Mais de um quinto da área plantada em nível global das lavouras de soja, milho, algodão e canola são agora de produtos da biotecnologia. Isso significa que cerca de 6 milhões de agricultores em 16 países optaram por plantar lavouras de produtos da biotecnologia no ano passado em contraste com os 5 milhões de agricultores em 13 países em 2001.
Mais de três quartos destes agricultores eram fazendeiros com poucos recursos em países em desenvolvimento.
“Esta elevada taxa de adoção representa um forte voto de confiança nas lavouras de produtos da biotecnologia e reflete a necessidade, e ao mesmo a satisfação, dos agricultores com a tecnologia”, afirmou Dr. Clive James, fundador e executivo-chefe do ISAAA. “Em muitos casos, os agricultores estão percebendo que a biotecnologia oferece a única solução viável para a proteção das lavouras contra pestes que são economicamente devastadoras”.
Enquanto o algodão aprimorado com a biotecnologia manteve sua área plantada global de 6,8 milhões de hectares, a área plantada de milho aprimorado pela biotecnologia experimentou um crescimento de 27%, alcançando 12,4 milhões de hectares. Por sua vez, a área plantada da canola aprimorada pela biotecnologia cresceu 11%, alcançando 3 milhões de hectares. A produção de soja aprimorada pela biotecnologia cresceu 10%, atingindo 36,5 milhões de hectares, excedendo pela primeira vez em mais de 50% a área plantada de soja em nível global.
A Argentina continua a ser um dos líderes no cultivo de lavouras de produtos da biotecnologia. A área plantada de produtos da biotecnologia no país aumentou 14% em 2001, atingindo 13,5 milhões de hectares. Os Estados Unidos, Canadá e China são os outros principais produtores de lavouras de produtos da biotecnologia, mas outros países da América Latina começam a seguir esta tendência.
A Colômbia aprovou, pela primeira vez, a plantação de cerca de 2.000 hectares de algodão aprimorado pela biotecnologia em fase pré-comercial. A aprovação plena é esperada para este ano. Honduras se tornou o primeiro país na America Central a cultivar uma lavoura aprimorada pela biotecnologia, com uma área de algodão aprimorado pela biotecnologia pré-comercial. O Uruguai cultivou uma pequena área de soja aprimorada pela biotecnologia em 2002, enquanto que no México foram plantados soja e algodão aprimorados pela biotecnologia. Pela primeira vez, mais da metade da população mundial vive em países onde foram aprovados o uso e o cultivo de produtos aprimorados pela biotecnologia.
Crescimento acelerado
“A biotecnologia continua a ser uma das tecnologias mais rapidamente adotadas em toda a história da agricultura devido aos benefícios sociais e econômicos que as lavouras podem oferecer aos agricultores e à sociedade, particularmente para os 5 milhões de agricultores desprovidos de recursos nos países em desenvolvimento”, afirmou o Dr. Clive James. “As lavouras de produtos da biotecnologia podem alterar significativamente a vida destes agricultores, limitando o tempo que eles devem gastar no campo e ajudando-os a combater a pobreza”.
O relatório sugere que os agricultores da América Latina estão à procura destes benefícios. Na Argentina, a produção de soja resistente a herbicida aumentou em 10%. No México, os criadores de algodão aprimorado pela biotecnologia são capazes de produzir uma lavoura de maior qualidade ao mesmo tempo em que reduzem significativamente o uso de inseticida.
“A fibra de algodão aprimorado pela biotecnologia é seguramente maior do que a convencional devido a um melhor mecanismo de controle de insetos, como o verme cor-de-rosa”, disse Ramon Cinco Castro, criador de algodão aprimorado pela biotecnologia de Mexicali Valley. Segundo ele, agora há condições de se reduzir o uso de pesticidas em 90%.
O estudo relata descobertas similares, indicando que o algodão aprimorado pela biotecnologia é capaz de sozinho eliminar um total estimado de 33 mil toneladas de inseticida em nível global, o que representa 40% do uso mundial de inseticida.
O relatório faz projeções de um crescimento continuado das lavouras de produtos da biotecnologia em nível global, bem como no número de agricultores que irão utilizar a tecnologia. Espera-se que os novos produtos de algodão e milho aprimorados pela biotecnologia sejam comercializados dentro dos próximos anos. Também se espera um crescimento mais acentuado da presença dos produtos da biotecnologia em todo o mundo. O relatório prevê que por volta do ano de 2005 o valor de mercado em nível global das lavouras de produtos da biotecnologia alcance US$ 5 bilhões, contra os US$ 4,25 milhões no ano de 2002 e US$ 3,8 bilhões no ano de 2001.