospecção e a transferência de genes de resistência à ferrugem, ao vírus da necrose da haste e ao nematóide de cisto, visando eliminar ou reduzir riscos de prejuízos sérios causados por essas enfermidades. A resistência ou tolerância a insetos-pragas, principalmente os sugadores, é outro campo de grande interesse de avanço, com vistas à redução de uso de agroquímicos e à viabilização do processo orgânico de produção.

Cuidados com a semente

No Brasil, dois sistemas de produção de sementes operam integrados nos diversos estados, o de certificação e o de fiscalização, que ofertam sementes certificadas e fiscalizadas, respectivamente. Nessas duas classes de sementes, a qualidade é garantida através de padrões mínimos de germinação, pureza física e varietal e sanidade, exigidos por normas de produção e comercialização estabelecidas e controladas pelo governo.

Na compra de sementes, indica-se que o agricultor conheça a qualidade do produto que está adquirindo. Para isso, existem laboratórios oficiais e particulares de análise de sementes que podem prestar esse tipo de serviço, informando a germinação, as purezas físicas e varietal e a qualidade sanitária da semente. Essa última informação é extremamente importante para a decisão do tratamento da semente com fungicida.

Outra maneira de conhecer a qualidade do produto que está adquirindo é consultando o Atestado de Garantia de Semente, fornecido pelo vendedor. Esse atestado transcreve as informações dos laudos oficiais de análise de semente que têm validade até cinco meses após a data de análise. Ao consultar o Atestado de Garantia de Semente. O agricultor deve prestar atenção às colunas de germinação (%), pureza física (%), pureza varietal! (outras cultivares e outras espécies, sementes silvestres, sementes nocivas toleradas), mancha-café (%) e validade de germinação. Esses valores devem estar de acordo com os padrões mínimos de qualidade de semente estabelecidos para cada estado.

Além do Atestado de Garantia de Semente, diversos produtores dispõem de resultados de análise complementar, e os resultados podem também ser solicitados para facilitar a escolha dos lotes de sementes a serem adquiridos, como por exemplo, o teste de emergência em campo, em condições ideais de umidade e de temperatura de solo. Tais resultados são de grande valia, visando à aquisição de sementes que comprovadamente apresentam boa qualidade.

Após a aquisição, as sementes são armazenadas na propriedade, até a época de semeadura. As sementes, como ser biológico, devem receber todos os cuidados necessários para se manterem vivas e apresentarem boa germinação e emergência no campo. Assim sendo, devem ser tomados cuidados especiais no seu armazenamento, tais como:

– Armazenar as sementes em galpão bem ventilado, sobre estradas de madeira;
– Não empilhar as sacas de sementes contra paredes do galpão;
– Não armazenar sementes juntamente com adubo, calcário ou agroquímicos;
– O ambiente de armazenagem deve estar livre de fungos e roedor;

Dentro do armazém a temperatura não deve ultrapassar 25ºC e a umidade relativa não deve ultrapassar 70%.

Caso essas condições não sejam possíveis na propriedade, indica-se que o agricultor somente retire a semente do armazém do seu fornecedor o mais próximo possível da época de semeadura.

Phomopsi spp. anamorfo de Diaporthe spp. e Colletotrichum truncatum. O melhor controle dos quatro primeiros patógenos citados é propiciado pelos fungicidas do grupo dos benzimidazóis. Dentre os produtos avaliados e indicados para o tratamento de sementes de soja, carbendazin, tiofanato metílico e thiabendazole são os mais eficientes no controle de Phomopsis spp., podendo assim ser considerados opção para o controle do agente do cancro da haste, em sementes, pois Phomopsis é a forma imperfeita de Diaporthe. Os fungicidas de contato tradicionalmente conhecidos (captan, thiram e tolyfluanid), que têm bom desempenho no campo quanto à emergência, não controlam, totalmente, Phomopsis ssp. e Funsarium semitectum nas sementes que apresentam índices elevados desses patógenos (>40%).

A maioria dos fungicidas quando aplicadas juntamente com Bradyrhizobium reduzem a sobrevivência das bactérias nas sementes, a nodulação e a eficiência de fixação biológica do nitrogênio. Cuidados especiais devem ser observados ao se efetuar junto essas duas práticas.

A função dos fungicidas de contato é proteger a semente contra fungos do solo e o dos fungicidas sistêmicos é controlar fitopatógenos presentes nas sementes. Assim, é importante que os fungicidas estejam em contato direto com a semente. O tratamento de semente com fungicidas, a aplicação de micronutrientes e a inoculação podem ser feitos de forma seqüencial, com máquinas específicas de tratar sementes, desde que essas disponham de tanques separados para os produtos, uma vez que foi proibida a mistura de agrotóxicos em tanques (Instrução Normativa 46/2002, de 24 de julho de 2002, que revoga a Portaria DAS nº 67 de 30 de maio de 1995).

