Pecuária

Mariopolis – gestão profissional, o segredo do sucesso na pecuária moderna

Convido os pecuaristas a fazer uma dura e fria análise do seu negócio hoje. Ele está naquele ponto ideal e não há nada de novo a fazer? Nenhum ajuste, nenhum investimento, nenhuma melhoria? Duvido. Assim, sugiro antes de mais nada analisar friamente todos os fatores que podem interferir positiva ou negativamente na atividade porque, caros amigos, o amadorismo já não tem mais espaço – ou, pior, é sinônimo de pesados prejuízos.

Nesse sentido, a tecnologia da informação é grande parceira do produtor, pois nos mostra as vantagens da utilização de novas tecnologias. E isso vale até para as coisas mais simples, como a contratação de mão-de-obra para a fazenda. Vale mais à pena contratar sem critério ou investir um pouco mais e contar com pessoal técnico e qualificado? Já pararam para avaliar os benefícios em termos de produtividade, geração de receitas e melhoramento genético a partir do trabalho de médicos veterinários, agrônomos e zootecnistas capacitados? Sem contar que esse time agrega qualidade aos produtos e facilita a gestão da propriedade, além de diminuir significativamente os riscos.

E quanto aos pilares da pecuária: nutrição, sanidade, genética? Qual o real investimento do seu projeto pecuário? Lembrem-se que a tecnologia existe para nos ajudar a produzir mais e melhor, gerando mais retorno econômico. Por isso, vão algumas dicas úteis:

Nutrição – O desenvolvimento corporal do bovino exige bom pasto, que por sua vez requer solo fértil. No Brasil, a maioria dos solos necessita de calagem e correção para fósforo. Já o pasto exige manejo eficiente, respeitando-se altura de corte, tempo de descanso e resíduo mínimo após o pastejo. Em caso de degradação, a solução é reformar ou recuperar os pastos. Descaso na alimentação é significado de prejuízo. E atenção para a nutrição adequada para os períodos das águas e da seca.

Suplementação – Em conjunto com a boa pastagem, a suplementação mineral é indispensável para aumentar os índices produtivos do rebanho. Na Fazenda Mariópolis (Itapira, SP) utilizamos complexos orgânicos de liberação controlada fornecidos pelo Programa Boi Verde, da Tortuga. Em nossa última estação de monta registramos média de 97% de taxa de prenhez e nossos tourinhos ganharam em média 1,059 kg/dia durante teste de performance de 120 dias. Procure sempre uma empresa que ofereça um programa de suplementação confiável.

Melhoramento genético – A realização de um teste de performance identifica os animais que realmente estão respondendo ao investimento por meio de suas DEPs (diferenças esperadas na progênie). Quanto mais positiva for a avaliação para os critérios desejados maior será a renda do produtor.

Reprodução – Vale salientar aqui que para ter sucesso na reprodução de bezerros é regra determinar uma estação de monta. O período mais aconselhável é de novembro a fevereiro, época de maior fertilidade das vacas. Além disso, há também as opções de inseminação artificial, transferência de embriões e fertilização in vitro, para quem puder investir um pouco mais e conseqüentemente lucrar mais.

Controle sanitário – Nenhum mercado vai comprar boi com aftosa, brucelose ou qualquer outra doença. Então, muita atenção no calendário profilático estabelecido pelo Ministério da Agricultura. Lembre-se, o alimento do boi é o capim; portanto, nada de cama de frango ou farinha animal na dieta. O mal da “Vaca Louca” é um perigo iminente.

Rastreabilidade – A rastreabilidade é um caminho sem volta e os pecuaristas não devem perder tempo. Alguns frigoríficos já estão pagando cerca de R$ 1,00 e R$ 2,00 pela arroba do boi rastreado. Mas, ganhar mercado não é o único benefício. Os ganhos na gestão da propriedade são inúmeros, como o maior controle do rebanho e da produção. Rastreamos o gado desde 2001 na Fazenda Mariópolis.

Produtividade – Para finalizar, uma observação pessoal em uma década de investimentos na pecuária: quem não conseguir terminar o animal com menos de 24/30 meses de idade está perdendo dinheiro.

Estar atento às mudanças do mercado, às novas tecnologias, ter boa assistência técnica e saber lucrar com os avanços. Conhecimento é a chave para o sucesso da pecuária e investir em informação é focar o lucro. Aliás, o momento é oportuno, já que o Brasil tornou-se o maior fornecedor de proteína vermelha do mundo.

* Maria Lúcia Abreu Pereira é proprietária da Fazenda Mariópolis (Itapira, SP), que seleciona gado Caracu, Bonsmara e Senepol

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