Pecuária

Nutrição – o alimento que o pasto não dá

Os principais zootécnicos de consultoria pecuária apontam que pelo menos metade do rebanho brasileiro não recebe nenhum tipo de suplementação mineral. Porém é consenso no meio científico de que a preocupação com a mineralização dos bovinos por parte dos pecuaristas vem crescendo de forma acentuada nos últimos anos.

De acordo com o zootecnista do departamento de pesquisa da Tortuga Marcos Baruselli, na região do Brasil Central onde a paisagem de cerrado predomina o nível de suplementação dos rebanhos já atinge mais de 60%. “A tecnologia de suplementação mineral é uma prática zootécnica que veio para ficar e que essa técnica atualmente está mais difundida entre os grandes criadores que as utilizam para potencializar seus resultados, porém o pequeno produtor também vem despertando para essa necessidade”.

Baruselli conta ainda que foi realizada a pouco tempo uma pesquisa dentro do estado de São Paulo que mostrava que 87% das propriedades rurais tinha nas suas instalações o cocho para suplementação Mineral. Isso é muito significativo, pois essa amostragem reafirma que os pequenos e médios produtores estão abrindo as portas da fazenda para novas tecnologias. “Os ganhos que o criador pode obter com a utilização da suplementação mineral na dieta dos bovinos é outro ponto que segundo o pesquisador da Tortuga chama a atenção.“Para cada 1 real investido em mineralização o retorno que o pecuarista tem com aceleração do processo de produção e o aumento dos índices de produtividade propicia um retorno de até 5 reais”, conclui.

Durante a fase de cria quando a conversão alimentar é ainda maior o retorno que a mineralização proporciona atinge a níveis ainda mais significativos. Isso ocorre porque o bezerro precisa comer menos para ganhar o mesmo volume de peso. Na fase da recria o ganho está na diminuição do tempo de formação do animal, ou seja, precocidade de acabamento e reprodução. No período de engorda ou acabamento do animal, seja no sistema de confinamento ou no sistema brasileiro de criação a pasto que atualmente abrange mais de 90% do rebanho o ganho é substancial, explica o técnico.

O Dr. Fernando Carvalho consultor da Matsuda suplementação mineral conta que para um animal garantir sua sobrevivência ele precisa de uma dieta composta por água, energia, proteínas minerais, gorduras, vitaminas e fibras. “De cada 100 quilos de peso vivo o animal possui 4% de minerais, destes 2% é Cálcio e fósforo, nutrientes essenciais na formação da estrutura do animal”, Além desses existem uma série de outros macro e micro nutrientes que tem que fazer parte da dieta do animal, pois atuam diretamente no seu desempenho diário. “O cobre, selênio e o zinco, por exemplo, agem no sistema imunológico do animal, oferecendo maior capacidade de resistência contra agressões externas”, explica.

Para Giampaolo Buso consultor da Minerthal Saúde Animal o alimento principal da dieta do boi é o pasto, devendo o suplemento mineral ser utilizado apenas para repor eventuais deficiências de mineral características das pastagens tropicais e do solo brasileiro. “O suplemento mineral não faz milagre, sem um sistema de pastagem que ofereça ao animal forragens de qualidade e em quantidade suficiente suplemento nenhum vai garantir bom desempenho para o animal. A suplementação por minerais significa 1% do consumo dos animais, ocorrendo em dietas em condições especiais o suplemento proteinado representa 3% em média. Nas dietas de semi-confinamento quando a utilização de rações a base de grãos esse percentual pode representar entre 5 e 10% dependendo da categoria do animal e do sistema utilizado”, explica.

O bovino seja ele de corte ou de leite precisa ser suplemento já a partir da fase de lactação, pois assim o criador consegue aproveitar todo o potencial genético que o animal carrega consigo. Nesta fase da vida o bezerro tem um organismo muito parecido com o de outras espécies e, como sua alimentação é composta basicamente de aleitamento materno ele ainda é considerado um animal monográstrico. A utilização da suplementação a base de “Creep Feeding” logo nos primeiros meses de vida é importante, pois estimula o desenvolvimento da flora ruminal fortalecendo o organismo do animal. Durante está fase que costuma durar entre o nascimento e o terceiro mês de vida o criador deve aumentar a dose do suplemento gradativamente, explica o técnico.