O tratamento das sementes com fungicidas oferecem garantia de melhor estabelecimento da população de plantas por controlar patógenos importantes transmitidos pelas sementes, diminuindo a chance de sua introdução em áreas indenes. As condições desfavoráveis à germinação e emergência da soja, especialmente a deficiência à hídrica, tornam mais lento esse processo, expondo as sementes por mais tempo a fungos do solo, como Rizoctonia solani, Pythium spp., Fusarium spp. e Aspergillus spp. (A flavus), entre outros, que podem causar a sua deterioração ou a morte da plântula.

Para a produção de sementes de alta qualidade, o ideal é que a temperatura média, durante as fases de manutenção e colheita, seja igual ou inferior a 22ºC.

Utilizar, preferencialmente, áreas com fertilidade elevada, pois níveis adequados de Ca e Mg exercem influência sobre o tecido de reserva da semente, além de interferirem na disponibilidade de outros nutrientes, no desenvolvimento de raízes e na nodulação. A deficiência de K e P reduz o rendimento de grãos, influencia negativamente na retenção de vagens, aumenta a incidência de patógenos, que também contribui para redução da qualidade da semente.

Utilizar os testes de tetrazólio e patologia de sementes como método de avaliação da qualidade da semente, sempre que ocorrer baixa germinação, detectada pelas análises de rotina efetuada nos laboratórios credenciados. Informações adicionais sobre o assunto (França-Neto et al., 1998- Documentos 116; Henning, 1996- documentos 90; França-Neto & Henning, 1992- Circular Técnica 10).

Devido à possível ocorrência de chuvas freqüentes durante as fases de maturação e colheita das sementes de soja, situação que pode ocorrer em diversas regiões produtoras brasileiras, poderá ser comum o problema de baixa germinação de sementes em laboratório, pelo método rolo- de- papel. Tais problemas são ocasionados pelos altos índices de sementes infectadas por Phomopsis spp. e/ou por Fusarium semitectum. A presença de tais fungos infectando as sementes mortas no teste de germinação. Tal fato pode comprometer o sistema de avaliação de germinação adotado pelos laboratórios, uma vez que, em tal situação, lotes de boa qualidade podem apresentar baixa germinação, porém a emergência a campo e a viabilidade determinada pelo teste de tetrazólio podem ser elevadas. O uso dos testes de tetrazólio, de análise sanitária e de emergência em areia, conforme preconiza o DIACOM, evita a perda de lotes de boa qualidade, que normalmente seriam descartados, caso apenas o teste de germinação em substrato rolo- de- papel fosse utilizado.

Teste de germinação alternativo

Tal metodologia deverá ser aplicada para as cultivares de soja sensíveis ao dano de embebição, quando lotes de sementes desses cultivares apresentar um elevado índice de plântulas anormais, maior que 6,0%, devido à anormalidade na radícula, durante a avaliação da germinação padrão, com substrato de rolo- de- papel. A adoção de tal procedimento alternativo visa evitar o descarte de lotes de boa qualidade.

Duas metodologias alternativas poderão ser utilizadas: a) realização do teste de germinação em substrato de areia, sem a necessidade do pré-condicionamento das sementes; b) realização do pré-condicionamento da amostra de sementes em ambiente úmido, antes da semeadura em substrato rolo-de-papel. Para efeito de comercialização, deverão ser considerados os lotes cujos incrementos em germinação sejam de no mínimo 6,0%. O pré-condicionamento consiste na colocação das sementes em “gerbox” com tela (do tipo utilizado no teste de envelhecimento acelerado), contendo 40 ml de água, pelo período de 16 a 24 horas a 25ºC. Após o pré-condicionamento, as sementes são semeadas normalmente em rolo-de-papel, conforme prescrevem as Regras de Análise de Sementes.

A disseminação do nematóide de cisto pode ocorrer através de torrões de solo infestados que possam contaminar os lotes de sementes. Esse modo de transmissão foi considerado como um dos mais importantes no início do processo de disseminação do nematóide de cisto nos Estados Unidos. A contaminação com os torrões ocorre durante a operação de colheita. Uma vez ocorrida, torna-se trabalhosa a sua separação das sementes.

A taxa de disseminação, através dos estoques de sementes, depende da quantidade de torrões no lote de semente, do número de cistos do nematóide e do número de nematóides (ovos e/ou juvenis) viáveis nos cistos.

A remoção dos torrões que acompanham a semente é uma forma de reduzir as chances de disseminação dessas pragas. Os torrões diferem da semente de soja em tamanho, forma e peso específico. A diferença em cada uma dessas características físicas pode ser utilizada pela máquina de ventilador e peneiras, separador em aspiral e mesa de gravidade, nessa seqüência, objetivando a obtenção em nível de separação satisfatório.

