Pecuária

Produção de leite cresce, mas ritmo pode diminuir

Por Juliana Pila / Scot Consultoria – A pesquisa trimestral do leite, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao segundo trimestre do ano, foi publicada no dia 12 de setembro. No levantamento foram considerados os volumes de leite adquiridos pelos laticínios com algum tipo de inspeção sanitária (municipal, estadual e/ou federal).

De abril a junho foram captados 5,8 bilhões de litros de leite, uma queda de 5,8% em relação ao primeiro trimestre, no entanto, houve aumento de 6,9% em relação a igual período do ano passado.

No primeiro semestre de 2019 o volume ficou maior em todo o período na comparação mês a mês com 2018 e cresceu 5% no acumulado deste ano.

Lembrando que a greve dos caminhoneiros em maio de 2018 afetou a produção no país. Além disso, a melhoria da margem para o produtor, com a queda nos custos de produção e o clima favorável comparativamente com o ano passado também pesaram neste aumento da produção em 2019, até então.

Na temporada atual, o preço pago ao produtor começou a trajetória de alta no pagamento de janeiro, referente ao leite entregue em dezembro de 2018. Com o pico de produção no final do ano passado, a menor oferta e o aumento da concorrência pela matéria-prima (leite cru) deram sustentação aos preços.

No entanto, o cenário de dificuldade do escoamento dos lácteos na ponta final da cadeia, com uma oferta de leite
maior este ano e uma demanda interna patinando resultou em dificuldade de evolução das cotações dos lácteos no atacado, o que fez as margens das indústrias se estreitarem.

Este cenário refletiu em uma menor valorização nos preços pagos aos produtores no primeiro semestre, inclusive antecipando a virada da curva de preços.

Este ano, considerando a média nacional apurada pela Scot Consultoria, a valorização foi de 12,1% entre janeiro e junho, frente aos 20,8% na entressafra passada e 15,5% de alta, em média, nas últimas cinco temporadas.

O preço ao produtor caiu nos dois últimos pagamentos (julho e agosto). Esta queda de receita somada a necessidade de o produtor suplementar o rebanho, em função da falta de chuvas em importantes bacias leiteiras e situação ruim das pastagens, voltou a estreitar a margem da atividade, o que poderá gerar incrementos menores na produção de leite em curto e médio prazos.

De junho a agosto a produção subiu 3,2%, em 2018, em igual período do ano passado a captação crescera 5,3%. Mesmo com a produção aumentando, os incrementos têm sido menores comparativamente com 2018, o que tem dado sustentação aos preços ao produtor. Segundo dados parciais da Scot Consultoria, boa parte das indústrias está segurando os preços do pagamento de setembro, a fim de manter a produção.

Para o pagamento de outubro (produção de setembro) o movimento de baixa deverá ganhar força, já com as pastagens em melhor qualidade e aumentos expressivos na oferta de leite no Brasil Central e região Sudeste.

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