Lauriston Bertelli Fernandes, diretor Técnico da Premix Saúde Animal, ratifica a importância do pecuarista ter uma visão empresarial do seu negócio, pois pode lhe garantir vantagens comerciais bastante significativas. A maior rotatividade de animais na propriedade causado pela diminuição do ciclo de produção é uma dessas vantagens. “Esse composto é oferecido ao bezerro com intuito de diminuir eventuais estresses causados pela falta de leite materno, pois o animal é afastado da mãe após os primeiros meses de vida do animal. E além disso é obrigado a se costumar com uma dieta de pastos que nem sempre conseguem suprir suas necessidades de nutrientes diárias numa fase ainda de adaptação. Após o animal completar o quarto mês de vida o suplemento é oferecido de forma definitiva visando aumentar o peso do animal à desmama conta Fernandes que ainda diz que a utilização de Creep Feeding aumenta o peso do animal entre 15 e 25% na desmama, o que significa maior conversão em carne garantindo a média de produtividade na fazenda. Esses ganhos correm no caso dos machos com a diminuição do tempo de abate até 1 ano e, para as fêmeas acelera o desenvolvimento reprodutivo proporcionando uma prenhes muito mais precoce”, explica.

Outro benefício de usar a suplementação com creep é diminuição da carga de extração de nutrientes do bezerro sobre a mãe que pode com isso recuperar-se em menos tempo e com isso voltar a emprenhar. Porém o consultor técnico da Minerthal faz um alerta para os cuidados que o criador deve ter na utilização correta do Crrep Feeding para garantir a eficiência do produto. Fatores relacionados ao manejo como a arrumação dos cochos na altura certa para os bezerros. O tamanho de cada cocho para que haja uma distribuição homogênea do suplemento entre todos os animais.

Após o sétimo mês de vida é importante oferecer ao animal uma suplementação protéica de desmama rica em fósforo, cobre, zinco e proteínas. De acordo com o consultor técnico da Matsuda Saúde Animal essa fase normalmente o animal tem fartura de pastagem, pois é período das águas e as forrageiras estão em pleno potencial produtivo. Porém em condições específicas essas pastagens tropicais não conseguem suprir toda a necessidade de proteínas dos animais imprescindível à musculatura do animal é alimentado basicamente a pasto de branquiárias e recebem apenas um reforço de proteína e sal mineral convenciona. Após o primeiro ano de vida quando os animais começam a desenvolver seu potencial reprodutivo os animais machos e fêmeas precisam receber suplementação em doses e composições específicas. Os machos precisam receber uma maior concentração de energia pois existe a necessidade de se formar gordura. Já com as fêmeas a dieta deve ser bastante balanceada com maior acumulo de proteína e minerais que vão auxiliar no processo de produção de leite e na própria formação do bezerro. Carvalho explica que durante a gestação a vaca absorve uma quantidade grande de proteínas e sais minerais podendo chegar em algumas situações a consumo de até 3 kg, durante os 9 ½ meses de prenhes. “Nos primeiros meses da gestação a vaca precisa ganhar peso, portanto, ela acumula o máximo de gordura possível, para após o sexto mês utilizar essa energia no crescimento do bezerro. Após o sexto mês o bezerro praticamente dobra de peso chegando a ganhar no último mês uma média de ½ quilo por dia”.

Na fase de engorda dos animais escolha do sistema de suplementação utilizado pelo pecuarista depende do direcionamento que cada pecuarista pretende dar ao seu rebanho. No processo normal de terminação que inicia-se a partir dos 18 meses os animais são alimentados a pasto e usando suplementação mineral convencional, sendo no período de seca nas pastagens necessários a utilização de um pouco de silagem de milho, trigo pela alta concentração de energia que esses grãos carregam na sua composição”, conclui. Nos sistemas de semi-confinamento e confinamento para produção de bovinos precoces a alimentação do animal é realizada a base de silagem de volumosos com grãos e complementos nutricionais que garante alta concentração de energia animal.

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