Cuidados na colheita

A colheita constitui uma importante etapa no processo produtivo da soja, principalmente pelos riscos a que está sujeita a lavoura destinada ao consumo ou à produção de sementes.

A colheita deve ser iniciada tão logo a soja atinja o estágio R8 (ponto de colheita), a fim de evitar perdas na qualidade do produto.

Para reduzir perdas, é necessário que se conheçam as suas causas, sejam elas físicas ou fisiológicas. A seguir, são abordadas algumas das causas “indiretas” de perdas na colheita.

Mau preparo do solo: solo mal preparado pode causar prejuízos na colheita devido a desníveis no terreno que provocam oscilações na barra de corte da colhedora, fazendo com que ocorra corte em altura desuniforme e muitas vagens sejam cortadas ao meio e outras deixem de ser colhidas.

Inadequação da época de semeadura, do espaçamento e da densidade: a semeadura, em época pouco indicada, pode acarretar baixa estatura das plantas e baixa inserção das primeiras vagens. O espaçamento e/ou a densidade de semeadura inadequada podem reduzir o porte ou aumentar o acamamento, o que, conseqüentemente, fará com que ocorram maior perda na colheita.

Cultivares não adaptados: o uso de cultivares não adaptado a determinadas regiões pode prejudicar a operação da colheita, decorrente de características como baixa inserção de vagens e acamamento.

Ocorrência de plantas daninhas: a presença de plantas daninhas faz com que a umidade permaneça alta por muito tempo, prejudicando o bom funcionamento da colhedora e exigindo maior velocidade no cilindro de trilha, resultando em maior dano mecânico às sementes. Além disso, em lavouras infestadas, a velocidade de deslocamento deve ser reduzida, causando menor eficiência operacional pela menor capacidade efetiva de trabalho.

Retardamento da colheita: em lavouras destinadas à produção de sementes, muitas vezes a espera de menores teores de umidade para efetuar a colheita pode provocar a deterioração das sementes pela ocorrência de chuvas inesperadas e conseqüentes elevação da incidência de patógenos. Quando a lavoura for destinada à produção de grãos, o problema não é menos grave, pois quanto mais seca estiver a lavoura, maior poderá se a deiscência, havendo ainda casos de reduções acentuadas na qualidade do produto.

Umidade inadequada: a soja, quando colhida com teor de umidade entre 13% e 15%, tem minimizado os problemas de danos mecânicos e perdas na colheita. Sementes colhidas com teor de umidade superior a 15% estão sujeitas a maior incidência de danos mecânicos latentes e, quando colhidas com teor abaixo de 12%, estão suscetíveis ao dano mecânico imediato, ou seja, à quebra.

A subestimação da importância econômica das perdas e a conseqüente falta de monitoramento (avaliação com metodologia adequada) das perdas durante todos os dias da colheita: sem dúvida, são as principais causas das perdas durante a colheita, uma vez que a operação de colheita propriamente dita, deveria ser realizada com base nesse monitoramento.

Má regulagem e operação da colhedora: na maioria das vezes, é causada pelo pouco conhecimento do operador sobre regulagens e operação adequada da colhedora. O trabalho harmônico entre o molinete, a barra de corte, a velocidade de operação, e as ajustagens do sistema de trilha e de limpeza são fundamental para a colheita eficiente, bem como o conhecimento de que a perda tolerável é de no máximo uma saca de 60 kg/há.

Tendo em vista as várias causas de perdas ocorridas numa lavoura de soja, os tipos ou as fontes de perdas podem ser definidos da seguinte maneira:
a) Perdas antes da colheita- causadas por deiscência ou pelas vagens caídas ao solo antes da colheita;
b) Perdas causadas pela plataforma de corte – que incluem a perdas por debulha, as por altura de inserção e as por acamamento das plantas que ocorrem na frente da plataforma de corte;
c) Perdas por trilha, separação e limpeza – em forma de grãos que tenham passado através da colhedora durante a operação;

Embora as origens das perdas sejam diversas e ocorram tanto antes quantos durante a colheita, cerca de 80% a 85% delas ocorrem pela ação dos mecanismos da plataforma de corte das colhedoras (molinete, barra de corte e caracol), 12% são ocasionadas pelos mecanismos internos (trilha, separação e limpeza) e 3% são causadas por deiscência natural.

Para avaliar as perdas durante a colheita, recomenda-se a utilização do copo medidor de perdas. Este copo correlaciona volume com massa, permitindo a determinação direta de perdas em sacas/há de soja, pela simples leitura dos níveis impressos no próprio copo.

As perdas serão mínimas se forem tomados alguns cuidados relativos à velocidade adequados de operação e pequenos ajustes e regulagens desses mecanismos de corte e recolhimento, além dos mecanismos de trilha, separação e limpeza.

