Por Natalia Telles* – A preocupação do homem com o bem-estar teve início no século IV a.C. quando Aristóteles conceituou a dor como uma paixão da alma. Em 1809, foi criado na Inglaterra o primeiro órgão contra a crueldade em animais e desde então a sociedade vem buscando o equilíbrio entre produção e o bem-estar animal. Atualmente, o tema tornou-se parte do cotidiano, haja vista, o aumento da procura por produtos orgânicos, ovos provenientes de galinhas livres de gaiolas, leite de vaca a pasto, etc.
Após a Segunda Guerra Mundial, com crescente demanda populacional e consequente necessidade de produzir alimentos, entre 1965 e 1979, foram estabelecidas as “Cinco Liberdades” de: fome e de sede; de medo e de ansiedade; de desconforto; de sofrimento, dor e doença e a liberdade para expressar seu comportamento natural. Entretanto, essas são diretrizes gerais que avaliam o coletivo e não levam em conta a moderna equideocultura que vivemos.
Em 2017, o neozelandês, David J. Mellor, determinou que a avaliação do bem-estar em cavalos deve ser dada pelos chamados “5 Domínios”: comportamento; experiências mentais; nutrição; ambiente e saúde. Esses “5 Domínios” produzem mais influência sobre o sistema produtivo dos animais do que as “5 liberdades”, pois indicam caminhos práticos e positivos para as boas práticas de bem-estar animal.
Uma adaptação do trabalho de Mellor, realizada pelo Professor Hélio Manso da UFRPE (Universidade Federal Rural do Pernambuco) em parceria com a ABRAVEQ (Associação Brasileira de Veterinários de Equídeos), em 2018 classificou em “Domínios funcionais e físicos” (como o primeiro: nutrição e hidratação; em segundo: ambiência; terceiro: saúde e bem-estar; quarto: comportamento) e “Domínios de experiências afetivas” (quinto: estado mental).
Porém, a avaliação do ponto de vista dos “5 Domínios” engloba somente o coletivo. E no cenário atual onde há inúmeras provas equestres com cavalos de alto desempenho o trabalho desenvolvido pela UFRPE e ABRAVEQ considerou a apreciação individual. A determinação do bem-estar no cavalo acontece por meio de uma pontuação e observa os seguintes pontos: escore corporal, ferimentos, dor ou claudicação, frequência cardíaca em repouso e 30 minutos após o exercício, neutrófilos, anemia e creatinaquinase.
Entidades de classe como o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) incorporou na Resolução 1236/2018 que indicadores nutricionais ambientais, comportamentais e de saúde devem ser considerados quando se pretende julgar se as práticas de bem-estar estão sendo respeitadas. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que rege pelas associações de raça no Brasil, sob Decreto nº 9.975 de 2019 é a instância superior para avaliar os protocolos de bem-estar animal elaboradas pelas entidades promotoras de competições.
Sendo assim, a busca pelo conforto dos animais é almejada pelos amantes do cavalo e daqueles que o tem por hobby aos que vivem da atividade. A discussão sobre bem-estar deve ser no campo técnico e com bases científicas, considerando a importância cultural e econômica do setor.
Pela paixão, respeito e “Valor à vida”, a Guabi trouxe o “Programa de bem-estar animal” que proporciona benefícios como melhora no desempenho atlético e no estado de saúde geral do plantel, na prevenção de riscos e doenças, no aumento da eficiência nutricional e no fortalecimento do segmento.
Natalia Telles é Médica Veterinária e assistente técnica de equinos da Guabi Nutrição e Saúde Animal