Pecuária

Produtividade o ano inteiro

Embora reconheçam que estão diante de um grande desafio, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, acreditam que até 2006 possam indicar aos produtores da Amazônia variedades de açaizeiros que tenham uma concentrada no primeiro semestre – o chamado açaizeiro temporão. Desta forma, estariam reduzindo os problemas que a população local enfrenta quando chega a entressafra – entre os mais significativos estão a elevação do preço do produto, que ode aumentar em até a 500% se comparado á época de safra. O pesquisador João Tomé de Farias Neto, especialista em melhoramento de fruteiras da Embrapa Amazônia Oriental (Belém-PA), explica que até a década de 80 a produção de frutos de açaí provinha quase que exclusivamente do extrativismo. A partir de 90 ela passou a incluir frutos originários de açaizais nativos manejados e de cultivos realizados em áreas de várzea e de terra firme. Estima-se que hoje, 80% da produção é oriunda do extrativismo, ou seja, coletada em populações naturais e o restante proveniente de açaizais nativos, submetidos a manejo e de áreas cultivadas, completa o técnico da Embrapa de Belém.

O crescente interesse por essa fruteira nativa da Amazônia, que cientificamente é conhecida por/Euterpe oleracea/ Mart, ainda segundo João Tomé, deve-se á conquista do açaí em outros mercados, outras regiões. A venda de polpa de açaí congelada, que segue para outros Estados brasileiros, tem aumentado significativamente com taxas anuais superiores a 30%. O pesquisador informa que são aproximadamente 10.000 toneladas que deixam o Pará rumo ao mercado inteiro brasileiro e mais 1.000 toneladas que seguem para outros países na forma mix.

É essa exportação o motivo principal da escassez do produto e da elevação dos preços, ao consumidor local em grande parte do ano, principalmente no período de entressafra que acontece de janeiro a julho Exatamente o que a pesquisa está tentando corrigir a partir do açaí temporão. E a constatação científica que a espécie é alógama, ou seja, originária de cruzamento entre plantas e que apresenta uma ampla área de ocorrência, mostra, por outro lado, que há uma grande variação de tipos de açaizeiros com características diferentes entre si, como precocidade (início da produção), rendimento de suco, produtividade de polpa, época de produção etc. Um bom exemplo da diversidade são os vários tipos: açaí roxo ou preto, açaí branco, açaí-açú, açaí-espada, açaí -sangue-de-boi que o caboclo amazônico conhece tão bem.

As pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Amazônia Oriental com apoio da Jica (Agência de Cooperação Internacional do Japão), governo do Estado do Paraná, através do Funtec e Albras, buscam selecionar plantas que tenham a produção concentrada no primeiro semestre. As coletas de materiais genético (sementes) em regiões cujas plantas apresentam produção de frutos somente no primeiro semestre, com pico de produção de frutos nos meses de março – maio, já foram realizadas e vários plantios de avaliação foram implantados. Estão sendo acompanhados experimentos instalados nos municípios de Tomé-Açu, Santa Maria do Pará, Castanhal, Breves, Igarapé-Mirim, Abaetetuba e Barrcarena. Uns em terra firme com irrigação, outros em terra firme sem irrigação e ainda em área de várzea.

João Tomé, pesquisador que coordena a pesquisa, acredita que dentro de três anos as pesquisas em andamento possam indicar se de fato as variedades que têm se mostrando produtivas na entressafra podem ser recomendadas aos agricultores. Uma boa que todos esperam aos agricultores. Uma boa nova que todos esperam para minimizar o sofrimento dos paraenses na entressafra do açaí.

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