Instalando a lavoura de soja

A semente de soja, para a germinação e a emergência da plântula, requer absorção de água de, pelo menos, 50% do seu peso seco. Para que isso ocorra, deve haver adequado umidade e aeração do solo e a semeadura deve propiciar o melhor contato possível entre solo e semente. Semeadura em solo com insuficiência hídrica, ou “no pó”, prejudica o processo de germinação, podendo torna-lo mais lento, expondo as sementes às pragas e aos micro-organismos do solo, reduzindo a chance de obtenção da população de plantas desejada. Em caso de semeadura nessas condições, o tratamento de sementes com fungicidas pode prolongar a capacidade de germinação das mesmas, até que ocorra condição favorável de umidade no solo.

A temperatura média do solo, adequada para semeadura da soja, vai de 20ºC a 30ºC, sendo 25ºC a ideal para uma emergência rápida e uniforme. Semeadura em solo com temperatura média inferior a 18ºC pode resultar em drástica redução nos índices de germinação e de emergência, além de tornar mais lento esse processo. Isso pode ocorrer em semeaduras anteriores à época indicada em cada região. Temperaturas acima de 40ºC, podem ser prejudiciais.

Cuidados na semeadura

Mecanismo da semeadura – A qualidade da semeadura é função, entre outros fatores, do tipo de máquina semeadora, especialmente o tipo de dosador de semente, do controlador de profundidade e do compactador de sulco.

Tipo de dosador de semente – Entre os tipos existentes, destacam-se os de disco horizontal e os pneumáticos. Os pneumáticos apresentam maior precisão, ausência de danos à semente e são mais caros. No caso do disco horizontal, de uso mais comum, indica-se os com linhas duplas de furos (alvéolos), por garantir melhor distribuição das sementes.

Limitador de profundidade – O sistema com roda flutuante acompanha melhor o relevo do solo, mantendo sempre a mesma profundidade de semeadura.

Compactador de sulco – O tipo em “V” aperta o solo contra a semente, eliminando as bolsas de ar sem compactar a superfície do solo sobre a linha de corte do sulco, como ocorre com o tipo de roda única traseira.

Velocidade de operação da semeadora – A velocidade de deslocamento da semeadora influi na uniformidade de distribuição e nos danos provocados às sementes, especialmente nos dosadores mecânicos (não pneumático). A velocidade ideal de deslocamento está entre 4 Km/h e 6 Km/h. Nesse intervalo, a variação de velocidade depende, principalmente, da uniformidade da superfície do terreno.

Profundidade – Efetuar a semeadura a uma profundidade de 3 a 5 cm. Semeaduras em profundidades maiores dificultam a emergência, principalmente em solos arenosos, sujeitos a assoreamento, ou onde ocorre compactação superficial do solo.

Posição semente/adubo – O adubo deve ser distribuído ao lado e abaixo da semente, pois o contato direto prejudica a absorção da água pela semente, podendo até matar a plântula em crescimento, principalmente em caso de dose alta de cloreto de potássio no sulco (acima de 80 Kg de KCL/há).

Compatibilidade dos produtos químicos – Produtos químicos como fungicidas e herbicidas, nas doses recomendadas, normalmente, não afetam a germinação da semente de soja. Porém, em dose excessiva, prejudica tanto a germinação quanto o desenvolvimento inicial da plântula.

A época de semeaduras é um dos fatos que mais influenciam o rendimento da soja. Como essa é uma espécie tremo e fotossensível, está sujeita a alterações fisiológicas, quando as suas exigências, nesse sentido, não são satisfeitas. A época de semeadura determina a exposição da soja à variação dos fatores climáticos limitantes. Assim, semeaduras em época inadequadas podem afetar o porte, o ciclo e o rendimento das plantas e aumentar as perdas na colheita. A altura das plantas está, também, relacionada com a população de plantas, com a cultivar utilizada e com a fertilidade do solo.

As flutuações anuais do rendimento, para uma mesma época, são, principalmente, determinadas por variações climáticas anuais. Uma prática eficiente para evitar tais flutuações é o emprego de duas ou mais cultivares, de diferentes ciclos, numa mesma propriedade, procedimento especialmente indicado para médias e grandes áreas.

Desse modo, obtém-se uma ampliação dos períodos críticos da cultura (floração, formação de grãos e maturação), havendo menor prejuízo se ocorrem, entre outros fatores, deficiência ou excesso hídrico, os quais atingirão apenas uma parte da lavoura.

