Para efeito comparativo, a segunda colocação, ocupada por estados como Roraima, Paraná e Mato Grosso, apresenta produtividade de 3.00 Kg/ha. Apesar da pouca expressividade da área plantada, o Estado detém ainda outro título: o Cone Sul é a região que mais produz grãos.
A confirmação foi revelada pelo IBGE com último levantamento da Produção agrícola, realizado também em abril e base para a projeção da safra agrícola nacional 2002/2003, estimada para quebrar no recorde, com 115,2 milhões de toneladas. Em Rondônia, o mês de março se sobressaiu revelando recordes na produção de grãos: mais de 448 mil toneladas no mesmo período do ano passado.
O Cone Sul é composto por sete municípios (Vilhema, Cabaxi,Cerejeiras, Chupinguaia e Pimenteiras d’Oeste) e é responsável por mais de 57% da produção estadual de grãos: 257.688 toneladas (dados de abril 2003-Conab). No cultivo da soja,por exemplo, Vilhema, município a 720 quilômetros de Porto Velho, é responsável em produtividade por uma média de até 3.120 Kg/ha, ou seja, acima dos melhores índices internacionais, na faixa dos 2.600 Kg/ha. O potencial produtivo é tão elevado que os números são verificados no cultivo de apenas 40 mil dos 700 mil hectares aptos para o plantio da cultura na região. “Inserida numa região de cerrado onde novas áreas estão sendo incorporadas ao cultivo, Vilhema apresenta enorme potencial na produção e este diferencial ainda pode ser mais explorado”, apresenta o pesquisador Vicente de Paulo Campos Godinho, da Embrapa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A empresa de pesquisa mantém no município um Campo Experimental responsável pelo desenvolvimento de materiais mais produtivos e geneticamente mais resistentes.A região é reconhecida pela degradação provocada pela exploração da pecuária de corte.”A maioria dos produtores está partindo para as culturas anuais”, explica Godinho. Empresas como “Amaggi” e “Cargill” já se instalaram, montando unidades de recebimento do grão. A produção é escoada pela BR 364 até o porto graneleiro de Porto Velho, seguindo para Santarém (PA) e Itacoatiara (AM). Desses dois destinos, a soja de Rondônia é embarcada em navios para Europa, Estados Unidos e Ásia.
Novas variedades
A Embrapa tem uma responsabilidade reconhecida nos recordes de produção. A soja é uma cultura natural de latitudes elevadas. A planta foi introduzida a partir de melhoramentos genéticos- em uma região localizada no paralelo 12 de latitude. A Unidade da Embrapa localizada em Londrina (PR) desenvolveu em 1999 três variedades recomendadas para as condições climáticas e de relevo de Rondônia: BRS Aurora, BRS Pirarara e BRS Seleta, encontradas no Campo Experimental de Vilhema. Segundo o pesquisador Vicente de Paulo Campos Godinho, as variedades- semi-tardias e tardias com adaptação à região- já possuem sementes disponíveis.
Na contra mão das conquistas em pesquisa e desenvolvimento, o pesquisador da Embrapa Rondônia revelou que foi detectado o primeiro foco de ferrugem asiática na soja de Vilhema no final do último mês. A doença é causada por um fungo Phakopsora pathyrhizi e provoca a desfolha precoce da planta, prejudicando sensivelmente a produtividade da lavoura. No norte do Mato Grosso, a incidência foi muito alta em algumas propriedades e pesquisadores temem o avanço da doença. A ferrugem asiática chegou ao Brasil na safra do último ano. Nesta safra, a doença foi inicialmente detectada por especialistas da Embrapa em lavouras de Itapeva (SP), Júlio Castilho (RS) e Costa Rica (MS). Segundo pesquisadores, a doença aparece em qualquer fase de desenvolvimento da planta, sendo mais comum após a floração e em épocas de chuvas. A orientação é a aplicação de fungicidas nas lavouras contaminadas e o constante acompanhamento das plantações.