Agricultura

Hidroponia – lavoura sem terra!

Aumentar seu prestígio junto ao mercado consumidor e garantir uma remuneração condizente com a qualidade do produto oferecido, porém, ainda é uma tarefa árdua e ser cumprida.

Hidroponia é um sistema de cultivo dentro de estufas sem uso de solo. Os nutrientes que a planta precisa para seu desenvolvimento e produção são fornecidos somente por água enriquecida (solução nutritiva) com os elementos necessários: nitrogênio, potássio, fósforo e magnésio, dissolvidos na forma de sais. Basicamente qualquer água potável apropriada para consumo humano serve para a hidroponia.

“Tendo a alface como maior representante, atualmente, da difusão da técnica de cultivo hidropônico, o produto final é de qualidade superior e com aproveitamento total”. É dessa maneira que pesquisadores do sistema o definem. De acordo com eles o sucesso se deve ao cultivo em estufa protegida e limpa, livre das variações de clima, dos insetos, animais e outros parasitas que vivem no solo.

Segundo eles a região Sudeste do Brasil é onde mais desenvolvem e utilizam a técnica. O destaque é para o estado de São Paulo, com mais de 4 mil produtores recorrendo à hidroponia, declara o agrônomo da Universidade de Campinas (SP), Antônio Bliska Júnior. Por não ocupar espaços relativamente grandes, um projeto comercial de 3.400 pés de alface/mês requer apenas 140 m². Por isso, a hidroponia é bastante usada nos perímetros urbanos (estando próximo ao centro consumidor), e em pequenas áreas.

O engenheiro agrônomo da Embrapa Hortaliças, Antônio Francisco Souza, especialista na área de concentração/solos e nutrição de plantas, explica que as culturas não entram em contato com os contaminantes do solo como bactérias, fungos, lesmas, insetos e vermes, o que reduz o uso de pulverizações. Segundo Antônio Francisco Souza, as plantas são mais saudáveis, pois crescem em ambiente controlado procurando atender suas exigências. Além disso ele destaca que, “os vegetais hidropônicos duram mais na geladeira e fora dela, pois permanecem com a raiz”.

As vantagens da hidroponia, ressaltadas pelo pesquisador da Embrapa, são a possibilidade de produzir durante todo o ano, uma vez que é um cultivo protegido; a alta produtividade, pois, ” um único empregado pode cuidar de mais de 10.000 plantas e o custo com a manutenção para o cultivo de alface, por exemplo, está em torno de R$ 0,15 por pé; a ergonômetria é muito melhor, pois se trabalha em bancadas”, esclarece. Além disso, a economia de água em relação ao solo é de cerca de 70%, e a produtividade em relação ao solo aumenta em aproximadamente 30%, afirma Souza, funcionando também como solução para o agricultor quando o solo já se encontra salinizado.

O Agrônomo da Unicamp acrescenta que são eliminadas operações como a aração, gradeação, coveamento, capina, bem como a manutenção dos equipamentos utilizados para estas operações. Antônio Bliska também declara que não há preocupação com a rotação de culturas e o replantio é imediato após a colheita.

Ambos pesquisadores ressaltam que as vantagens econômicas, ambientais e qualitativas sobre o plantio no solo são muitas. Afirmam que na hidroponia, não há perda de água por escoamento, evaporação ou infiltração, pois o sistema é fechado. Enquanto a produção de uma planta de alface no solo pode gastar até 40 litros de água, no processo hidropônico gastam-se, em média, 10 litros, do plantio à colheita. Há também uma considerável economia de energia, uma vez que o volume, a altura, a distância e a pressão para bombear a água são muito menores do que no sistema de irrigação convencional no campo, exigindo motores de menor potência e consumo, acrescentam. Não havendo risco de contaminação do solo ou dos lençóis freáticos pelo uso de agrotóxicos, segundo eles.

O Agrônomo da Unicamp lembra que muitos acreditam que a alface hidropônica contêm nitrito, sendo portanto cancerígena. Entretanto, ele afirma que a metodologia do teste na cultura foi aplicada de maneira equivocada, pois utilizaram como base matéria seca. “O excesso no acúmulo de nitrito pode acontecer no sistema tradicional, orgânico ou hidropônico, a diferença está apenas na técnica de cultivo, cujas sementes são as mesmas e os nutrientes absorvidos pela planta também são”, ele explica.

Para ele o desafio da hidroponia não está ligado à técnica, mas sim à falta de investimento em marketing, e no consumidor, uma vez que investem em técnica porém, não conseguem manter valor agregado ao produto, havendo uma certa desorganização entre os agricultores de produtos no sistema, conclui.

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