Em função de avanços nos sistemas de semeadura (maior precisão das semeadoras), de cultivares mais adaptadas, de melhoria de capacidade produtiva dos solos, de adoção de práticas conservacionistas, de cobertura vegetal do solo e da semeadura direta, entre outros fatores, a população padrão de plantas de soja foi reduzida gradativamente, nos últimos anos de 400 mil para, aproximadamente, 320 mil plantas por hectare, porque as condições acima permitem melhor crescimento e maior rendimento por planta. Esse número de plantas pode variar, ainda, em função da cultivar e/ou do regime de chuvas da região (volume e distribuição) no período de implantação e de crescimento das plantas e da data de semeadura.

Em áreas mais úmidas e/ou em solos mais férteis (fertilidade natural ou construída), onde, com freqüência, ocorre acamamento das plantas, a população pode ser reduzida de 20% – 25% (ficando em torno de 240 – 260 mil plantas), quando em semeadura de novembro, para evitar acamamento e possibilitar maior rendimento.

Em semeaduras de outubro e de dezembro, é recomendável, na maioria das situações, especialmente em regiões/áreas onde a soja não apresenta porte alto, ou para cultivares que se comportam assim, mesmo na melhor época de semeadura, não reduzir a população para menos de 300 mil plantas, para evitar o desenvolvimento de lavouras com plantas de porte muito baixo. Em condições extremas, é aconselhável até aumento para 350 – 400 mil plantas/há.

De acordo geral cultivares de porte alto e ciclo longo requerem populações menores. O inverso também é verdadeiro.

Indicam-se espaçamentos entre fileiras de 40 a 50 cm. Espaçamentos mais estreitos que 40 cm resultam em fechamento mais rápido da cultura, contribuindo para o controle das plantas daninhas, mas não permitem a realização de operações de cultivo entre fileiras.

Para calcular o número de sementes a serem distribuídas, é necessário que se conheça o poder germinativo do lote de sementes. Essa informação é fornecida pela empresa onde as sementes são adquiridas, porém esse valor (% germinação) pode ser superior ao valor de emergência das sementes no campo. Por isso, recomenda-se fazer um teste de emergência em campo. A partir de uma amostra representativa, separam-se quatro subamostras de 100 sementes cada – que deverão ser semeadas a uma profundidade de 3 a 5 cm, em solo deve ser mantida em nível adequado para a emergência, durante a execução da avaliação. Faz se contagem em cada uma das quatro fileiras, quando as plantas estiverem com o primeiro par de folhas completamente aberto (10 dias após a semeadura), considerando apenas as vigorosas. O percentual de emergência em campo será média aritmética do número de plantas emergidas nas quatro repetições de 100 sementes.

O número de plantas/metro a ser obtido na lavoura estimado levando em conta a população de plantas desejada/há e o espaçamento adotado, usando a seguinte fórmula:

Nº de pl/m = [pó/há x espaçamento (ml)]
10.000

De posse desses valores, calcular o número de sementes por metro de sulco:

Nº de sementes/m = (nº de plantas desejado/m x 100)
% de emergência em campo

Para estimar a quantidade de sementes que será gasta por há, pode-se usar a seguinte fórmula:

Q = (1000 x P x D) x 1,1
G x E
Onde: Q = Quantidade de sementes, em kg/há;
P: Peso de 100 sementes, em gramas;
D = Nº de plantas que deseja/m;
E = Espaçamento utilizado em cm; e
G = % de emergência em campo.

A constante 1,1 na fórmula acima se refere a um acréscimo de 10% no número de sementes, como fator de segurança. Aplicando essa fórmula numa situação esperada de 14 plantas/metro, a semeadora deverá ser regulada para distribuir em torno de 19 sementes/metro.

A semeadora a ser utilizada deverá ser previamente regulada para distribuir o número desejado de sementes. Para maior precisão na regulagem da semeadora, utilizar, caso disponível, sementes previamente classificadas por tamanho, bem com discos específicos, conforme recomendados pela empresa produtora da semente ou pelo fabricante da semeadora.

O sucesso da lavoura inicia-se pela semeadura bem feita. O bom resultado da semeadura, por sua vez, não depende apenas da semente mas, também, da maneira como foi executada e dos fatores climáticos ocorridos após a operação.

Controle de plantas daninhas

O controle de plantas daninhas é uma prática de elevada importância para a obtenção de altos rendimentos em qualquer exploração agrícola e tão antiga quanto à própria agricultura.

As plantas daninhas constituem grande problema para a cultura da soja e a necessidade de controla-las, um imperativo. Conforme a espécie, a densidade e a distribuição da invasora na lavoura, as perdas são significativas. A invasora prejudica a cultura, porque com ela compete pela luz solar, pela água e pelos nutrientes, podendo, a depender do nível de infestação e da espécie, dificultar a operação de colheita e comprometer a qualidade do grão.

Os métodos normalmente utilizados para controlar as invasoras são o mecânico, o químico e o cultural. Quando possível, é aconselhável utilizar a combinação de dois ou mais métodos.

