Este mercado informal representa produtos colocados no mercado sem tratamento térmico como também daqueles que são informais por sonegação fiscal. Além disso, estas mesmas condições proporcionam a sonegação de impostos, com visível perda de arrecadação de recursos nas diversas esferas administrativas governamentais, como também causam desequilíbrio nas condições de concorrência no mercado.
Na realização da inclusão dos produtores de leite informal ao mercado formal, tivemos muitos casos de sucesso, para citar alguns exemplos: Alfenas MG e Camapuã MS. Onde foram envolvidos no projeto o governo municipal, estadual, industria e principalmente as entidades do setor lácteo. A Láctea Brasil esteve presente e têm muito contribuído também neste aspecto com o Programa BEBER LEITE È SUPER LEGAL, o qual conta com mais de 305.000 crianças do ensino fundamental, num potencial de 18 milhões de crianças.
Temos muito ainda a fazer, pois como mostra resultados de pesquisas onde o leite informal na última década cresceu 159%. Este crescimento deve-se a alta valorização do produto dada pelos consumidores, como preço baixo e outras facilidades agregadas, onde pelos trabalhos de pesquisas realizados que há fidelidade ao produto informal, e que isto é decidido por opção, pela falta de conhecimento das qualidades dos outros tipos de leite. Sendo então uma questão cultural, o caminho a seguir, as decisões a serem tomadas para mudar esta realidade passam necessariamente na mudança de hábito, que é uma questão de educação no produto leite, aliada a outras de conscientização e informação ao consumidor, na valorização do produto LEITE e derivados lácteos. Esclarecer o consumidor sobre os benefícios do consumo de lácteos de qualidade gera ganhos para toda a cadeia Láctea.
Junto com a ação de Marketing Institucional e combate ao leite informal, também devemos trabalhar na unidade e convergência de todos os elos da cadeia produtiva do setor lácteo nacional de forma a estimular a pecuária de leite nacional, onde entidades representantes do setor, reunidas no 3( Congresso Internacional do Leite elegeram algumas sugestões: inclusão do leite nos programas governamentais, garantir o efetivo funcionamento dos instrumentos de apoio à comercialização leite e derivados, manter medidas antidumping, elevar o imposto de importação de leite em pó, queijos e soros para 35% e implementar um Programa de retenção de Matrizes Bovinas.
Neste ano foi positivo, pois houve uma redução substancial no déficit da balança comercial de lácteos, que é reflexo da adoção de medidas de defesa comercial pelo Brasil. É unanimidade no setor que a grande parte da solução dos problemas do setor lácteo nacional esta na capacitação do produtor, que é um grande desafio, e a aplicação da portaria 56, que modifica a regulamentação do mercado leiteiro nacional e estipula a criação de um programa de melhoria da qualidade do leite produzido no país. Segundo o texto da portaria 56, serão criados novos padrões de qualidade para o leite, envolvendo principalmente os métodos de resfriamento pós-coleta. Quanto mais tempo leva para o leite ser resfriado, maior é a proliferação de bactérias, onde o padrão oficial passará a ser de no mínimo 40 mil bactérias por mililitro de leite (Leite Tipo C pode conter até 150 mil bactérias por ml).
O consumo de leite e derivados lácteos no Brasil são incipientes e abaixo da recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) e com enorme potencial de incremento de mercado. O desafio do segmento lácteo para 2004 é o de revolucionar a qualidade do leite produzido, onde todos ganham: produtor, indústria e consumidor.
- José Roberto Begoso é membro da Láctea Brasil