Atualmente, é inegável a importância do plantio direto como sistema de produção para a agricultura brasileira. A cada ano ocorre um considerável aumento em áreas e também ampliação do uso desta técnica para outras culturas como essências florestais, olerícolas e frutas.
A produção de grãos ainda é o carro chefe na adoção e desenvolvimento do sistema do plantio direto, o que pode ser comprovado pela aceitação dos produtores, sendo consolidada como técnica usual ha vários anos em regiões produtoras do país. Embora nestas áreas de ocorrência da inovação tecnológica seja constante não e difícil encontrar lavouras mal conduzidas, com altos custos e sendo causando impacto ao ambiente.
O principal entrave para a adoção do sistema de plantio direto nos cerrados é o mito da necessidade de revolvimento do solo por implementos pesados como subsoladores, grades e arados. Estes implementos são utilizados em procedimentos de destruição de soqueiras e preparo de solo. A produção de matéria seca e principalmente sua permanência sobre o solo é a maior dificuldade a ser superada. Atualmente, o milheto é a espécie mais utilizada para a formação de palhada nos cerrados, porem é possível a adoção de outras espécies de coberturas que também produzam boa quantidade de matéria seca e diminuam os impactos do alto fluxo de maquinas e implementos utilizados durante todo o ciclo das culturas em campo. A espécie que apresenta maior potencial é a Braquiária. A integração lavoura pecuária pode ser uma técnica nova importante.
Portanto, o plantio direto se expandiu no Rio Grande do Sul e Paraná e rumou para os cerrados do Brasil central, chegando aos lavrados de Roraima. Neste ecossistema diferenciado dentro da Amazônia, onde já se cultiva o arroz irrigado em áreas de várzeas com sucesso ha mais de 20 anos, com alta tecnologia, o que vem fazendo de Roraima um exportador de arroz. A partir de 2000 a Embrapa adota o plantio direto de soja e milho em áreas experimentais.
A maior dificuldade para a adoção do sistema de plantio direto nas condições edafoclimaticas de Roraima é a adaptação de espécies de cobertura que produzam matéria seca em quantidade, capazes de passar o período seco vegetando ou protegendo o solo de forma a permitir o cultivo subseqüente sem a necessidade de revolver o solo.
Alguns estudos para a instalação de cultivos de soja diretamente sobre o capim nativo, que vegeta nos campos, têm apresentado bons resultados permitindo produtividades próximas de 35 sacas no primeiro ano. Esta forma de cultivo saiu dos portões da Embrapa para ocupar áreas de produtores, principalmente aquelas que apresentam certo declive maior. Outros produtores estão adotando o milheto como espécie de cobertura verde em plantio antecipando ao da safra da soja e mesmo após a colheita da lavoura como forma de obter maior produção de matéria seca na lavoura propiciando proteção ao solo.
A equipe de pesquisa na cultura da soja em Roraima, alem de procurar constantemente por cultivares mais adaptadas e produtivas e do desenvolvimento de cultivares através de um programa de melhoramento alicerçado pela Embrapa Soja, com objetivo de compor o rol de opções para o cultivo da soja nos cerrados de Roraima acompanha o crescimento dos cultivos dentro das porteiras das fazendas. Desta conduta tem propiciado bons e melhores resultados a cada ciclo de produção.
Alguns desafios para o sistema de produção de soja em Roraima já estão bem encaminhados, outros ainda em fase de avaliações e outros mais em inicio de desenvolvimento. Contudo, temos a certeza de que o destino dos cultivos anuais segue para o estabelecimento em plantio direto. Em algumas situações já desde o primeiro ano de cultivo noutras somente após um ou dois anos de cultivo convencional ambos no entanto só serão econômicos após a correção da fertilidade do solo.
Além da produção de grãos visualiza-se, com enorme potencial, a integração lavoura pecuária, a piscicultura, a pecuária de pequeno porte e a silvicultura, podendo gerar um pólo de produção agroindustrial, com tecnologia avançada, para atender demandas de produtos de alta qualidade. Os cerrados do Estado, entretanto, apresentam baixa fertilidade natural do solo e um período seco anual de 6 a 7 meses, exigindo o uso de tecnologia de ponta para se obter altas produtividades com sustentabilidade ambiental. Sem o emprego dessa tecnologia, o uso desses cerrados é inviável e, sua contribuição se restringe há acumulação de massa seca para as queimadas amplamente noticiadas nos veículos de comunicação nacionais todos os anos.
Roraima tem um grande potencial para a produção de grãos. Para transformar esse potencial em produção efetiva e sustentável devemos ter alternativa de espécies para a cobertura e proteção do solo, além da adição de matéria orgânica no sistema.
O desenvolvimento de pesquisas com espécies forrageiras (braquiárias, coloniões, estilosantes, guandú) introduzidos no cultivo do milho e da soja, em momentos distintos do ciclo gerará informações sobre as respostas e as possibilidades de alguns deles poderem ser utilizados em nível de lavoura comercial.