O controle cultural na utilização de técnicas de manejo da cultura (época de semeadura, espaçamento, densidade, adubação, cultivar, etc.) que propiciem o desenvolvimento da soja, em detrimento ao da planta daninha.

O método mais utilizado para controlar as invasoras é o químico, isto é, o uso de herbicidas. Suas vantagens são a economia de mão de obra e a rapidez na aplicação. Para que a aplicação dos herbicidas seja segura, eficiente e econômica, exigem-se técnicas refinadas. O reconhecimento prévio das invasoras predominantes é condição básica para a escolha adequada do produto (Tabelas 9.1 e 9.2), que resultará no controle mais eficiente das invasoras.

Informações importantes

a) não aplicar herbicidas pós-emergentes na presença na presença de muito orvalho e/ou imediatamente após chuva;
b) não aplicar na presença nos ventos fortes (> 8 Km/h), mesmo utilizando bicos específicos para redução de deriva;
c) pode utilizar baixo volume de cada (mínimo de 100 L há) quando as condições climáticas forem favoráveis e desde que sejam observadas as condições do fabricante (tipo de bico, produtos);
d) a aplicação de herbicidas deve ser realizada em ambiente com umidade relativa superior a 60%. Além disso, deve-se utilizar água limpa;
e) não aplicar quando as plantas, da cultura e invasoras, estiverem sob estresse hídrico;
f) para facilitar a mistura do herbicida trifluralin com o solo e evitar perdas por valorização e fotodecomposição, o solo deve estar livre de torrões e preferencialmente, com baixa umidade;
g) para cada tipo de aplicação, existem várias alternativas de bicos, os quais devem ser utilizados conforme indicação do fabricante. Verificar a uniformidade de volume de pulverização, tolerando variações máximas de 10% entre bicos;
h) aplicações seqüenciais podem trazer benefícios em casos específicos, melhorando o desempenho dos produtos pós-emergentes e podendo, em certas situações, reduzir custos. Consiste em duas aplicações com intervalos de cinco a 15 dias, com parcelamento da dose total;
i) em solos de arenito, (baixo teores de argila), indica-se precaução na utilização de herbicidas pré-emergentes, pois podem provocar fitotoxicidade na soja. Para tais situações, recomenda-se reduzir as doses ou não utiliza-los;
j) o uso de equipamento de proteção individual é indispensável em qualquer pulverização.

Semeadura direta

O manejo de entressafra das invasoras requer a utilização de produtos a base de paraquat, paraquat + diuron, glyphosate, 2-4-D, chlorimuron e carfentrazone. O número de aplicações e as doses a serem utilizadas irão variar, em função da comunidade presente na área e seu estádio de desenvolvimento. Paraquat requer a mistura com surfactante não iônico na base de 0,1% a 0,2% v/v.

Aplicações sequências na entressafra têm proporcionado excelentes resultados, principalmente quando se trata de espécies de difícil controle. A primeira aplicação geralmente ocorre cerca de 15 a 20 dias após a colheita da cultura comercial ou espécie cultivada para cobertura do solo.

No caso de espécies perenizadas, como o capim-amargoso e o capim-brachiaria, a dose de glyphosate poderá chegar a 5 L há. Nessa situação, recomenda-se inicialmente o manejo mecânico (roçadeira, triturador) visando remover a folhagem velha e forçando a rebrota intensa, que deverá ser pelo menos 30 cm de altura no momento da dessecação.

O 2,4-D, indicado para o controle de folhas largas, deve ser utilizado na formulação amina, com intervalo de 10 dias de carência entre a aplicação e a semeadura da soja. Aplicações que não obedecem às recomendações técnicas podem provocar danos às culturas suscetíveis, como videira, algodão, feijão, café e a própria soja.

A utilização de espécies de inverno para cobertura morta é uma alternativa que tem possibilitado a substituição ou a redução no uso de herbicidas em semeadura direta.

Em semeadura direta sobre pastagem, na integração lavoura-pecuária, o período entre a dessecação e a semeadura da soja irá variar de 30 a 60 dias. Para espécies como Brachiaria decumbens e Brachiaria brizantha, 30 dias de antecedência poderão ser suficientes. Para Paspalum notatun, conhecida como grama mato grosso ou batatais, o período irá variar 40 a 60 dias. As doses variarão entre 5 e 6 litros de glyphosate ou de sulfosate. No caso de Paspalum, devido à pilosidade excessiva nas folhas, a adição de 0,5% de óleo poderá ajudar a eficiência do produto.

As áreas que utilizam o herbicida tordon para o controle das plantas daninhas da pastagem podem apresentar resíduos que prejudicam a soja, podendo, até, causar morte das plantas. Poderá ser necessário um período de dois anos que os resíduos sejam degradados e viabilizados a implantação da cultura. Recomenda-se monitorar a área.

Qualquer que seja o sistema de semeadura e a região em que se está cultivando as sojas, cuidadas especiais devem ser tomadas quanto à disseminação das plantas daninhas. Tem-se observado aumento de infestação de algumas espécies de difícil controle químico, (Cardiospermum halicacabum) o balãozinho, por exemplo.

No entanto, é comum confundir-se falta de controle com resistência. A maioria dos casos de seleção e de resistência podem ser esperados quando se utiliza o mesmo herbicida, ou herbicidas com o mesmo mecanismo de ação, consecutivamente. Erros na dose e na aplicação são as causas da maioria dos casos de falta de controle.

Prevenir a disseminação e a seleção de espécies resistentes são estratégias fundamentais para evitar-se esse tipo de problema. A utilização e a rotação de produtos com diferentes mecanismos de ação e a adoção do manejo integrado (rotação de culturas, uso de vários métodos de controle, etc) fazem parte do conjunto de indicações para um eficiente controle das invasoras.

A dessecação da soja é uma pratica que pode ser utilizada somente em área de produção de grãos, com o objetivo de controlar as plantas daninhas ou uniformizar as plantas com problemas de haste verde/retenção foliar.

Sendo necessária a dessecação em pré-colheita, é importante observar a época apropriada para executá-la.

Aplicações realizadas antes da cultura atingir o estádio reprodutivo “R7”, provocam perdas no rendimento. Esse estádio é caracterizado pelo início da maturação (apresenta uma vagem amarronzada ou bronzeada na haste principal – Fehr & Caviness, 1981). Os produtos utilizados são o paraquat (Gramoxone, na dose de 1,5-2,0 L há do produto comercial, classe toxicológica II) ou diquat (Reglone, na dose de 1,5-2,0 L há do produto comercial, classe toxicológica II). Doses mais elevadas devem ser utilizadas em áreas com maior massa foliar. No caso de predominância de gramíneas, utilizar o Gramoxone. Quando houver predominância de folhas largas, principalmente corda-de-viola (Ipomoea grandifolia).

Controle de insetos

A cultura da soja está sujeita está, durante todo o seu ciclo, ao ataque de diferentes espécies de insetos sobre a lavoura. Embora esses insetos tenham suas populações reduzidas por predadores, parasitóides e doenças, em níveis dependentes das condições ambientais e do manejo de pragas que se pratica, quando atingem populações elevadas, capazes de causar perdas significativas no rendimento da cultura, necessitam ser controlados.

Apesar de os danos causados na cultura da soja serem, em alguns casos, alarmantes, não se indica a aplicação preventiva de produtos químicos, pois, além do grave problema de poluição ambiental, a aplicação desnecessária eleva os custos da lavoura e contribui para o desequilíbrio populacional dos insetos.

O controle das principais pragas da soja deve ser feito com base nos princípios do “Manejo de Pragas”. Consistem de tomadas de decisão de controle com base no nível de ataque, no número e tamanho dos insetos-pragas e no estádio de desenvolvimento da soja, informações essas obtidas em inspeções regulares na lavoura com esse fim. Nos casos das lagartas desfolhadoras e dos percevejos, as amostragens devem ser realizadas com um pano-de-batida, de cor branca, preso em duas varas, com 1 m de comprimento, o qual deve ser sacudidas vigorosamente sobre o mesmo, promovendo a queda dos insetos, que deverão ser contados.

Especificamente para os percevejos, as amostragens devem seguir as seguintes indicações: a) ser realizadas nos períodos mais frescos do dia, quando os percevejos se movimentam menos; b) ser feitas com maior intensidade nas bordas da lavoura, onde, em geral, os percevejos iniciam seu ataque; c) ser repetidas, de preferência.

Doenças da soja

Entre os principais fatores que limitam a obtenção de altos rendimentos em soja estão as doenças. Aproximadamente 40 doenças causadas por fungos, bactérias, nematóides e vírus já foram identificadas no Brasil. Esse número continua aumentando com a expansão da soja para novas áreas e como conseqüência da monocultura. A importância econômica de cada doença varia de ano para ano e de região para região, dependendo das condições climáticas de cada safra. As perdas anuais de produção por doenças são estimadas em cerca de 15% a 20%, entretanto, algumas doenças podem ocasionar perdas de quase 560.

Na safra 2001/2002 uma nova doença, a ferrugem da soja causada pelo fungo Phakopsora pacchyrhizi, foi detectada desde o Rio Grande do sul até o Mato Grosso e na safra seguinte espalhou-se em praticamente todas regiões produtoras representando uma ameaça para a cultura em função dos prejuízos causados e do aumento de custo de produção para seu controle.

A expansão de áreas irrigadas nos Cerrados tem possibilitado o cultivo da soja no outono/inverno para a produção de sementes. Esse cultivo favorece a sobrevivência dos fungos causadores da antracnose, da ferrugem, do cancro da haste, da podridão branca da haste, da podridão vermelha da raiz e dos nematóides de galhas e do de cisto. Os cultivos do feijão, da ervilha, da melancia e do tomate, que são também realizados sob irrigação na mesma época, são afetados pela podridão branca da haste, pela podridão radicular e mela de Rhizoctonia (R. solani) e pelos nematóides de galhas e nematóides de cisto (feijão e ervilha), aumentando o potencial de inoculo desses patógenos para a safra seguinte de soja.

A maioria dos patógenos é transmitida através das sementes e, portanto, o uso de sementes sadias ou o tratamento das sementes é essencial para a prevenção ou a redução das perdas. Os exemplos mais evidentes de doenças que não disseminadas através das sementes são a antracnose (Colletotrichum dematium var. Truncata), a seca da haste e vagem (Phomopsis spp.), a mancha púrpura da semente e o crestamento foliar de Cercospora (Cercospora kikuchii), a mancha “olho-de-rã” (Cercospora sojina), a mancha parda (Septoria glycines) e o cancro da haste (Diaporthe phaseolorum f.sp. Meridionalis).

O nematóide de cisto da soja (Heterodera glycines Ichinohe), identificado pela primeira vez na Região dos Cerrados em 1991/92, na safra 1996/97 já havia sido constatado em mais de 60 municípios brasileiros nos estados do Rio Grande do Sul, do Paraná, de São Paulo, de Goiás, de Minas Gerais, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. A cada safra, diversos municípios são acrescentados à lista de municípios atingidos, representando um grande desafio para a pesquisa, à assistência técnica e o produtor brasileiro de soja.

A ferrugem da soja

A ferrugem da soja é causada por duas espécies de fungo do gênero Phakopsors: P. meibomiae (Arth.) Arth. , causadora da ferrugem “americana”, que ocorre naturalmente em diversas leguminosas desde Porto Rico, no Caribe, ao sul do Estado do Paraná (Ponta Grossa) e P. pachyrhizi Sydow & Sidow, causadora da ferrugem “asiática”, presente na maioria dos países que cultivam a soja e, a partir da safra 2000/01, também no Brasil e no Paraguai. A distinção das duas espécies é feita através da morfologia de teliósporo e da análise do DNA.

Ferrugem “asiática” – Constatada pela primeira vez, no Continente Americano, no Paraguai, em 5 de março e no Estado do Paraná, em 26 de maio de 2001. Atualmente, foi identificada em praticamente todas as regiões produtoras de soja. A doença é favorecida por chuvas bem distribuídos e longos períodos de molhamento. A temperatura ótima para o seu desenvolvimento varia entre 18º – 26ºC. Em condições ótimas, as perdas na produtividade podem varia de 10% a 80%.

Na ferrugem “asiática”, as lesões dos cultivares suscetíveis são predominantemente castanho-claras (“Tan”), porém, quando em alta incidência, pode causar crestamento foliar, assemelhando ao crestamento foliar de Cercospora; em cultivares resistentes ou tolerantes, as lesões são predominantemente castanho-avermelhadas (RB).

Os sintomas iniciam-se nas folhas inferiores da planta e são caracterizados por minúsculos pontos (1-2mm de diâmetro) mais escuros do que o tecido sadio da folha, com coloração esverdeada a cinza esverdeada. Devido ao hábito biotrófico (necessita-se de tecido vivo do hospedeiro plantas) do fungo, em cultivares suscetíveis, as células infectadas morrem somente após ter ocorrido abundante esporulação. Assim, as lesões não são facilmente visíveis, no início da infecção.

Modo de disseminação – A disseminação da ferrugem é feita principalmente através da dispersão dos uredosporos pelo vento.

Efeitos da ferrugem – A infecção por P. pachyrhizi causa rápido amarelecimento ou bronzeamento e queda prematura das folhas, impedindo a plena formação dos grãos. Quanto mais cedo a desfolha, menor será o tamanho dos grãos e, conseqüentemente, maior a perda do rendimento e da qualidade (grãos verdes).

Em casos severos, quando a doença atinge a soja na fase de formação das vagens ou no início da granação, pode causar o aborto e a queda das vagens, resultando em até perda total do rendimento. Elevadas perdas de rendimento têm sido registradas na Austrália (80%), na Índia (90%) e em Taiwan (70% – 80%). No Brasil, reduções de produtividade de até 70% têm sido observadas, quando se compara área tratada e não tratadas com fungicidas. As regiões onde a doença tem sido mais agressiva têm variado de safra para safra, em função das condições climáticas.

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